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Planalto cria grupo de trabalho para tentar evitar apagão logístico

O governo pode adotar medidas emergenciais para garantir o escoamento da safra recorde de grãos prevista para este ano. Os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, e dos Transportes, Paulo Sérgio Passos, se reuniram ontem para discutir a criação de um grupo de trabalho que vai avaliar os entraves logísticos que já foram registrados nas primeiras semanas de embarque de grãos nos portos brasileiros. Representantes do setor produtivo estão céticos em relação ao movimento.

"O governo cria toda semana um novo grupo de trabalho para resolver velhos problemas", afirmou o presidente da Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil), Glauber Silveira. No início do mês, o governo federal criou um comitê interministerial para tratar da administração dos estoques públicos de alimentos, a fim de evitar a repetição dos problemas de logística e de abastecimento enfrentados no ano passado.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) prevê que a safra de grãos este ano será de 183 milhões de toneladas. Somente as exportações do complexo soja devem superar a marca de 45 milhões de toneladas. O início do embarque desses produtos já causou problemas nas principais vias de entrada dos portos.

Segundo assessores do Ministério da Agricultura, as primeiras informações sobre o novo grupo de trabalho, que contará também com a participação da Casa Civil, serão anunciadas na quinta-feira. Além das questões emergenciais para evitar o "apagão logístico", o grupo vai discutir o plano nacional de logística que está sendo elaborado pelo Ministério dos Transportes para os próximos dez anos.

Frete. Silveira, da Aprosoja Brasil, observa que nesta época do ano, no início do escoamento da safra, as tradings sofrem mais com os entraves logísticos para levar a mercadoria até os portos. Ele diz que o produtor paga a conta e cita como exemplo o frete rodoviário na rota Sorriso (MT) a Paranaguá (PR) que passou de R$ 220, no ano passado, para R$ 290 neste ano. "No caso do adubo, as indústrias cobram a mais US$ 40 por tonelada, para cobrir as despesas com pagamento de multas pela demora no desembarque das matérias-primas nos portos."

O consultor da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Luiz Antonio Fayet, lembrou que a integração entre os diversos órgãos do governo para tratar do problema do escoamento da safra é uma das reivindicações da câmara temática de logística ligada ao Ministério da Agricultura. Segundo ele, existem medidas que não exigem grandes investimentos, mas podem acelerar o processo nos portos, como adequar o horário de funcionamento dos diversos órgãos públicos, como Defesa Agropecuária, Polícia Federal, Anvisa e Receita Federal.

Fayet lembra que o embarque de soja e milho não pode ser feito em dias de chuva e neblina, por isso os embarcadores têm que aproveitar os dias em que o clima está favorável, mas muitas vezes esbarram em guichês fechados.

Estadão

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