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Pesquisadores mapeiam genes do Eucalipto

Em parceria com pesquisadores dos EUA e da África do Sul, Embrapa lidera trabalho que irá melhorar adaptabilidade e produtividade da madeira

A revista Nature, uma das mais importantes publicações mundiais na área científica, publica na sua edição de 19 de junho uma conquista fantástica liderada por cientistas brasileiros. Em parceria com pesquisadores da África do Sul e dos Estados Unidos, a Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia completou o sequenciamento do genoma do eucalipto, uma das espécies florestais mais importantes para a economia brasileira.

Além de ser uma árvore de rápido crescimento, o eucalipto se adapta aos mais diferentes ambientes, o que faz dele uma excelente espécie para as indústrias de madeira, energia e celulose. Estima-se que a área plantada com eucalipto em todo o planeta seja de 20 milhões de hectares, sendo 5 milhões de hectares no Brasil.

O projeto EUCAGEN (Eucalyptus Genome Network) teve início em 2008 e envolveu mais de 80 cientistas e 30 instituições de pesquisa de nove países. Além da Embrapa, no Brasil houve participação de cinco universidades: Universidade Católica de Brasília, Universidade de Brasília, Universidade Federal de Viçosa, Universidade Federal do Rio de Janeiro e Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Ao longo da pesquisa, foram analisados o genoma de 640 milhões de pares de base de eucalipto. O Brasil teve importante papel na idealização e condução do processo. De acordo com a Embrapa, a árvore cujo genoma passou a representar o chamado “genoma de referência” do projeto, é da espécie Eucalyptus grandis, o eucalipto tropical mais plantado no Brasil. Esta árvore, batizada BRASUZ1, foi desenvolvida pelo programa de melhoramento genético da empresa Suzano, e selecionada pelos membros do projeto por possuir propriedades genéticas únicas que facilitaram o trabalho de bioinformática na montagem e interpretação do genoma.

O sequenciamento do genoma do eucalipto identificou 36 mil genes – quase o dobro do número de genes dos seres humanos. “O genoma do eucalipto representa um verdadeiro manual de instruções para todos os projetos que visam compreender a base genética do seu rápido crescimento e sua inigualável capacidade de adaptação aos mais variados ambientes”, avalia Dario Grattapaglia, cientista da Embrapa que liderou o projeto.

Segundo ele, entender a base molecular da plasticidade do eucalipto é hoje um elemento chave para a sustentabilidade da indústria de base florestal frente às mudanças climáticas que tendem a aumentar a incidência de secas, geadas e grandes flutuações de temperatura.

“Diferentemente do que se pensava até alguns anos atrás, descobrimos que não são apenas algumas dezenas ou mesmo centenas de genes individuais que controlam o crescimento e adaptabilidade do eucalipto, mas sim milhares de genes e segmentos genômicos de função ainda desconhecida distribuídos por todo o genoma, operando em conjunto de forma integrada”, explica Grattapaglia. Se, por um lado, essa descoberta aumenta a complexidade da pesquisa de genômica funcional que vai ocorrer nos próximos anos, por outro lado, revela a ampla diversidade genética ainda disponível no eucalipto para o melhoramento de sua produtividade e qualidade da madeira.

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