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Prejuízo em emergência sanitária com javalis pode chegar a R$ 50 bilhões

Estudo alerta para a necessidade de se promover medidas de controle da população do animal invasor

Um possível problema sanitário na população de javalis relacionado à febre aftosa ou à peste suína clássica seria catastrófico para a criação comercial de animais no Brasil. O estudo realizado pela Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima que, em uma situação hipotética de que o vírus de uma dessas doenças atinja a população de javalis, os prejuízos partiriam de R$ 3 bilhões, com potencial para atingir R$ 50 bilhões. Para se ter ideia, esta quantia representa mais do que todo o valor bruto agropecuário paranaense com a agricultura em 2017 – R$ 41,9 bilhões.

“A ideia desse estudo partiu da necessidade de entendermos qual seria o impacto se uma doença atingisse os javalis e, posteriormente, fosse introduzida nos nossos rebanhos comerciais. Projetando casos de peste suína clássica ou febre aftosa nos suínos asselvajados na região Sul [Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul], só aí já se começa a ter perdas a partir dos R$ 3 bilhões”, alerta Ana Ligia Lenat, zootecnista da CNA, que ressalta o fato da população de javalis estar espalhada por todo o Brasil.

Em um contexto em que a população de javalis espalhasse vírus para outros lugares do país, a conta fica ainda maior, segundo a pesquisadora. “Os javalis são suscetíveis a diversas doenças que podem ser espalhadas para outros animais de interesse comercial. Então, isso não é restrito à suinocultura. Às vezes, pela semelhança dos animais, as pessoas fazem essa relação, que na verdade não existe. Se a gente considerar a hora que um surto se espalhasse pelo Brasil e atingisse outros rebanhos, como o bovino, esse valor poderia passar dos R$ 50 bilhões”, ratifica Ana.

O controle dos javalis que circulam pelo país, segundo Ana, é a única forma de se promover uma redução dos prejuízos que podem ser causados pela espécie invasora. “Hoje
não se fala nem em erradicação, porque o rebanho é tão grande e tão espalhado que a gente não consegue mais. Mas é crucial haver um controle dessas populações para que não corram o risco de contaminar os nossos animais de criação comercial e também não destruam as lavouras”, lembra.

Conhecer a espécie Mauro de Moura Britto, do Instituto Ambiental do Paraná (IAP), ressalta a necessidade de se fazer estudos específicos de análise dos animais que circulam em cada região para pensar em ações de controle mais efetivas. “Esse animal que está se ambientando ao nosso sistema não é mais o javali como aqueles primeiros que apareceram vindos da Europa. Essa mistura sucessiva com animais domésticos gerou um javali muito maior, que chega a 400 quilos e que precisa ser melhor estudado para conhecermos alguma vulnerabilidade dele. Na erradicação, particularmente, não acredito mais. Temos que trabalhar no controle”, confirma.

Exército

No Brasil, o controle do javali é realizado pelos manejadores da espécie, que fazem o abate dos animais seguindo procedimentos rigorosos e constantemente fiscalizados
pelas autoridades competentes. Primeiro, é necessária uma inscrição no Cadastro Técnico Federal (CTF) e emitir um certificado. Então, o interessado precisa de uma autorização de manejo no Sistema de Monitoramento de Fauna (Simaf). Para poder utilizar arma de fogo, um registro junto ao Exército é requisito (confira um passo a passo no site do Ibama: www.ibama.gov.br/javali#passo-a-passo).

Leia a matéria completa no Boletim Informativo.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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