Em 25 anos de atividades voltadas à qualificação do setor produtivo paranaense, o SENAR-PR consolidou-se como referência em formação profissional e promoção social dos produtores e trabalhadores do campo. Para manter esta condição, por trás das centenas de cursos e dezenas de programas promovidos pela instituição, existe uma equipe dedicada a contribuir com a profissionalização, melhoria da qualidade de vida e o desenvolvimento sustentável do meio rural.
Um dos nomes responsáveis por este trabalho é a pedagoga e consultora do SENAR-PR, Patrícia Lupion Torres. Além de auxiliar na estruturação da metodologia aplicada às capacitações, Patrícia também é idealizadora e coordenadora do Agrinho, maior programa de responsabilidade social da instituição.
Leia a entrevista com a pedagoga e entenda sobre o processo formativo que rege a atuação do SENAR-PR no Estado.
BI – Como são desenvolvidos os cursos do SENAR-PR?
PLT – Primeiro, nós fazemos um levantamento da demanda do campo. Ou seja, vem do campo a necessidade de um curso, por meio dos produtores, empresas, às vezes há identificação de uma demanda por parte dos instrutores ou mesmo de um supervisor. Com esta demanda estabelecida, nós buscamos especialistas acerca do tema, que podem ser de qualquer lugar do Brasil. O SENAR-PR busca o melhor, quem é referência. A partir daí, com a contratação deste especialista, nós discutimos o planejamento de como será o curso a campo. Trabalhamos em conjunto para desenvolver o material para a formação do instrutor e para a construção do material do aluno nos planos do curso. Nós fazemos a validação do curso com os instrutores e depois a campo, com o público, com os produtores, utilizando uma versão preliminar do material. Com isso fechado, o curso entra no catálogo.
Como é o processo de formação de um instrutor?
Nós abrimos um edital de contratação e oferecemos uma formação, tanto técnica quanto pedagógica, para aqueles que vão trabalhar conosco como instrutores. Para todas as áreas, é exigido nível superior. No edital, são descritos os requisitos e o tipo de perfil que precisamos para aquele curso.
Às vezes, o perfil é mais amplo, por exemplo, um engenheiro agrônomo. Dependendo do curso, existem poucos especializados naquilo que queremos. Então o pré-requisito é que ele seja engenheiro agrônomo para que possamos, então, capacitá-lo e formá-lo para ser instrutor daquele curso. No final, o profissional passa por um processo de avaliação e, se aprovado, vai a campo.
Como lidar com as diferenças de experiência e formação entre alunos de uma mesma turma?
Com estratégia pedagógica. Por isso a importância de se trabalhar em grupo, da comunicação e aprendizagem, da troca entre os pares. O instrutor precisa organizar as estratégias pedagógicas e suas técnicas de tal maneira que possa dar mais atenção para um aluno que precise mais, ou mesmo contar com a colaboração de outro para auxiliar. Ele terá que administrar as situações divergentes que vierem. Por isso, nós procuramos dar uma formação pedagógica mais densa para os nossos instrutores, que normalmente são das áreas das Ciências Agrárias e, portanto, não têm tanta formação pedagógica, visando exatamente prepará-los para lidar com essas situações.
Existem diferenças entre as metodologias dos cursos voltados para a formação profissional e para a promoção social?
Sim, são cursos diferentes com objetivos diferentes. A formação profissional trabalha a técnica. Por isso a teoria precisa ser dada com muita reflexão e trabalhada uma base teórica muito densa. Claro que não daremos a quantidade de informações de um curso de engenharia de alimentos dentro de uma capacitação de derivados de leite, por exemplo. Mas é passada a teoria fundamental, seja na questão sanitária, processos, enfim. Ou seja, muitas vezes você precisa dar um embasamento teórico para depois avançar para a prática. Na promoção social, a base teórica é centrada em pontos fundamentais, dependendo do curso, e a prática é muito maior. O curso inteiro é prático e a teoria serve a essa prática.
Existem métodos específi- cos a serem aplicados em capacitações voltadas ao setor agropecuário?
Eu diria que a grande diferença está na forma da organização dos cursos. Quando falamos em outra instituição do Sistema S, por exemplo, há unidades destinadas àquele tipo de formação, onde existem os laboratórios com tudo que é necessário para aquela formação dentro de uma sala de aula organizada para essa finalidade. No SENAR-PR, isso não acontece porque nós trabalhamos com a realidade do campo, na prática, no que chamamos de posto de serviço. É onde o indivíduo de fato trabalha. Então, se o instrutor, por exemplo, está trabalhando num curso de “Boas Práticas na Bovinocultura de Leite”, ele irá executar as tarefas práticas dentro de uma propriedade rural nas condições em que ela está, pois temos que ensinar e preparar o produtor para trabalhar naquelas condições que competem a sua realidade.
Leia a entrevista completa no Boletim Informativo.
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