A onda de frio extremo que acometeu parte do Brasil em maio chegou de forma repentina. No Paraná, houve registro de geada em algumas cidades, principalmente na Região Metropolitana de Curitiba, nos Campos Gerais e Centro-Sul do Estado. Considerando que o inverno começa nesta terça-feira, dia 21 de junho, as baixas temperaturas em pleno outono levantam a suspeita: o inverno de 2022 será mais rigoroso?
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a atuação da tempestade subtropical Yakecan favoreceu a intensificação da forte massa de ar polar na América do Sul. Além disso, o fenômeno La Niña, caracterizada pelo esfriamento das águas do Oceano Pacífico, altera o padrão dos ventos e acentua os eventos climáticos extremos.
“O cenário é propício para massas de ar frio de alta intensidade, mas ainda é cedo para determinar a ocorrência, principalmente em relação às geadas”, explica o meteorologista Francisco de Assis Diniz, chefe do Centro de Previsão do Tempo do Inmet.
Outra massa de ar frio deve chegar próximo ao início do inverno, a partir da segunda quinzena de junho, mas não deve ser motivo para preocupação, alertam os especialistas. Além da antecipação das ondas de frio intenso, as temperaturas baixas devem ir embora mais tarde.
“É uma situação típica do La Niña, que já persiste há dois anos. Em 2021, tivemos um frio bem rigoroso com geadas que acabaram pegando o milho safrinha. Neste ano, não é que o inverno vai ser mais rigoroso, mas é fato que as massas de ar frio são mais intensas em ano de La Niña. Provavelmente teremos algumas ondas de frio que vão provocar geadas bem fortes a exemplo do ano passado”, prevê o agrometeorologista Luiz Renato Lazinski.
Na avaliação do especialista, as ondas de frio podem se estender até setembro, podendo provocar geadas tardias. “Não é que todo o inverno vai ser muito frio, mas terão variações bruscas de temperatura”, complementa Lazinski.
Mesmo assim, as chances de atingir o milho safrinha são baixas, visto que em 2022 o plantio ocorreu dentro da janela ideal – diferentemente da safra 2020/21, cujo ciclo do cereal sofreu atrasos devido à falta de chuvas.
De acordo com o meteorologista Fernando Mendes, do Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), conforme o início do inverno se aproxima, o deslocamento das massas de origem polar avança, podendo chegar em latitudes menores e causar um frio mais intenso, como ocorreu na segunda quinzena de maio.
“É um comportamento natural da dinâmica da atmosfera. O que se espera é que tenhamos uma sequência de dias mais frios à medida que entramos em junho, julho e agosto”, aponta.
Chuvas
Em relação às precipitações, na análise do Simepar, devem ocorrer de forma irregular e de intensidade moderada a forte, com acumulados expressivos em algumas áreas do Estado, podendo chegar a 80 milímetros.
Para Mendes, o La Niña começa a perder força com a chegada do inverno, contribuindo para a redução da instabilidade. Já para Lazinski, é provável que o fenômeno climático continue até o fim do ano, com atuação de veranicos e má distribuição de chuvas, como aconteceu durante as últimas duas safras.
“As chuvas vão continuar bem irregulares, com períodos secos. Mas é difícil dizer quando esses veranicos ocorrerão”, comenta Lazinski. “Em 2020, tivemos problemas de atraso do início da safra, que era para plantar em setembro. Em 2021, conseguimos plantar dentro da janela, mas tivemos problemas de estiagem em novembro e dezembro”, exemplifica.
Na análise do Inmet, que considera diferentes previsões de instituições especializadas, existem indicações que o La Niña poderá persistir por mais alguns meses. Apesar de divergências quanto a sua duração, há uma alta probabilidade de que o fenômeno persista durante o inverno, oscilando entre as intensidades de fraca e moderada. “Há uma tendência de chuvas abaixo da média para o inverno no Paraná. Em julho, pode chover mais na região Norte do Estado”, sinaliza Diniz, do Inmet.
Mesmo considerando as projeções para o La Niña, que pode causar longos períodos de estiagem durante o inverno, segundo o Instituto, as condições atuais na região Sul do Brasil são positivas, já que há acúmulo de umidade no solo em consequência das chuvas de março, abril e maio.
Previsão para 30 dias no site e app do Sistema FAEP/SENAR-PR
Em meio às especulações sobre tendências climáticas para a safra de inverno, os especialistas em meteorologia são unânimes em uma questão: o produtor rural deve permanecer alerta para possíveis viradas bruscas de tempo. O site e o aplicativo do Sistema FAEP/SENAR-PR permitem acessar a previsão do tempo para os próximos 30 dias em todos os municípios do Paraná e do Brasil.
A ferramenta ajuda para que o produtor faça seu planejamento, considerando as últimas atualizações, e acompanhe possíveis alertas de geada, granizo, tempestade, entre outros.
A seção da previsão do tempo contém diversos dados, com acesso totalmente gratuito
e sem necessidade de assinatura. As informações estão disponíveis em sistemafaep.org.br/previsao-do-tempo.
O aplicativo do Sistema FAEP/SENAR-PR está disponível para smartphones com sistema Android e iOS. O download pode ser feito pelas lojas Apple Store ou Play Store ou pela página app.sistemafaep.org.br.
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