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Paraná quer suspender leilão de trigo do governo

Responsáveis por 90% da produção nacional de trigo, Paraná e Rio Grande do Sul tentam suspender três leilões do governo federal que vão oferecer, na quarta-feira, 51,7 mil toneladas do cereal dos estoques públicos. Principal interessado na suspensão, o Paraná está na metade da colheita e alega estar sendo prejudicado pela concorrência do poder público, que travou a venda da produção.

"A realização de leilões em plena colheita é um absurdo. Os editais paralisam a comercialização. O comprador [indústria] vai sempre esperar a oportunidade de comprar do governo", protesta o presidente da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), João Paulo Koslovski.

5,2 milhões de toneladas de trigo devem ser produzidas nesta temporada. Esse volume deve atender a somente 45% da demanda interna. A redução da área plantada em 13% e as quebras climáticas em países exportadores estão elevando as cotações do cereal, que chegam a R$ 34 a saca, um terço a mais que há um ano.

Conforme a Ocepar, a maioria das cooperativas do Paraná "tirou o preço do trigo da pedra", ou seja, não está comprando do produtor cooperado. As cooperativas informam que tomaram a medida porque os moinhos suspenderam as compras.

No Rio Grande do Sul, a colheita deve começar nesta semana e os leilões também preocupam. "Queremos que sejam suspensos até que colheita termine, no fim de novembro. O que precisamos é que o governo facilite o acesso dos moinhos às linhas de crédito, para que o setor compre a produção interna sem interrupção", defende o presidente da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Rio Grande do Sul (Fecoagro), Rui Polidoro.

O Ministério da Agri­cultura, que determina a realização de leilões para venda dos estoques públicos em mãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), informou que deve explicar nos próximos dias por que os leilões estão sendo realizados agora.

O Sindicato da Indústria do Trigo (Sinditrigo) do Paraná nega que o setor esteja de portas fechadas esperando os leilões do governo. "Os moinhos iniciaram as compras e estão refazendo seus estoques, que estavam baixos devido à entressafra", disse o vice-presidente do Sinditrigo e diretor dos Moinhos Globo, Giancarlo Venturelli.

Das 51,7 mil toneladas a serem leiloadas, 50,7 mil são de estoques localizados no Rio Grande do Sul. Os demais lotes são de Mato Grosso do Sul e São Paulo. Técnico da Conab no Paraná e especialista no mercado de grãos, Eugênio Stefanelo relata que os leilões de quarta-feira afetam o mercado nesses três estados e também no Paraná. "Por aqui, suspendemos os leilões desde o início da colheita para facilitar a comercialização da produção, que deve ser a prioridade neste momento", relata. Parte da própria Conab é favorável à suspensão dos leilões.

Sem motivo

Os representantes dos triticultores paranaenses e gaúchos alegam que não há motivo para o governo vender trigo agora. Conforme dados da Conab, os estoques estão abaixo da média dos últimos anos, com 505 mil toneladas (volume que o mercado interno absorve em cerca de três semanas de consumo). Nesta época de 2011, o estoque público era de 836,6 mil toneladas e, em 2010, chegava a 1,2 milhão de toneladas. Não há levantamento exato dos estoques privados. O mercado cogita que os moinhos têm estoque para ao menos dois meses.

Gazeta do Povo

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