Internacionalmente, os preços dos produtos lácteos caíram um pouco com relação a seu pico em abril, mas ainda permanecem em níveis elevados, substancialmente acima do ano anterior. O principal fator que contribuiu com isso foi a oferta limitada de produtos para exportação, de acordo com a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação ( FAO).
O Índice de Preços dos Lácteos da FAO ficou, em 252 pontos em outubro, 25% superior que no mesmo mês de 2011. Para as principais commodities lácteas, a mudança entre os mesmos períodos foram: leite em pó integral (LPI), aumento de US$ 1.153 por tonelada ou 44%; leite em pó desnatado (LPD), aumento de US$ 906 por tonelada ou 26%; manteiga, aumento de US$ 1.166 por tonelada ou 32%; queijo cheddar, aumento de US$ 500 por tonelada ou 13%.
Com o Índice atualmente em torno da marca de 250, à medida que a Nova Zelândia se recupera do fechamento brusco da temporada anterior, os preços dos lácteos deverão cair – em particular, para LPI e LPD, que foram os mais afetados pelo aumento nos meses iniciais do ano.
Esse evento ilustra a extensão pela qual o mercado internacional está exposto a mudanças repentinas na produção de leite e na disponibilidade de produtos lácteos, em particular, à medida que os estoques publicamente financiados estão em níveis mínimos na União Europeia (UE) e nos Estados Unidos e quase inexistentes em outros locais.
Produção
A produção mundial de leite em 2013 deverá crescer em 1,9%, para 780 milhões de toneladas – uma taxa similar à dos últimos anos. A Ásia deverá ser responsável pela maioria do aumento, com a produção na Índia, maior produtor mundial de leite, devendo crescer em 5,3 milhões de toneladas, para 141 milhões de toneladas.
O aumento da renda disponível e o crescimento populacional são as duas principais dinâmicas por trás do aumento na produção da Índia. A expansão do tamanho do rebanho, bem como a melhora na produtividade, é uma parte importante da expansão. Uma maior produção também foi prevista na China, Paquistão e Turquia, impulsionada pelo firme crescimento na demanda dos consumidores. A Coreia está se recuperando lentamente do surto de febre aftosa de 2011, que exigiu o abate de 8% de seu rebanho leiteiro e levou a uma queda correspondente na produção.
Na África, um aumento moderado na produção de leite foi previsto para 2013, assistido por condições climáticas favoráveis de forma geral. A expansão na produção deverá ocorrer na Argélia, Marrocos e Uganda, onde as políticas governamentais em suporte ao desenvolvimento do setor de lácteos e a expansão da capacidade de processamento contribuíram com o aumento.
Para a África Oriental, as chuvas adequadas nessa estação impulsionaram o crescimento de pastagens. Para o Quênia, os focos de febre aftosa nas regiões central e do norte do país tiveram um impacto negativo na produção. Na África do Sul, uma seca prolongada pode resultar na queda da produção.
As maiores rendas e a firme demanda regional e internacional favoreceram o crescimento da produção de lácteos em vários países da América Latina e do Caribe. Além disso, a maioria dos países da América do Sul tiveram boas condições de pastagens durante 2013. A produção sub-regional e geral deverá expandir em 2,9% em 2013, uma taxa similar à de 2012, para 70 milhões de toneladas. Os ganhos foram previstos para Brasil, Chile, Colômbia, Equador, Paraguai e Uruguai.
A previsão positiva geral tem estimulado investimentos em nova tecnologia e melhoramento genético animal. Na Argentina, a produção deverá cair por causa da queda na demanda doméstica e nas limitações às exortações. Para a América Central, a produção de leite no México, maior produtor, está limitada por condições crônicas de seca em muitas partes do país, levando à redução do rebanho e retirada de vários produtores de pequena escala da indústria. A produção na Costa Rica deverá mostrar um aumento moderado.
Na América do Norte, a produção de leite nos Estados Unidos deverá aumentar em somente 0,9%, para 91,6 milhões de toneladas. A produção está se recuperando das condições de seca de 2012 e começo de 2013. A produção no Canadá deverá permanecer estável, em 8,5 milhões de toneladas, dentro dos limites determinados pelo sistema de cotas de produção de leite.
Na Europa, a produção de leite deverá permanecer sem mudanças em 2013, em 156 milhões de toneladas, após um lento começo do ano devido ao clima excepcionalmente frio e úmido, a produção se recuperou. De acordo com dados do censo de 2013 da UE, o número de bovinos leiteiros aumentou pela primeira vez em muitos anos. Nos últimos meses, os produtores da UE se beneficiaram do aumento nos preços do leite e de uma queda nos custos dos alimentos concentrados.
A produção de leite em 2013 na Rússia deverá cair um pouco, à medida que sua oferta de alimentos animais foi limitada durante a primeira parte do ano, afetando a lucratividade e levando à contração do rebanho leiteiro. Na vizinha Ucrânia, a produção está com uma tendência de alta, assistida por incentivos do governo que promove a eficiência em nível de fazenda e o uso de tecnologias modernas.
Na Oceania, os preços altos sustentados dos produtos lácteos no mercado internacional e os níveis associados de lucratividade vêm estimulando o setor leiteiro. Entretanto, tanto Austrália como Nova Zelândia tiveram um clima quente e seco prolongado no começo de 2013, levando a uma queda na produção de leite. Na Nova Zelândia, até janeiro, a produção para a estação de 2012/13 ficou 6% à frente da produção da estação anterior, que foi um recorde, mas caiu em seguida, terminando 1,3% menor, em 19,5 milhões de toneladas.
As chuvas abundantes em abril ajudaram as pastagens a se recuperar – depois disso a nova estação começou bem e, em setembro, estava 6% acima da produção de 2012/13. Na Austrália, a estação de 2012/13 foi 3% menor, para 9,2 milhões de toneladas, afetada pelos menores preços do leite, condições climáticas desfavoráveis, altos custos e ofertas limitadas dos alimentos animais. Para a estação atual, embora os preços do leite tenham melhorado, o clima frio na maior parte do país limitou a produção. Dessa forma, a produção de 2013/14 deverá permanecer sem mudanças com relação à estação anterior.
Comércio
O comércio de produtos lácteos deverá declinar em 0,9%, para 53 milhões de toneladas em leite equivalente. Isso se compara a um crescimento médio de 7% nos quatro anos anteriores. Os dois principais exportadores, Nova Zelândia e UE, que juntos são responsáveis por 55% do comércio mundial, e também Austrália, deverão ver quedas nas vendas. Até certo grau, isso deverá ser compensado pelo crescimento nas exportações dos Estados Unidos, Índia e Bielorrússia.
Em 2013, é esperada uma demanda adicional da China, Irã, Cingapura e Paquistão. Em outros locais na Ásia, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Indonésia, Japão, Filipinas, Malásia, Vietnã e Tailândia continuam sendo mercados importantes, mas o nível de suas importações pode não mudar muito e, em alguns casos, poderia cair. Os preços internacionais elevados deverão reduzir as importações pela África como um todo. Os principais importadores que poderão ser afetados incluem Argélia, Nigéria, Líbia, Marrocos e África do Sul.
Uma série de países significantes na importação de leite em pó na América Latina e Caribe, incluindo Venezuela, Cuba, Colômbia, Brasil e Peru, poderão também ver suas compras reduzidas pelos altos preços. Finalmente, as importações pela Rússia deverão aumentar, estimuladas pela forte demanda por manteiga e leite em pó desnatado.
As informações são da FAO, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.
AgriPoint
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