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Plantio de soja em MT e no PR deve começar em ritmo lento

No Paraná, a maior parte dos polos está enfrentando muita umidade esta semana

A ansiedade que costuma dominar os sojicultores brasileiros às vésperas do início do plantio mais uma vez tende a se prolongar para além do “sinal verde” oficial nos dois principais Estados produtores do país. Em Mato Grosso e no Paraná, a semeadura da safra 2015/16 estará liberada a partir de 15 de setembro, quando termina o vazio sanitário, período estabelecido pelo governo em que a terra tem de ficar em repouso para evitar pragas.

Em Mato Grosso, o problema deverá ser provocado pela falta de chuvas, ao passo que no Paraná a preocupação é justamente com o excesso de precipitações. Os sinais disponíveis indicam que os atrasos não serão tão grandes quando os do ano passado, quando uma estiagem reduziu drasticamente o ritmo de plantio da safra 2014/15 em setembro e outubro. Mesmo assim, deverá ser o suficiente para gerar especulações sobre o tamanho da colheita nacional – que, conforme as previsões atuais, baterá um novo recorde.

No Paraná, a maior parte dos polos está enfrentando muita umidade esta semana. Em Maringá, os associados da Cocamar, mais importante cooperativa agrícola da região, aguardam uma trégua das chuvas para terminar a dessecação das lavouras, que envolve o uso de herbicidas para o controle de plantas invasoras com o objetivo de “limpar” o terreno para receber a soja. “Normalmente, os produtores fazem duas aplicações. A maioria já fez uma, mas a segunda deverá ficar para o fim da semana que vem, quando a chuva parar”, diz Rafael Furlanetto, coordenador técnico da Cocamar.

Mesmo o plantio de milho de verão na área de atuação da cooperativa, que já deveria ter começado, está atrasado devido ao clima desfavorável. Mas a área prevista para o cereal é de apenas 12 mil hectares, ante os 723 mil previstos para soja, 7% mais que em 2014/15. No Paraná como um todo, a expectativa da Secretaria da Agricultura do Estado é de crescimento de 2,3% da área da oleaginosa, para 5,2 milhões de hectares.

Em Primavera do Leste, um dos principais “celeiros” mato-grossenses, o temor gerado pela seca em 2014 se repete, mas as perspectivas são menos sombrias. O produtor Jorge Inacio Schuster diz que há 60 dias não chove no município, mas precipitações são esperadas a partir do dia 20. “Se plantamos no dia 10 de setembro, a soja começa a germinar no dia 15, dentro do prazo do vazio. Mas, com a seca, teremos que esperar no mínimo até o dia 25 ou 30 para começar a plantar”, afirma.

Apesar dos riscos provocados pelo desrespeito ao período de vazio sanitário – como, por exemplo, abrir espaço para a proliferação do fungo da ferrugem asiática (uma das principais pragas da soja) – tornou-se comum nos últimos anos uma temerária antecipação do plantio, de forma a agilizar a posterior semeadura de milho safrinha dentro de uma boa janela climática. “Sempre queremos adiantar um pouco o plantio da safrinha, feito na sequência da colheita da soja. E poucos dias já fazem diferença”, afirma Schuster.

Em Lucas do Rio Verde, também em Mato Grosso, a expectativa é que as chuvas voltem até 20 de setembro, de acordo com Carlos Alberto Simon, presidente do sindicato rural do município. Entretanto, diz ele, os mapas meteorológicos indicam que as precipitações deverão se firmar só em novembro. “Claro que isso atrapalha, mas vamos nos ajeitando. Aqui é mais fácil perder [a safra] por excesso de chuva do que por falta”.

O Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea) estima uma colheita de 29,07 milhões de toneladas de soja em 2015/16 no Estado, 3,5% mais que em 2014/15, o que corrobora as expectativas de que a produção brasileira do grão poderá superar pela primeira vez a marca de 100 milhões de toneladas.

Ainda segundo Simon, os produtores da região já adquiriram praticamente todo o volume de insumos necessário para o novo ciclo, mas a preocupação com os custos persiste, mesmo com boa parte da safra já vendida – quase 30% até agosto, nas contas do Imea. Com o dólar forte encarecendo fertilizantes e defensivos, já que grande parte das respectivas demandas domésticas é atendida por produtos importados, o agricultor crê que ficará “sobre o fio da navalha”. “Meu custo ficará acima de 50 sacas por hectare, e estimo minha produtividade entre 55 e 60 sacas”.

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