As abelhas nativas, sem ferrão ou meliponídeos desempenham um trabalho fundamental na manutenção da biodiversidade por meio da polinização. Para protegê-las, o governo do Paraná lançou, em 2022, o Poliniza Paraná, que incentiva a boa convivência com a população urbana e possibilita renda aos produtores rurais.
A iniciativa é uma linha de ação do programa “Paraná Mais Verde”, que prevê a instalação de meliponários (caixas de abelhas sem ferrão) em parques, praças e unidades de conservação em todo Estado. A proposta foi inspirada no projeto Jardins do Mel, da Prefeitura de Curitiba, que inseriu meliponários em espaços públicos da capital paranaense.
“Além de uma ferramenta de educação ambiental, essa proposta também estimula a meliponicultura como atividade econômica, principalmente entre agricultores familiares em regiões de baixo IDH [Índice de Desenvolvimento Humano]”, explica o assessor técnico da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (Sedest), Vinicius Maggioni.
Parceiro da iniciativa, o Sistema FAEP é responsável pela capacitação dos gestores do Poliniza Paraná nos municípios participantes. Além disso, a entidade colabora para ampliar o alcance das ações de educação ambiental do projeto, divulgando materiais referentes às abelhas sem ferrão por meio do Programa Agrinho.
“O Sistema FAEP possui expertise na área de meliponicultura e coloca esse conhecimento à disposição dessa iniciativa, para alavancar uma atividade que pode ser uma nova fonte de renda na propriedade rural. Sem falar da proteção das abelhas nativas, que desempenham um papel importante na produção agrícola.
Ágide Eduardo Meneguette, presidente interino do Sistema FAEP
A capacitação dos servidores aborda aspectos da criação de abelhas sem ferrão, como biologia, ecologia e etapas práticas para instalação e manejo dos meliponários. “Com a capacitação do Sistema FAEP, esses gestores podem cuidar das abelhas, fazendo com que o Poliniza seja sustentável ao longo do tempo”, explica a técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP, Helen Raksa.
O programa
O Poliniza Paraná trabalha com sete diferentes espécies de abelhas nativas: Mandaçaia, Mirim, Manduri, Tubuna, Iraí, Jataí e Guaraipo, esta última ameaçada de extinção. “A escolha da espécie se discute junto com os meliponicultores para identificar as mais adaptadas. A Guaraipo, criada em Curitiba, por exemplo, não se adapta na região Noroeste porque não aguentaria o calor”, explica Maggioni.
A primeira formação de servidores realizada pelo Sistema FAEP aconteceu no primeiro semestre deste ano, com profissionais das secretarias estaduais da Justiça e Cidadania, da Agricultura e do Abastecimento e da Administração e Previdência, do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), do Ministério Público do Paraná e do Instituto Água e Terra (IAT). As aulas aconteceram nos fundos do Palácio Iguaçu, onde já existem meliponários instalados.
Alcance
Até o momento, a área de abrangência do Poliniza Paraná envolve 40 municípios em todas as regiões do Estado e 10 Unidades de Conservação. Como um dos objetivos do programa é a geração de renda nas propriedades rurais, as regiões com baixo IDH foram as primeiras a participar do programa.
“Depois do treinamento sobre como conduzir os meliponários, existe a possibilidade de um curso de gestão básica do Sistema FAEP. Com a cadeia de produção organizada, o Sebrae/PR entra em campo para ajudar na comercialização dos produtos”, adianta Maggioni.
Por meio do programa “Vocações Regionais Sustentáveis do Paraná”, desenvolvido pela Invest Paraná, o Estado mapeou as principais atividades econômicas em cada região, com vistas a apoiar pequenos produtores e valorizar a bioeconomia regional. O Vale do Ribeira é primeira região a ser trabalhada do ponto de vista comercial. “Nessa região estamos trabalhando com cooperativas e criando marcas coletivas para comercialização”, destaca o gestor do Poliniza Paraná.
40
municípios e 10 Unidades de Conservação estão envolvidos nesta primeira etapa do Programa Poliniza Paraná
Projeto inspirado na carta de alunos do Programa Agrinho
O programa Poliniza Paraná começou com um pedido de ajuda. Em uma carta destinada à Secretaria Estadual de Desenvolvimento Sustentável (Sedest), alunos do 3º ano da escola Castro Alves, no município de São João, no Sudoeste, pediam que o Estado fiscalizasse o uso de agroquímicos, que estariam matando as abelhas na região, gerando um problema ambiental. Afinal, as abelhas realizam a polinização, fundamental para a reprodução das plantas.
Na ocasião da carta, os jovens estavam inspirados pelo programa Agrinho, do Sistema FAEP, que fomenta uma proposta pedagógica junto às escolas públicas, particulares e de ensino especial do Estado. A preocupação com as abelhas nasceu com o projeto “Um doce que vem do campo”, no qual os estudantes desenvolveram diversas ações junto à comunidade local com intenção de proteger esses polinizadores.
A carta chegou à Sedest no momento de uma ação voltada à preservação do meio ambiente intitulada “Paraná Mais Verde”. Sensibilizados, os responsáveis decidiram encampar a proposta. “Na época havia acontecido uma mortandade de abelhas na região por ação de agroquímicos. Então decidimos trabalhar nesta vertente também”, destaca o assessor técnico da Sedest, Vinicius Maggioni.
Cartilha reforça importância das abelhas no meio rural
Outra iniciativa do Sistema FAEP para apoiar o Poliniza Paraná é a cartilha “Tecendo conexões: abelhas e sustentabilidade”, voltada ao material didático do Programa Agrinho. Por meio da parceria com a Sedest, a publicação aborda a importância das abelhas sem ferrão (meliponídeos) na manutenção da biodiversidade.
No material, os personagens do Programa Agrinho explicam aos alunos qual o papel das abelhas nativas na polinização das plantas e, consequentemente, na produção de alimentos.
A cartilha é encaminhada às escolas que participam do Agrinho. O material é gratuito e está disponível nas versões impressa e digital, no site do Sistema FAEP.
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