Sistema FAEP

Preservar a natureza custa R$ 20 bilhões por ano aos produtores rurais

Estudo da Embrapa Territorial aponta esse valor apenas para conservar Áreas de Preservação Permanente e Reserva Legal. Patrimônio imobilizado chega a R$ 3,1 trilhões

A preservação ambiental em propriedades rurais tem um custo de R$ 20 bilhões ao ano. É o que aponta um estudo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Territorial, com base nos números do Cadastro Ambiental Rural (CAR). Esse é o valor investido apenas na manutenção dessas áreas. Se for considerado o capital imobilizado, ou seja, o total de áreas que não podem ser exploradas economicamente porque estão com vegetação, o montante chega aos R$ 3,1 trilhões. Afinal, são 218,2 milhões de hectares em Áreas de Preservação Permanente (APPs) e Reservas Legais em todo o território nacional dentro de propriedades rurais.

Baixar áudio.

De acordo com o pesquisador Gustavo Spadotti Castro, supervisor na Embrapa Territorial, o estudo utilizou os dados do CAR, disponibilizado pelo Serviço Florestal Brasileiro. Os números tratam dos perímetros de cada propriedade rural e a demarcação das áreas destinadas à preservação. “Foram mais de 180 gigabytes de dados compactados para transformar esse big data em um right data, que possa gerar conclusões como esses números”, comenta.

Spadotti revela que os técnicos trabalharam polígono por polígono onde estão as propriedades rurais, já excluindo as áreas de sobreposição que ocorreram ao longo do preenchimento do CAR. “Com isso, fizemos o cruzamento desse levantamento com a base de dados de preço da terra para cada local do Brasil. Fizemos isso tomando por base o fato de que o agricultor compra uma propriedade rural como um todo, com suas áreas de APP e Reserva Legal. Por isso, essas áreas preservadas chegam a esse valor de R$ 3,1 trilhões”, aponta.

O pesquisador pondera que, além do valor patrimonial que não pode ser explorado economicamente, o agricultor precisa tomar uma série de medidas para que uma área de preservação ambiental cumpra esse papel. “O produtor precisa cercar o local como um todo para evitar a entrada de ladrões ou mesmo alguém que pode atear fogo. Se alguém roubar madeira, atear fogo, matar algum animal lá dentro ou qualquer coisa do tipo, o produtor será responsabilizado. Em alguns casos é preciso inclusive a contratação de vigilância constante para fazer a segurança das propriedades e evitar problemas”, complementa.

A produtora rural Indianara Milléo, de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, compartilha a preocupação entre as decisões que precisam ser tomadas no ambiente dinâmico e competitivo do agronegócio atual. A região onde a produtora tem seus negócios instalados é bastante frequentada por turistas, que em alguns casos acampam trazendo risco de incêndios. “Tenho que manter alguém o tempo todo para cuidar da área. Sem contar que tive que fazer aceiros [barreiras anti-incêndio] e investir em cercas. Há uma necessidade de alerta e investimento constante. Preservar o meio ambiente não é apenas deixar o mato crescer e tudo acontecer de forma espontânea”, alerta a produtora.

Leia a matéria completa aqui.

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

Comentar

Boletim no Rádio

Boletim no Rádio