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Novo patógeno ameaça a produção de grãos e a criação animal nos Estados Unidos

Um novo patógeno foi encontrado em grande quantidade em plantações de milho, especificamente em culturas de milho transgênicas resistentes ao herbicida glifosato. Este patógeno, que está relacionado a epidemias de doenças nas lavouras de milho e soja, foi também encontrado em tecidos de gado de corte e de leite, onde o rebanho apresentou altos índices de infertilidade e taxas de até 45% de aborto espontâneo.

A descoberta foi anunciada pelo Professor Doutor Don Huber, professor emérito da Universidade de Purdue, Estados Unidos. Doutor Don Huber é reconhecido internacionalmente pelo seu trabalho com fitopatologia. Está entre os cientistas mais qualificados do mundo para examinar este risco tão sério que a cadeia da alimentação americana terá pela frente.

Ele pontua que estes fatos já são conhecidos de muitos zootecnistas e veterinários, que têm documentado as taxas de infertilidade, que em alguns casos chegaram a 50%, e de abortos espontâneos, 35%. Niveis reprodutivos como estes inviabilizam economicamente a atividade pecuária.

Devido a inabilidade na reprodução e a alta taxa de aborto e procurando encontrar a causa para estes acontecimentos, pecuaristas começaram a examinar a alimentação animal. Um microorganismo patógeno desconhecido foi encontrado na soja e ao rastreá-la, descobriu-se o mesmo patógeno em maior quantidade no solo, principalmente em plantações de soja que sofreram com a doença da morte súbita.

O microrganismo só pode ser visto ao microscópio e é cultivável em laboratório. É capaz de se replicar e parasita fungos e bactérias. Tem se mostrado infeccioso para o gado, suínos, equinos e frangos, podendo matar um ovo fertilizado em estágio inicial. Um dado importante é que este novo microorganismo foi encontrado em quantidade consideravelmente maior em lavouras transgênicas resistentes ao produto glifosato.

Don Huber salienta que a difusão de sementes resistentes aumentou o uso indiscriminado e excessivo do herbicida glifosato e apenas dele. Destaca a dominância quase absoluta das culturas transgênicas, em detrimento das comuns. Produtores deixaram de utilizar outros tipos de herbicida. O glifosato não apenas age na planta, mas também no solo, preocupação essa que ficou esquecida. Nos últimos anos, o uso do glifosato modificou a microbiota do solo, que influencia na disponibilização de nutrientes do solo para a planta.

O glifosato suprime quase totalmente os microorganismos que tornam o manganês disponível à planta. Quando a planta se torna deficiente em manganês, se torna mais susceptível a este novo microorganismo. O glifosato também age como quelante no solo, inviabilizando minerais, que agravará o quadro de desnutrição da planta.

Descorbiu-se, após muitos casos de mortalidade, que um rebanho confinado de gado de corte estava com níveis baixos de manganês (mineral essencial envolvido em reações de defesa e desintoxicação do organismo). Após teste na alimentação (soja e milho), descorbiu-se uma redução de 50% nos níveis de manganês e redução significativa de outros minerais essenciais que podem impactar radicalmente na qualidade nutricional da alimentação animal. Este mesmo quadro é agora visto em diversas regiões do país. A deficiencia de manganês causa partos prematuros e aborto. Bezerros deficientes em manganês tem problemas na formação óssea e deposição de cálcio.
Todos os exames realizados em tecidos de bovinos se mostraram negativos para todas as doenças, como brucelose ou clostridiose, mas apontaram a presença do novo patógeno.

A síndrome da morte súbita observada na soja e a doença no caule do milho foram associadas com o aumento da infertilidade do gado, suínos, aves e equídeos. Existe agora a preocupação com o sistema atual de produção, vegetal e animal, devido ao fato deste novo problema não ser totalmente conhecido. Não se sabe quais os danos podem chegar ao ser humano através da alimentação.

Nos últimos dois anos, produtores de milho enfrentaram uma epidemia que ataca o caule da planta e afeta o crescimento da mesma, enquanto que a soja tem sofrido com a síndrome da morte súbita, que tem devastado milhares de hectares de plantações. O glifosato vem continuamente devastando a microbiota do solo, que naturalmente seria capaz de fornecer, em parte, controle biológico destas doenças.

Um dos efeitos secundários encontrados é que o etanol derivado do milho também está contaminado com este novo patógeno, mesmo após os processos físicos, químicos e biológicos que sofre antes do produto final. Preocupa-se se o álcool, que pode ser utilizado para medicamentos, por exemplo, também esteja contaminado pelo novo microorganismo.

Outra preocupação é se este novo patógeno possui o mesmo efeito em outras culturas resistentes ao glifosato, assim como já se encontrou na soja e milho. Com os principais grãos utilizados na alimentação animal em risco, pensa-se na sustentabilidade da produção animal americana em si.

Doutor Huber expressou suas preocupações com o tema numa carta dirigida ao secretário da agricultura dos Estados Unidos. Existem testes sendo conduzidos para se quantificar a extensão do problema. Ele pontua que as plantações transgênicas não possuem o mesmo valor nutricional de suas correspondentes comuns e discorre sobre a aparição deste novo patógeno e os possíveis impactos que podem acontecer na produção vegetal e animal como um todo, nos Estados Unidos. Expressa também a preocupação com a saúde humana. Ele solicitou ao governo que atrasasse a disponibilização de sementes transgênicas resistentes ao glifosato até que se descobrissem ligações destas com o novo patógeno e assim, evitar um agravamento do problema. Atualmente, uma série de pesquisas estão sendo conduzidas pelos melhores cientistas americanos para descobrir as origens do patógeno e os reais impactos do herbicida glifosato no solo.

As sementes transgênicas resistentes ao glifosato estavam disponíveis no mercado americano algumas semanas após o contato do Doutor Huber com o governo americano.

Fonte:   Pamela Alves – analista júnior da Scot Consultoria

 
 

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