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Importação de trigo: FAEP diz que governo não tem juízo

Exatamente quando os produtores se preparam para o plantio de trigo, o que ocorre logo em seguida à colheita da soja, a Câmara de Comércio Exterior (Camex), órgão vinculado à Presidência da República, zerou a tarifa sobre as importações de trigo dos países que não pertencem ao Mercosul (Mercado Comum do Sul). Atualmente a taxa está em 10%.

A medida vale de abril a julho deste ano, para uma quota inicial de 1 milhão de toneladas do produto, que pode ser elevada a 2 milhões. A informação foi dada pelo secretario de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Célio Porto. Mas não foi só. O secretário informou que a Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) pleiteou tarifa zero para 2,5 milhões de toneladas do produto. 

Essa decisão foi duramente criticada pelo presidente da Federação da Agricultura do Estado do Paraná, Ágide Meneguette. "Infelizmente, os técnicos da Camex e os ministros estão defendendo os interesses da indústria em detrimento do setor produtivo do Brasil, complicando a segurança alimentar desse país. Quem sabe um dia esse povo cria juízo", disse ele.

Na época em que ocupou o Ministério da Agricultura (1999-2002), o ministro Pratini de Morais, assinou com a FAEP um termo de compromisso para o a autossuficiência brasileira em trigo. Termo também assinado pela Associação Brasileira da Indústria de Trigo – Abitrigo. "Desde aquela época", afirmou Meneguette, "o governo vem sendo conivente, autorizando as importações. O Paraná era o maior produtor, reduziu o plantio de trigo e hoje nós temos uma grande produção de milho safrinha que está ganhando mais espaço em relação à cultura".

A decisão do governo traz sérios problemas. Na Argentina que era uma grande abastecedora o governo interviu e agiu de forma errada contra os produtores rurais e o país está tendo dificuldades. Os Estados Unidos também estão com problemas climáticos. "Nós vemos isso como uma irresponsabilidade da Camex em autorizar a importação sem taxação", constata o presidente da FAEP, "em tudo aquilo que o produtor depende do governo federal corre o risco da Camex, por exemplo, tomar medida que na verdade rouba a renda do produtor rural brasileiro. Isso é inadmissível em pleno século 21".

Essa medida atendendo ao "loby" das indústrias moageiras de trigo já foi tomada, por exemplo, em 2008. E o que ocorreu? As indústrias estavam estocadas do cereal, os produtores colheram e os preços desabaram. "O que foi feito parece até que o governo deseja afundar ainda mais a balança comercial, gastando mais dólares lá fora e até contribuindo para o reaquecimento da inflação, porque o pão e outros derivados de trigo fatalmente vão subir", finaliza Meneguette.

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