A Secretaria de Agricultura e do Abastecimento confirmou nesta quinta-feira (26) a estimativa feita em agosto para a safra paranaense de grãos 2013/2014. A expectativa é que sejam plantadas 5,824 milhões de hectares de área, aumento de 0,3% em relação ao período anterior 2012/2013, e sejam colhidas 22,785 milhões de toneladas, redução de 3,6% se comparados à safra 2012/2013, que chegou a 23,475 milhões de toneladas.
A soja continua a principal cultura do Paraná, com aumento de área e produção. O mesmo ocorre com o feijão para a primeira safra de verão que também aponta aumento, em detrimento do milho, que apresentou redução de área e produção.
“Os números são praticamente os mesmos avaliados inicialmente na primeira estimativa realizada em agosto. São pequenas acomodações naturais diante de algumas alterações climáticas desta época do ano, e também de oscilações nas cotações do mercado. Mesmo assim teremos uma boa safra de verão, com os agricultores mantendo seus ganhos nas principais culturas produzidas no Estado, mostrando boas perspectivas para o próximo ano”, afirma o secretário Norberto Ortigara.
CAMPO
No comparativo feito no campo pelos técnicos do Deral (Departamento de Economia Rural), da Secretaria da Agricultura, a soja continua em alta. O grão é responsável atualmente por 83% do plantio no Estado. Estima-se que serão plantados cerca de 4,860 milhões de hectares, aumento de 4% em relação à safra anterior (4.679 milhões de hectares). Em termos de produção, a expectativa é que a próxima colheita chegue a 16,293 milhões de toneladas, aumento de 3% em relação à safra anterior (15,821 milhões de toneladas).
Na avaliação do economista Marcelo Garrido, chefe do departamento de Conjuntura Agropecuária, do Deral, as previsões climáticas para o próximo trimestre, que apontam estabilidade, e as cotações do mercado externo, que continuam atrativas para o agricultor, estão mantendo e impulsionando o aumento de área e produção. “Associa-se ainda a isso, a boa produtividade alcançada pelos nossos agricultores que se mantêm atentos às novas tecnologias para o setor”, diz Marcelo Garrido.
MAIS FEIJÃO
A cultura do feijão para a primeira safra também está atraindo os agricultores paranaenses. A nova estimativa apontada pelo Deral é de que ocorra um aumento de 7% de área, passando dos 214.653 hectares para 229.277. Já a produção mostra salto de 27% em relação ao ano anterior, quando foram colhidas 329.950 mil toneladas de feijão, para 418.932 mil toneladas.
Segundo o engenheiro agrônomo Carlos Salvador, do Deral, cerca de 21% da área da cultura do feijão já foi plantada, com a região de Francisco Beltrão, no Sudoeste do Estado, tendo 95% de área de plantio já consolidadas. “Hoje o preço para a saca de 60 quilos do feijão preto está cotado em média a R$ 141,10, enquanto para o feijão de cor, preço médio cotado a R$ 131,75. São cotações que se mostram satisfatórias e criam boas expectativas para o agricultor”, diz,
MENOS MILHO
Sobre a redução na área de plantio e produção do milho para a safra de verão 2013/2014, os técnicos do Deral explicam que podem ser consideradas normais, apesar da diminuição de 20% da área, hoje estimada e 699,2 mil hectares, contra 876,0 hectares do mesmo período anterior. A produção estimada para a próxima safra devera chegar a 5,893 milhões de toneladas, contra os 7,143 milhões de toneladas colhidas na safra anterior.
“A grande produção brasileira da segunda safra 2012/2013, e a expectativa de uma maior safra nos Estados Unidos no próximo ciclo têm pressionado as cotações da cultura”, analisa Garrido.
CLIMA
As geadas do fim de agosto não foram tão severas quanto as de julho deste ano. Mas mesmo assim afetaram a cultura do trigo, provocando perdas em torno dos 41%. A previsão inicial era de colheita em torno de 2,9 milhões de toneladas. Porém, os problemas climáticos citados reduziram a colheita para 1,7 milhões de toneladas.
Outro problema que será sentido na colheita, que avançou a 25% da área, diz respeito a qualidade do produto. Segundo o engenheiro agrônomo Hugo Godinho, técnico do Deral na área da triticultura, “ao menos um terço da produção obtida ate o momento tem PH abaixo de 72”. As colheitas do produto de melhor qualidade estão concentradas na região Nordeste do Estado.
“As colheitas se concentrarão em outubro, inclusive nas áreas não afetadas pelas geadas mais ao sul do Paraná. Porém, como é previsto pelo Simepar, um outubro com regime hídrico próximo ao normal, haverá necessidade de que os períodos chuvosos sejam curtos e seguidos de dias de céu aberto, caso contrário, haverá novos problemas de qualidade para o cereal colhido”, avalia Hugo Godinho.
Problemas com geadas também no Paraguai, somados à entrada mais tardia do trigo do Rio Grande do Sul, e ainda dos países vizinhos ao Brasil, Uruguai e Argentina, agravam a situação de baixa oferta local de trigo. Isto refletiu em aumento dos preços pagos na tonelada de trigo paranaense com PH 78, que chega neste semana a R$ 840,66 contra R$ 770 a tonelada no mesmo período de agosto deste ano. Neste mês de setembro alcançou-se a cotação média recorde, chegando a R$ 847,67 a tonelada de trigo.
OUTRAS CULTURAS
Ainda segundo os dados do Deral houveram também reduções significativas para as culturas de aveia preta (-54%) e branca (-59%), de cevada (-6%), e canola (-49%). Os problemas climáticos de julho e agosto desta no, somados também ao excesso de chuvas e de seca em algumas regiões do estado afetaram a produção dessas culturas.
Esperava-se colher inicialmente cerca de 240 mil toneladas de aveia preta, e de 168 mil de aveia branca. Agora serão colhidas 110 mil toneladas de aveia preta, e 69 mil toneladas de aveia preta. Na cevada a expectativa de colheita era de 173 mil toneladas, e agora serão colhidas 163 mil toneladas. Na cultura da canola eram esperados uma colheita de 26 mil toneladas, contra os atuais 13,4 mil toneladas.
“Nos últimos três anos o agronegócio brasileiro como um todo foi muito competitivo e manteve-se equilibrado com boas oportunidades de negócios tanto no mercado interno como externo, considerando-se os bons preços dos principais commodities, como a soja, milho, trigo entre outras culturas”, afirmou o economista Francisco Carlos Simioni, chefe do Deral.
FONTE: SEAB
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