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Problemas climáticos sustentam preço do trigo

A combinação entre inundações na Austrália e frio intenso e clima seco em regiões produtoras dos EUA fez com que as cotações do trigo "ignorassem" a queda de seus grãos "parceiros" – soja e milho – e fechassem o primeiro pregão de 2011 em alta nas bolsas americanas. Os efeitos do clima na disponibilidade de trigo ainda são desconhecidos pelo mercado, mas o que se antevê é um cenário de encolhimento dos estoques, que até então pareciam elevados.

Os contratos do cereal com vencimento em maio encerraram o dia valendo US$ 8,3050 na bolsa de Chicago, valorização de 9,75 centavos de dólar. Em Kansas, o mesmo vencimento fechou o pregão a US$ 8,7175 o bushel, alta de 12,25 centavos de dólar.

Élcio Bento, analista da Safras & Mercado, diz que as intempéries climáticas podem afetar a oferta do cereal tanto no ciclo 2009/10 como no 2010/11, que aguarda a entrada da produção americana.

No início de dezembro – antes das inundações na Austrália e do frio nos Estados Unidos -, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) projetou um pequeno aumento nos estoques mundiais do cereal em 2010/11 em relação ao que estimou em novembro – mas ainda manteve uma redução da ordem de 10% na comparação com a safra anterior.

Além da preocupação em relação à quantidade, o mercado também olha para a futura disponibilidade de cereal de qualidade, diz o especialista da Safras & Mercado. Ele lembra que a Austrália é o terceiro maior exportador de trigo do mundo e está neste momento na fase de embarques do cereal.

Segundo relatos da Bloomberg, no Estado de Queensland, importante produtor australiano, as águas atingem uma área do tamanho de França e Alemanha e afetam estradas. Nos Estados Unidos, as temperaturas, que já estão frias, podem descer de zero para 12 graus negativos, de acordo com previsões da QT Weather, em Chicago, informadas pela Bloomberg.

Também puxados por adversidades climáticas na Rússia, os preços do trigo em 2010 subiram 47%, segundo a Bloomberg. Apesar das altas internacionais em 2010 e desse início de 2011, o mercado de trigo no Brasil segue travado. Parte dessa apatia deve-se à combinação entre o aumento da oferta do cereal no Mercosul e o real valorizado, um atrativo aos importadores do Brasil.

Por outro lado, as cotações do Mercosul continuam firmes e com espaço para subir mais ao Brasil, principal comprador de trigo do bloco. De acordo com a Safras & Mercado, se o Brasil for importar dos Estados Unidos ainda paga por tonelada US$ 99 a mais do que se comprasse trigo argentino, por exemplo.

Fonte: Valor Econômico – 04/01/2011
 

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