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País precisa ampliar capacidade de armazenagem em 20%

De um lado, um Brasil com tecnologia no campo suficiente para bater recordes de produtividade safra após safra. Do outro, um País com uma deficiência na capacidade de armazenamento, falta de mão de obra especializada e logística onerosa e problemática para lidar com toda essa produção. Os desafios e as dificuldades do setor de pós-colheita começaram a ser expostos ontem durante o primeiro dia da VI Conferência de Pós-Colheita (VICBP2014) e VIII Simpósio Paranaense de Pós-Colheita de Grãos, que acontece em Maringá até amanhã. O evento reúne em torno de 800 profissionais ligados ao agronegócio, além da exposição de mais de 90 trabalhos acerca do tema e dezenas de expositores que atuam com novas tecnologias para o setor.

Sem dúvida, a grande preocupação está no potencial produtivo que não fecha com a capacidade dos armazéns. Dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) apontam que o País produziu 195,5 milhões de toneladas na safra 2013/14, com expectativa de ultrapassar esses valores na próxima temporada. Já a capacidade de armazenagem gira em torno de 148 milhões de toneladas em território nacional. Para suprir esse deficit, o Brasil precisa incrementar sua capacidade armazenadora em pelo menos 20%.

O presidente da Associação Brasileira de Pós-Colheita (Abrapos) e pesquisador da Embrapa Soja, Irineu Lorini, fez uma avaliação do setor com certa preocupação. Ele explicou que a região Sul do País está melhor estruturada, mas tem alguns problemas no Paraná, devido à distribuição dos silos. “O Sul do Estado, por exemplo, produz menos grãos e tem melhor capacidade armazenadora. Já no Oeste e Norte há metade das estruturas dos armazéns em comparação à produção”, exemplificou ele.

Devido a essa falta de estrutura e a velocidade com que o campo entrega a produção, o setor precisa passar as sacas rapidamente adiante, aumentando o custo do frete, já que não há espaço para armazenagem. “Precisamos de boas estruturas de armazenagem nas regiões de produção. Assim, é possível guardar o que foi colhido com tranquilidade, avaliar as estratégias, e ao longo do ano regular as exportações e o mercado interno”, explicou Lorini.

De forma geral, para que haja evolução nesse setor, tanto o produtor, o governo federal e o setor privado precisam investir em novas estruturas. “O Governo tem oferecido algumas linhas de crédito, mas a tomada dos recursos está sendo lenta e difícil, o que não se reverte em aumento de capacidade. Outro problema é que não basta ter estrutura, mas gente capacitada para trabalhar. Precisamos de um grande programa brasileiro fomentado pelas universidades e com apoio governamental para desenvolver esses profissionais”.

Com a falta de profissionais, a estratégia do setor de pós-colheita ? como em muitos casos do agronegócio ? é apostar na automatização das áreas de secagem, termometria, aeração, entre outros trabalhos. “Nosso grande problema hoje é a armazenagem. Precisamos acertar isso para que naturalmente a logística de transporte seja facilitada. Se a armazenagem está estruturada, ganhamos um fôlego e podemos diluir a distribuição dos grãos por todo o ano”, complementa.

A expectativa é que em 2022 a produção brasileira de grãos atinja a marca de 300 milhões de toneladas. “Precisamos urgentemente tomar posições políticas agora para que não soframos com a perda de qualidade dos nossos produtos no futuro”.

Fonte: Folha de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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