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Malásia abre mercado para a avicultura brasileira

Quatro plantas foram habilitadas a exportar para o país asiático; nos oito primeiros meses do ano, o Brasil arrecadou R$ 14,8 bilhões

Cerca de US$ 35 milhões poderão ir para o caixa da avicultura brasileira com a recém habilitação de quatro frigoríficos brasileiros para exportar carne de frango para a Malásia. O anúncio foi realizado na semana passada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). Segundo dados da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a liberação do país asiático deve representar 15 mil toneladas de carne por ano nas exportações brasileiras, representando 31% de um total de 48 mil toneladas importadas pela Malásia todos os anos. Até a liberação das quatro plantas, apenas um frigorífico no País podia comercializar carne de frango para a Malásia.

De acordo com o Mapa, a conquista dessa habilitação é consequência de uma missão realizada pelo governo brasileiro em março do ano passado. Como a Malásia é um país de religião predominante muçulmana, o governo de lá só aceita proteína animal se o abate for Halal. Segundo o Alcorão, livro sagrado da religião islâmica, o alimento é considerado Halal (permitido para consumo), quando obtido de acordo com os preceitos e as normas ditadas pelo Alcorão Sagrado e pela Jurisprudência Islâmica. Esses alimentos não podem conter alguns ingredientes, como miúdos, por exemplo.
Francisco Turra, presidente da ABPA, explica que o processo foi desafiador, já que as exigências da Malásia em relação ao selo Halal são muito maiores se comparadas às de outros países muçulmanos. Ele frisa que a conquista desse país asiático irá ajudar a avicultura brasileira a conquistar mercados ainda mais interessantes, como a Indonésia. Turra afirma que a associação dos consumidores da Malásia também ajudou na conquista, já que a carne de frango no país é cara e escassa.

Exportações

A avicultura brasileira nunca esteve tão bem. Nos primeiros oito meses de 2015 as exportações brasileiras de frango alcançaram recorde histórico e obtiveram uma receita de R$ 14,8 bilhões, segundo um estudo realizado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq/USP), em parceria com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). De janeiro a agosto de 2015, houve crescimento de 26% na receita obtida pelos exportadores de frango no comparativo com 2014, indica dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC).

De acordo com o Cepea, dois fatores tiveram influência direta na melhoria das vendas externas brasileiras de carne de frango nesse período: a valorização do dólar frente ao real e os casos identificados de influenza aviária, doença que acometeu os aviários nos Estados Unidos, principal concorrente do Brasil no mercado internacional desse produto. O Brasil exportou em volume no mesmo período 2,77 milhões de toneladas de carne de frango, alta de 6,2% em comparação com os oito primeiros meses de 2014.
No curto prazo, mantida a tendência de valorização do dólar frente ao real, as perspectivas, segundo o Cepea, são positivas para os exportadores brasileiros de carne de frango. Entre janeiro e agosto deste ano, o valor da tonelada da carne de frango (in natura, salgadas e industrializadas), foi de R$ 5,7 mil, aumento de 17,7% em comparação a igual período do ano passado. No período analisado, em 2014, o valor obtido pelos exportadores brasileiros de carne de frango foi de R$ 4,9 mil por tonelada.
Os principais importadores da carne de frango brasileira, nos primeiros oito meses de 2015, segundo o ministério, foram: Arábia Saudita, Japão, União Europeia, China e Emirados Árabes. Com esses números, a Arábia Saudita se mantém como o principal comprador da carne de frango brasileira, totalizando 512 mil toneladas, seguida pelo Japão, que já importou 266,4 mil toneladas do produto neste ano, 3 mil a menos que no mesmo período de 2014. O terceiro lugar é da União Europeia, com 260,8 mil toneladas, mesmo tendo reduzido suas importações em 16 mil toneladas. A China, com aumento de 58 mil toneladas de um ano para outro, assume a quarta posição, indo para 206,3 mil toneladas. Os Emirados Árabes são o quinto maior comprador, com 198,6 mil toneladas importadas até agosto.

Fonte: Folha de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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