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Paraná produz 11 milhões de mudas florestais nativas para recuperar áreas

Mudas nativas podem ser usadas para restaurar áreas de preservação permanente e de reserva legal

O Paraná é o único estado do Brasil que produz mudas de espécies florestais nativas para entregar gratuitamente aos produtores e cidadãos interessados em recuperar a biodiversidade de suas áreas, ou apenas plantar espécies frutíferas no quintal. O Instituto Ambiental do Paraná (IAP) produziu nos últimos quatro anos 11 milhões de mudas nativas de mais de 100 espécies ameaçadas de extinção, atendendo a cerca de 22 mil produtores rurais. Estas mudas nativas reflorestaram 10 mil hectares de áreas.

Para produzir esta quantidade de mudas, o IAP mantém 20 viveiros e dois laboratórios de sementes. As mudas são fornecidas num mix completo de espécies florestais nativas adequadas às diferentes regiões do estado e ao tipo de área.

“Se você tem espaço, desde uma reserva legal, a um simples quintal para cultivar espécies nativas, o IAP oferece mudas de alta qualidade, que respeitam a condição de solo e clima de cada região paranaense, e ainda orienta quando e como devem ser plantadas para que as árvores se desenvolvam. Basta arrumar um espaço, plantar e cuidar”, diz o presidente do Instituto, Luiz Tarcísio Mossato Pinto.

Dedicação, cuidado e muita técnica são ingredientes necessários, além dos insumos certos, para transformar as cinco toneladas de sementes em mudas no ponto certo de plantio. O ciclo dessa produção começa de modo bem artesanal, com a colheita das sementes.

A tarefa é feita quase que exclusivamente pelas equipes de coletores de sementes que, no meio da mata, escalam árvores-mães (matrizes) para recolher os frutos das próximas gerações de espécies florestais nativas. Os coletores sempre deixam, no mínimo, 30% de sementes na árvore matriz, seja para alimentar a fauna ou para garantir a reprodução da planta. “Temos o cuidado de deixar alimento para os animais”, diz o coletor José Vieira de Deus.

As áreas de coleta precisam ser conservadas, seja em propriedades públicas ou particulares. Como o objetivo não é comercial, as plantas matrizes não precisam ser esteticamente perfeitas, mas saudáveis é um dos principais critérios.

“Cada espécie tem época e ponto certo de coleta. Em algumas árvores, os coletores precisam subir cerca de 30 metros para alcançar as sementes”, explica a bióloga Cecília de Oliveira Bastos, responsável pela produção florestal do IAP.

Tecnologia
Depois de coletadas as sementes, elas são levadas para beneficiamento nos dois laboratórios do IAP. Um em São José dos Pinhais e outro em Francisco Beltrão. Nesta etapa entra também o reforço da tecnologia.

Depois de limpas e selecionadas, os técnicos analisam o grau de pureza e de germinação das sementes, que seguem para armazenamento em câmara fria com temperatura controlada. As sementes são separadas por regiões bioclimáticas, ou seja, cada um dos 20 viveiros recebe as sementes de espécies naturais de suas áreas de abrangência.

Restauração obedece regiões bioclimáticas
A produção e entrega das mudas espécies nativas para a restauração são feitas de acordo com as regiões bioclimáticas do estado, ou seja, pelas características de solo e clima. As espécies recomendadas para a região Noroeste nem sempre serão as mesmas da região Sudoeste.

Porém, existem espécies que habitam o estado todo como aroeira- pimenteira. “Este cuidado na produção e destinação das mudas é justamente para não causar a descaracterização das florestas de cada ponto do estado e também para garantir que as mudas sobrevivam se e desenvolvam no campo”, explica Maria Cecilia de Oliveira Bastos, do IAP.

Na etapa do plantio, cada semente é colocada num tubete para germinar e crescer. Cada espécie tem um tempo certo pra ficar pronta para o plantio: imbuia e a peroba podem levar até um ano e meio. Outras já são mais rápidas, e em seis meses estão prontas.

O advogado Gustavo Athayde, de São José dos Pinhais, vai plantar na sua propriedade cerca de 200 pinheiros araucária. Junto com os pinheiros, Athayde recebeu do IAP um kit com diversas outras espécies que forma a floresta com araucária.
Antes, ele trazia mudas de araucária de outros estados para plantar na propriedade. “Só tenho a agradecer ao IAP por esse trabalho maravilhoso e essas mudas de alta qualidade. Vou fazer a minha parte que é o plantio e o cuidado”, afirma Athayde.

Legislação
Com a distribuição gratuita das mudas nativas, o Governo do Paraná sai à frente em relação ao atendimento e apoio aos produtores rurais que necessitam restaurar suas áreas de preservação permanente e de reserva legal. “Com a regularização ambiental das propriedades rurais previstas no Cadastro Ambiental Rural (CAR), a produção poderá crescer para atender a demanda dos produtores que precisarem recuperar suas áreas no Programa de Regularização Ambiental” disse a diretora de Desenvolvimento Florestal do IAP, Mariese Cargnin Muchailh.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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