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Informe Diário – SOJA, MILHO, TRIGO E CAFÉ

Confira a análise econômica dos preços da soja, milho, trigo e café

Por: Tânia Moreira, economista do Departamento Técnico e Econômico da FAEP.

SOJA ENCERRA COM PERDAS NA TERÇA-FEIRA: os contratos futuros acumularam nova perda na data de ontem (17), sendo que o contrato de maio perdeu 1,52%, fechando no valor de US$ 9,69/bushel. Este foi o menor valor desde outubro de 2014.
O preço de compra em Paranaguá (CIF) fechou em R$ 70,50/saca.

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A forte valorização do dólar ajuda as cotações em reais, mas deprime os preços na CBOT já que reduz a oferta pelo produto americano. Os dados das inspeções das exportações americanas menores na segunda-feira colaboram com esta visão de menor competividade da soja americana, o que incentiva a perda nos preços.

Outro fator é a evolução das colheitas recordes na Argentina e no Brasil. Na Argentina a Bolsa de Cereais informou que apesar do excesso de chuvas, o que pode provocar perda de produção em algumas regiões e dificultar o controle fitossanitário, as produtividades de outras regiões não afetadas, deverão ser excelentes ajudando a confirmar uma produção de 57 milhões de toneladas.

No Brasil o percentual colhido é de 48% contra os 53% colhidos na safra anterior, no mesmo período, segundo informações da Consultoria Safras e Mercados. No Paraná a Secretaria da Agricultura e do Abastecimento (SEAB) informou que o percentual colhido até 16 de março foi de 66% no Estado, já recuperando o atraso que ocorria nas semanas anteriores e ficando até acima do colhido na safra passada no mesmo período.

Se por um lado as variáveis fundamentais de preço seguem dadas, de acordo com o último relatório do USDA com produções recordes que não foram revisadas e estoques elevados, a espera da divulgação da área de plantio da próxima safra americana, por outro, a continuidade da forte desvalorização cambial, que tem favorecido a comercialização brasileira, segue na espera, de um lado, com a indicação de que o banco central americano possa sinalizar com mais clareza, embora com muita sutilidade, a data para o aumento da taxa de juros americana já em junho e por outro com a deterioração das condições macroeconômicas brasileiras, com falta de credibilidade sobre o ajuste fiscal e possível rebaixamento do grau de investimento do país, entre outros problemas.
Variáveis fundamentais dadas e que não ajudam o preço subir em Chicago – 14/15:

* Produção e estoques mundiais recordes históricos, apesar da demanda mundial elevada.

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Variáveis incertas que ainda afetarão os preços internacionais e internos da safra 14/15:

* Possibilidade de não haver redução (significativa) na área plantada de soja na safra 15/16 nos Estados Unidos, que começa a ser plantada a partir de abril e que com isso o mercado entenda que a produção americana na safra 15/16 possa ainda ser recorde, como um segundo recorde histórico, ou até possibilidade de aumento na área de plantio. (O relatório do USDA de intenção de plantio a ser publicado no final do mês traz novos dados sobre o plantio).

* Velocidade do aumento da taxa de juros americana, bem como a falta de credibilidade de uma melhora da condição macroeconômica brasileira. (O Banco Central americano divulga na data de hoje suas intenções, no momento atual, para subida da taxa de juros no primeiro semestre do ano e o Ministro da Fazenda no Brasil tem reunião com a agência de risco Fitch & Ratings).

TRIGO PERDE, DEPOIS DAS ALTAS DE SEGUNDA-FEIRA: os contratos futuro do trigo fecharam em queda nesta terça-feira com a valorização do dólar tirando a competividade do produto americano, forçando os preços para baixo.

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Além disso, a notícia de que a China comprou 600 mil toneladas de milho da Ucrânia, ao invés dos Estados Unidos, também ajudou para uma baixa no trigo, considerando que milho e trigo são substitutos na ração e acabem, por vezes, compartilhando do mesmo andamento de preço.

Segundo informações do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) os moinhos tem demonstrado interesse pelo cereal no Paraná por conta da necessidade de reabastecer estoques, evitando o produto importado, com custo mais elevado neste momento. Com isso o Cepea relatou negócios de trigo no Paraná no valor de R$ 601,74/tonelada, o que é atrativo ao produtor sendo 8% acima do preço mínimo do trigo (R$ 575,502/saca), mas o que ainda, do ponto de vista apenas da rentabilidade não encoraja um aumento do plantio.

MILHO NOVAS BAIXAS: contratos futuros na CBOT novamente perderam valor na data de ontem.

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Na data de ontem repercutiram as compras da China na Ucrânia, a baixa do petróleo e a valorização do dólar.

Para cultura de milho as variáveis fundamentais também estão dadas de acordo com o último relatório do USDA, com produções e estoques recordes. O mercado segue no aguardo da intenção de plantio da nova safra americana, bem como das condições climáticas para o plantio desta nova safra, úmido em algumas regiões e seco demais em outras. No entanto, o produtor americano não precisa determinar neste mês qual será a área de plantio.

Outro ponto que poderia contribuir para alguma melhora de preço, segundo o jornal Agrimoney (US corn price may see ‘sharp rise’ as yield falls, publicado na data de hoje ) é que os produtores americanos, diante dos elevados custos de produção com a cultura de milho e baixos preços, poderiam investir menos na cultura, reduzindo por exemplo o gasto em fertilizante, o que poderia reduzir um elevado potencial de produção no milho.

CAFÉ NÃO SURPREENDE E MANTÉM CERTA ESTABILIDADE EM NOVA YORQUE DEPOIS DAS ALTAS DE SEGUNDA-FEIRA:

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Depois de subir 6% na segunda-feira as cotações na Bolsa de Nova Yorque mantiveram estabilidade. Os cafeicultores seguem inquietos ao ver que as estimativas de quebra na produção brasileira não têm sido precificadas a contento. O mercado parece não ter absorvido a informação ou desacreditá-la.

Alguns analistas apontam que há espaço para altas em função do volume de consumo e exportação brasileira quase esbarrar no que será produzido em 2015, no entanto, outros analistas apontam que este espaço é muito curto e que os preços atuais já estão em patamares altos, estabelecendo comparação com o preço praticado na última quebra de safra. Desta forma, segue a especulação em torno do volume da produção brasileira.

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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