O Iapar chega aos 45 anos nesta quinta-feira, 29 de junho, dia que será dedicado à realização de diversos eventos técnicos e institucionais em comemoração ao aniversário.
Florindo Dalberto, diretor-presidente da instituição, conta que a criação do Iapar, em 1972, resultou da mobilização e esforço de produtores, técnicos e lideranças políticas e empresariais ligadas à agricultura, como a Sociedade Rural do Paraná, Folha Rural, Associação dos Engenheiros Agrônomos, Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea-PR) e nomes como Celso Garcia Cid, João Milanez, Horácio Coimbra, Francisco Sciarra, entre outros.
Funcionário do Instituto Brasileiro do Café (IBC) na época, Dalberto participou ativamente dessa mobilização. “Já fermentava no ambiente produtivo a percepção que o ciclo da monocultura cafeeira estava se esgotando, e que era necessário modernizar e diversificar a agropecuária paranaense”, ele lembra.
O projeto de instalação de um centro paranaense de pesquisa agropecuária foi viabilizado com recursos do Estado, da Organização Internacional do Café (OIC) e do extinto Instituto Brasileiro do Café (IBC).
PIONEIRISMO – Dalberto conta que a atuação do Iapar foi marcada pelo pioneirismo em várias frentes. E cita como exemplo o desenvolvimento de cultivares de maçã para regiões de inverno ameno, caso do Norte do Paraná. Esses materiais – IAPAR Eva e IAPAR Julieta – são hoje cultivados em todos os Estados do Sul do Brasil, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e até na Bahia.
Outro exemplo lembrado pelo diretor-presidente é o feijão carioca IPR Celeiro, a primeira cultivar comercial, não transgênica, comprovadamente tolerante ao mosaico dourado, uma das principais doenças da cultura, que causa prejuízos significativos em lavouras de todo o Brasil.
O pioneirismo se estendeu ainda aos citros, por meio de estudos que possibilitaram o plantio dessas frutas e a inserção do Paraná no mapa da produção nacional e internacional de frutas cítricas.
Na pecuária de corte, o Iapar criou a primeira raça paranaense – e também a primeira no Brasil originada em um centro estadual de pesquisa – o Purunã. Os cruzamentos foram iniciados em 1985, visando um animal capaz de produzir carcaças de elevado padrão, com baixo custo e que ficassem prontos para abate em pouco tempo. Para alcançar esses objetivos, os pesquisadores partiram de cruzamentos controlados envolvendo animais puros das raças Aberdeen Angus, Canchim, Caracu e Charolês.
O Iapar foi ainda um dos precursores nas pesquisas com plantio direto no Brasil. A instituição mal iniciara suas operações, no início da década de 1970, quando os pesquisadores enfrentaram o problema da erosão, que devastava propriedades agrícolas, rios e córregos do Paraná. Com abordagem em microbacias, desenvolveram e adaptaram métodos de terraceamento e cultivo mínimo que possibilitaram recuperar milhares de hectares de solo cultivado e inspiraram projetos similares em outras regiões brasileiras e também na América Latina e na África.
Na produção cafeeira, Dalberto registra o esforço para a recuperação da cultura no Estado após a famosa geada de 1975, com o desenvolvimento do modelo de plantio adensado e foco na qualidade da bebida.
A equipe do programa café também trabalhou, em parceria com entidades nacionais e internacionais, no sequenciamento do genoma da planta e, atualmente, estuda o mecanismo de formação dos frutos, em busca de grãos que deem bebida com características diferenciadas de aroma, corpo, sabor e acidez.
MESTRADO – Em 2013, o Iapar implantou seu curso de mestrado. A grade curricular privilegia a produção ambientalmente sustentável e, de fato, formalizou um trabalho já amadurecido – em sua história, a instituição sempre acolheu estudantes de iniciação científica e alunos de mestrado, doutorado e pós-doutorado interessados em desenvolver projetos em parceria.
FUTURO – A inovação permanente, em colaboração com parceiros do setor público e da iniciativa privada é o desafio que se apresenta ao Iapar, aponta Dalberto.
Segundo ele, o setor agropecuário vai ser cada vez mais demandado a produzir utilizando processos que poupem os recursos naturais e racionalizem o uso de insumos. “A população exige alimentos seguros, saudáveis e nutritivos, e isso tem reflexo na geração e transferência de tecnologias”, afirma Dalberto.
COMEMORAÇÕES – As atividades comemorativas da quinta-feira começam às 8h30, com a “Jornada Tecnológica da Cafeicultura do Futuro”. O pesquisador Fábio Moreira da Silva, da Universidade Federal de Lavras (Ufla), em Minas Gerais, é o responsável pela primeira conferência do dia, que tratará de mecanização de lavouras cafeeiras.
“A ideia é celebrar as origens do Iapar, que nasceu para romper a monocultura do café, nos anos 1970, mas, sem ficar no saudosismo, abordar os desafios e a contribuição que podemos dar para a cafeicultura do futuro”, aponta o diretor de inovação e transferência de tecnologias, Tadeu Felismino.
Completam o programa o lançamento da cultivar IPR 106, pelo pesquisador Gustavo Hiroshi Sera, e uma discussão sobre qualidade de bebida, conduzida pela pesquisadora Patrícia Santoro.
A cultivar de café IPR 106 se destaca pela resistência aos principais nematoides – pequenos vermes que se alojam nas raízes das plantas – Meloidogyne paranaensis e Meloidogyne incognita, responsáveis por inviabilizar a cafeicultura em diversas regiões produtoras do Brasil. O novo material vem se somar às mais de 200 cultivares desenvolvidas nas últimas décadas pelos especialistas em melhoramento genético vegetal da instituição.
O período da tarde está reservado para o “II Seminário Paranaense de Agroinovação”, das 14 às 18 horas. O pesquisador Antônio Álvaro de Oliveira, ligado ao Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), de São Paulo, inaugura o encontro com uma conferência sobre tendências para as organizações brasileiras de ciência, tecnologia e inovação. Em seguida, haverá a apresentação da Política de Inovação do Iapar e, na sequência, o lançamento do catálogo de produtos, serviços e parcerias tecnológicas da instituição. “O foco deste evento é a maior abertura do Iapar para interações com a sociedade e o setor privado, a partir das novas legislações federais e estaduais de inovação”, aponta Felismino.
Ainda como parte das comemorações, das 16h às 18 horas serão realizadas simultaneamente uma “Rodada de Oportunidades Tecnológicas” e a reunião do Conselho de Administração do Iapar.
O Conselho de Administração do Iapar congrega as principais entidades do segmento agropecuário paranaense, como a Federação da Agricultura (Faep), Federação das Indústrias (Fiep), Federação dos Trabalhadores na Agricultura (Fetaep), Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Associação de Produtores de Sementes (Apasem), Sociedade Rural do Paraná (SRP), Secretarias de Estado da Agricultura (Seab), Ciência e Tecnologia (Seti) e Planejamento (SEPL), entre outros. A reunião de 29 de junho será a primeira do ano e o principal tema da pauta é a aprovação da Política de Inovação da instituição, além da discussão sobre a conjuntura do Instituto, especialmente a necessidade de reposição de quadros em fase de aposentadoria.
Finalmente, às 19 horas, a solenidade oficial comemorativa terá como destaques a diplomação de alunos do curso de Mestrado em Agricultura Conservacionista, o lançamento da revista IAPAR 45 ANOS e a entrega do troféu “Amigos do IAPAR” a personalidades que tiveram passagens marcantes pelo Instituto.
Interessados em participar dos eventos técnicos devem fazer a inscrição, gratuitamente, no endereço www.iaparaoseudispor.com.br.
SERVIÇO
Eventos comemorativos do 45º aniversário do IAPAR
Data: 29 de junho, quinta-feira
Local: sede da instituição, em Londrina (rodovia Celso Garcia Cid, km 375 – saída para Curitiba)
8h30 – Jornada Tecnológica da Cafeicultura do Futuro
14 h – II Seminário Paranaense de Agroinovação
16 h – Rodada de Oportunidades Tecnológicas
16 h – Reunião do Conselho de Administração do IAPAR
19 h – Solenidade oficial de aniversário
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