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Imposto zero para importação impacta pouco no preço do feijão

Segundo especialistas, a redução do valor tem mais a ver com a regulação dos fatores climáticos do que com a facilidade para trazer de fora o produto

Em agosto, o feijão ficou 5,6% mais barato, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas ainda acumula aumento de 136,57% no ano. A alta é tanta que, apesar da queda recente, os consumidores ainda não conseguiram sentir no bolso. “Eu não percebi queda no preço nos supermercados. Se a pesquisa falou isso é conversa fiada, porque não caiu não”, afirma a pensionista Isabel Paulina da Silva.

O governo federal, que há três meses zerou a alíquota de importação para incentivar o equilíbrios dos estoques e dos valores de feijão, acaba de prorrogar a medida. Entretanto, de acordo com o analista de agronegócio Caio Coimbra, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (FAEMG), a redução do preço tem mais a ver com a regulação dos fatores climáticos do que com a facilidade para importar. “Hoje a saca do feijão está em torno de R$ 350, mas em julho chegou a custar R$ 500”, lembra.

Ele explica que a medida do governo é inócua porque o grão preferido do brasileiro é o feijão carioca, que é produzido só no Brasil. “80% da produção são carioca e não existe outro país de onde possamos importá-lo. Existe um parecido, que é rajado e vem do México”, destaca.

Para o brasileiro, que tem o hábito de comer feijão todos os dias, a substituição é difícil. “Eu não substituí o feijão não, a gente vai até onde pode, compra menos, mas comer sem feijão é muito difícil”, diz Isabel.

Segundo o especialista em grãos, o preço disparou porque choveu demais no Paraná, que é a maior região produtora, refletindo em quebra de safra. Já em Minas, segundo maior produtor, o problema foi a seca. “Em Minas, a primeira safra, que vai de outubro a janeiro, subiu 17,5%. Mas a segunda, que vai de fevereiro a maio, teve queda de 4,25%, e foi quando o preço subiu muito. Já a terceira, que depende mais de irrigação, tem previsão de queda de 6,5%. Nesse caso, não é nem porque colheu menos, mas porque os produtores, temendo a seca, plantaram menos”, explica.

Com todo o cenário negativo, Coimbra afirma que, com o tempo, o próprio consumidor foi se ajustando e trocando o consumo do carioca pelo feijão preto ou vermelho. “Em julho, o quilo estava custando cerca de R$ 13. Agora já caiu para R$ 8 ou R$ 9, mas está bem mais caro do que no ano passado, quando era aproximadamente R$ 5”, compara.

Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), desde que o governo cortou de 10% para zero a alíquota de importação do feijão, a entrada do produto quase triplicou. De junho a agosto, foram importados 114,5 milhões de quilos, contra 41 milhões de quilos no mesmo período de 2015. Em valor, subiu de US$ 19,2 milhões para US$ 101 milhões.

Fonte: Jornal de Uberaba

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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