Por: Tânia Moreira, economista do Departamento Técnico e Econômico da FAEP.
SOJA TEM TERCEIRA BAIXA SEGUIDA
Após a divulgação do relatório de oferta de demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), revisando os estoques mundiais a mais, para 89,55 milhões de toneladas, com aumento também na produção mundial, os contratos futuros da soja na Bolsa de Chicago, encerraram ontem a terceira queda seguida.
Dados das inspenções das exportações americanas da semana encerrada em 09 de abril, resultando em exportações 21% menores do que as encerradas na semana anterior, contribuíram para queda, que também foram amenizadas pelo resultado de que, em relação ao ano passado as inspenções das exportações foram 68% maiores que no mesmo período. No acumulado do ano as exportações totalizaram 45,34 milhões de toneladas em comparação às 40,94 milhões de toneladas exportadas no mesmo período do ano passado.
O dólar em alta contribuiu para as cotações brasileiras. No porto de Paranaguá o preço CIF ganhou 0,75%, fechando em R$ 66,50/saca. A valorização na data de ontem foi atribuída à dados mais fracos das exportações chinesas no mês de março, que caíram 15% enquanto havia uma expectativa de aumento de 12%, proporcionando o sentimento, entre os investidores, de desaceleração da economia chinesa.
As exportações brasileiras de soja até a segunda semana de abril tiveram embarques médios menores que o embarcado em abril do ano passado, média diária de 254 mil toneladas contra 412 do ano passado, e mativeram-se estáveis em relação a média de embarque de março. Nas duas semanas de abril foram exportadas 1,7 milhões de toneladas de soja. No mês de março foram 5,5 milhões de toneladas. No acumulado do ano foram 6,54 milhões de toneladas, com redução de 27% do volume exportado no ano passado, no mesmo período.
As preocupações climáticas em torno do plantio do milho, continuam a ter influência sobre o preço da soja nos próximos dias. De acordo com o USDA, na região de Illinois, por exemplo, 9% era a média do percentual de plantio do milho até a segunda semana de abril, enquanto neste ano o USDA relatou percentual de 1%, por enquanto.
Na média total, o plantio de milho avaçou até a segunda semana de abril para 2% contra a média de 5% de 2010 a 2014, de forma que, pelo menos por enquanto, permanece o otimismo em relação ao plantio ocorrer na janela adequada, significando que a expectativa de transferência de área de milho para soja, ainda segue contida, mas em observação pelo mercado.
O preço médio recebido pelo produtor, segundo a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB), foi de R$ 57,54/saca na segunda-feira.
Na data de hoje até às 08:44 o contrato de maio da soja estava ganhando 0,74% na Bolsa de Chicago, cotado a US$ 9,55/bushel.
MILHO TEM NOVAS BAIXAS
Os contratos futuros do milho continuaram as perdas pelo sexto dia seguido. O contrato de maio para o milho na CBOT fechou em R$ 3,705/bushel. No porto de Paranaguá o preço CIF saiu de R$ 28,50 para R$ 29,00 por saca.
O dado do USDA de que o percentual de plantio foi de 2% até o domingo, em relação aos 5% na média de 2010 a 2014, foi interpretado com otimismo, não provocando altas nos preços.
O dado das inspeções das exportações na semana encerrrada em 09 de abril, vieram aquém da semana anterior e aquém do mesmo período do ano passado. No acumulado do ano as inspeções resultaram em 24,16 contra 25,2 milhões de toneladas do ano passado.
Além disso, chuvas para o trigo também ajudaram a pressionar o preço do milho.
O preço médio recebido pelo produtor, na data de ontem, foi de R$ 21,34/saca, com perda de 2% em relação ao dia anterior, segundo dados da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB).
Na data de hoje até às 08:44 o contrato de julho do milho estava ganhando 0,27% na Bolsa de Chicago, cotado a US$ 3,71/bushel.
TRIGO CAI SIGNIFICATIVAMENTE COM CHUVA
Os contratos futuros do trigo tiveram perdas significativas na data de ontem, com a notícia de melhores condições climáticas, com previsão de chuvas para a grandes planícies.
As inspeções das exportações americanas de trigo na semana encerrada em 09 de abril apresentaram alta de 18% em relação à semana anterior, mas foram 37% menores que no mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, as exportações foram de 19,5 milhões de toneladas contra as 27,2 milhões exportadas no ano anterior, no mesmo período.
O preço médio recebido pelo produtor no Paraná, segundo dados da SEAB foi de R$ 35,23/saca na data de ontem, restando 15% da safra 2014 para ser vendida.
Na data de hoje até às 08:44 o contrato de julho do trigo estava perdendo 0,40% na Bolsa de Chicago, cotado a US$ 4,98/bushel.
OUTRAS:
– A balança comercial brasileira no acumulado do ano, até a segunda semana de abril, encerrou com déficit comercial de US$ 5,4 bilhões. Para segunda semana de abril o saldo foi positivo em US$ 132 milhões.
– Os embarques médios diários reduziram em relação a abril de 2014 para: soja (-38,3%), farelo de soja (-20,7%), óleo de soja em bruto (-49,8%), milho (-60,3).
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