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Preço do milho pode cair com redução nas exportações

milho1_1O mercado de milho sinaliza uma queda nos preços do grão até setembro, impulsionada pelo avanço na colheita da segunda safra – que acontece a partir de maio nos maiores estados produtores – e pela redução no ritmo de exportações. A avaliação é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea).

De acordo com o oitavo levantamento da safra 2013/2014 de grãos, divulgado neste mês pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção total do milho na segunda safra deve chegar a 43,738 milhões de toneladas, superando a produção da primeira safra, que ficou em milhões de toneladas 31,452. Na soma das duas safras, a oferta do Brasil deve ser de 75,2 milhões de toneladas da cultura.

O consumo interno deve ficar em 53,82 milhões de toneladas e a Conab já estima que as exportações possam chegar a 21 milhões de toneladas. Caso se confirme, os estoques finais em janeiro de 2015 ficariam em 9,5 milhões de toneladas. O levantamento ainda mostra que em abril deste ano foram exportados 562,4 mil toneladas de milho, contra 608,75 mil toneladas do mesmo período de 2013. Esta redução nos níveis de venda internacional se mantém desde janeiro de 2014.

“Neste cenário, a relação entre estoque e consumo chegaria a 18%, um dos menores níveis nos últimos anos. Isto poderia segurar o patamar dos preços e impedir uma queda. Por outro lado, a diminuição na oferta desencadeia uma desaceleração nas negociações de comércio exterior, fator que pressiona os preços negociados no mercado futuro. A indústria consumidora também aposta na baixa, visto que estamos na entrada da colheita para a segunda safra”, explica o pesquisador do Cepea, Lucílio Alves.

No mercado externo, a possível recuperação do cultivo norte-americano, sinalizada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), pode ser mais um fator de pressão nas cotações a curto e médio prazo. Entretanto, especula-se que a redução nos níveis de exportação de milho dos EUA – para atenderem a demanda interna – e da Ucrânia – em função das tensões políticas – poderiam abrir uma lacuna para as vendas internacionais da América Latina, sobretudo do Brasil e Argentina.

“Em suma, há fatores de alta e de baixa, mas na prática os preços vão depender do ritmo de exportação”, diz o pesquisador.

Produção

Pelo terceiro ano consecutivo, a produção da segunda safra supera a primeira em torno de 10 milhões de toneladas. Porém, estima-se que a “safrinha” 2013/2014 tenha 3,19 milhões de toneladas a menos do que em 2012/2013.

“O excesso de chuvas no início do ano fez com que adiássemos um pouco o plantio. Agora estamos passando por uma seca que deve prejudicar essas lavouras que foram plantadas mais tarde. Aqui nós já esperamos uma quebra entre 15% e 20% em comparação aos últimos doze meses”, conta o produtor da região de Sorriso, no Mato Grosso, Júnior Ferla.

O agricultor, que possui 1000 hectares de milho plantado, diz que na última safra sua produtividade ficou em torno de 95 sacas por hectare. “Neste ano, dificilmente chegará a 80 sacas por hectare”, enfatiza.

Sobre a possibilidade de El Niño no segundo semestre, a analista de mercado da FCStone, Ana Luiza Lodi, afirma que um maior índice de chuvas em um período sazonalmente seco, como agora, poderia ser favorável para a produção do grão. “Agora tudo depende dos ciclos de chuva nas regiões”, completa.

Fonte: DCI

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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