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Moinhos no PR reduzem processamento de trigo com bloqueio em estradas

Ao menos dois moinhos do Paraná reduziram e até suspenderem a moagem de trigo desde ontem por causa do bloqueio das estradas no país promovido pelo protesto dos caminhoneiros

SÃO PAULO – Ao menos dois moinhos do Paraná reduziram e até suspenderem a moagem de trigo desde ontem por causa do bloqueio das estradas no país promovido pelo protesto dos caminhoneiros.

O Moinho Arapongas, na cidade de Araponga, no norte paranaense, cortou pela metade sua moagem, deixando de produzir 300 toneladas de farinha em dois dias. O principal problema, porém, é a distribuição do produto, que caiu 40% desde ontem, segundo Daniel Kümmel, diretor do Arapongas.

O Moinho Itaipu, que possui uma unidade em Santa Terezinha de Itaipu, no oeste do Estado, deixou de processar 400 toneladas de trigo por dia, segundo Rudimar Cavalheiro, presidente da empresa.

O principal problema provocado pelos bloqueios é com o carregamento de farelo de trigo, subproduto do processamento do cereal em farinha. Em média, os moinhos costumam ter espaço para armazenar o farelo de trigo produzido em até dois dias, já que o produto é altamente perecível.

A paralisação dos caminhoneiros não afetou o abastecimento de trigo às indústrias porque os moinhos costumam armazenar a matéria-prima em estruturas que comportam volumes para até cerca de um mês de uso.

Também não houve transtornos quanto à destinação de farinha de trigo, fornecida às indústrias alimentícias, porque os moinhos também possuem capacidade média prolongada para armazenar o produto.

“Se o bloqueio não se resolver até o fim de semana, param todos os moinhos do Paraná”, disse Marcelo Vosnica, presidente do Sindicato das Indústrias de Trigo do Paraná. A perspectiva dos moinhos, porém, é otimista, já que a Força Nacional e a Polícia Rodoviária Federal atuaram para liberar ao menos dois pontos no oeste e sudoeste do Estado.

Em São Paulo, os moinhos ainda não reduziram moagem, segundo o presidente do Sindicato da Indústria do Trigo (Sindustrigo-SP) do Estado, Christian Saigh. Ele explica que as empresas do setor têm estoque para cerca de uma semana, mas confirmou que estão com dificuldades tanto para trazer o cereal do interior do Paraná como para descarregar no porto de Santos (SP) o produto importado. “Há 24 horas, não há um descarregamento de trigo no porto paulista. Um navio está atracado. Se essa greve durar mais, as empresas importadoras terão que pagar multa de sobre-estadia de navios”, diz Saigh.

No Rio Grande do Sul, a atividade já está lenta e nestes primeiros dois meses do ano registrou o menor volume “em uma década”, segundo Marcelo De Baco, da De Baco Corretora. Dessa forma, o bloqueio nas estradas gaúchas não afetou as atividades das indústria estadual. Mesmo assim, a circulação de caminhões com trigo e com farinha es tá paralisada no Estado, diz o corretor.

As exportações de trigo do Rio Grande do Sul também não devem ser afetadas. Nesta safra, os produtores do Estado têm vendido sua produção ao exterior por causa da baixa qualidade do cereal colhido, que não atende às exigências nacionais. Porém, a maior parte do volume já foi exportada, e o protesto não deve atrasar os embarques, conforme De Baco.

Fonte: Valor Econômico

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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