As baixas temperaturas acompanhadas de fortes geadas, comum nos últimos dias, têm prejudicado os produtores de hortaliças do município de Pinhão. Com as geadas, as hortaliças estragam, impossibilitando a venda e consequentemente trazendo prejuízos ao produtor e ao consumidor, que sofre com a elevação dos preços das verduras e legumes nos supermercados e feiras.
Para o produtor de hortaliças, Juarez Antunes, o prejuízo na produção está avaliado em mais de dois mil reais. Ele e o pai, Sebastião Antunes (foto), têm uma plantação de hortaliças na localidade de Faxinal dos Taquaras. A família iniciou o cultivo de hortaliças com o objetivo de aumentar a renda. Antes das geadas eram entregues para venda aproximadamente 250 quilos de produtos por semana variando entre alface, repolho, beterraba, cheiro verde, brócolis e couve. Hoje, mesmo depois de ver toda a produção perdida, eles não desanimam e já planejam o replantio de novas mudas. "Eu devo confessar que vacilei de não ter feito estufa para todos os canteiros, mas achei que o frio não seria tão forte. Agora, por uns 60 dias, ficaremos sem fazer entregas, mas não vamos desanimar. Começaremos tudo de novo", garantiu Juarez.
Segundo José Marildo Kluguer, vice-presidente da Cooperativa da Agricultura Familiar de Pinhão (Cooperafatrup) responsável pelo recebimento e venda dos produtos agrícolas de mais de 60 pequenos produtores, o frio está trazendo grandes prejuízos. Com a perda de boa parte da produção, os agricultores têm tido dificuldades para cumprirem os compromissos referentes às entregas semanais de vários produtos.
Consequentemente, a Cooperativa também está tendo dificuldade em cumprir o seu contrato com as escolas municipais e estaduais de Pinhão e Guarapuava. "Ainda não temos um levantamento preciso de quanto foi o prejuízo dos produtores, somente sabemos que muitos foram prejudicados. Nos primeiros dias de geadas, alguns produtores já trouxeram produtos "queimados" que foram descartados, não sabemos ainda como seguirá os próximos dias. O que poderemos fazer é discutir os contratos que temos com as escolas e ver o que podemos fazer para amenizar essa situação até recuperarmos o que foi perdido. O período de férias escolares ajudará nessa fase", disse José Marildo.
O município de Reserva do Iguaçu também está sofrendo com as conseqüências das geadas nas plantações de pastagens que seriam utilizadas para alimentar os rebanhos destinados à produção de leite e gado de corte. Além de prejuízos na produção de hortifrutigranjeira. Segundo a Secretaria de Agricultura, muitos pecuaristas tiveram perda quase que total. "Com as perdas das pastagens, teremos prejuízos a longo prazo, já que essa pastagem seria utilizada para alimentar o gado no resto do inverno", declarou Marcos Teixeira, funcionário da Secretaria.
Os consumidores também estão sentindo os efeitos do inverno nas plantações com o aumento dos preços do produto final nas prateleiras dos supermercados e feiras. Segundo Nereci Terezinha Chaves dos Santos, que administra uma feira, depois das perdas tidas por causa das baixas temperaturas nas últimas semanas, os preços das hortaliças aumentaram até 20% em algumas variedades. "O consumidor está acostumado a fazer sua compra da semana com dez reais, por exemplo, agora já não dá para levar tudo o que levava com o mesmo valor, consequentemente o consumidor está comprando menos. O preço aumentou, mas principalmente a qualidade das verduras diminuiu", contou Nereci.
O consumidor José Padilha da Rosa disse que já estava preparado para gastar mais na feira devido às notícias dos estragos que as geadas fizeram nas plantações. "O preço até que está baixo em vista aos estragos que vimos nas lavouras, por isso já estava prevenido para pagar mais caro. Acredito que gastei uns 20% a mais", comentou.
Leoni Matos disse ter sentido a falta de algumas verduras nas prateleiras. "Senti falta do verde, e as verduras que estão expostas estão murchas. É complicado para nós consumidores, mas não há o que fazer, temos de pagar mais caro, mesmo com pouca qualidade, sem verduras não dá para ficar", disse ela.
Devido ao frio, produção de uva e pêssego deve ser excelente
Enquanto alguns produtores não vêem a hora do verão chegar para recuperar os prejuízos causados pelas geadas nas plantações, outros aproveitam os benefícios que o frio pode trazer, como é o caso da família Guzzi que cultiva cerca de 1.200 pés de parreiras e 320 de pessegueiros para a produção de vinhos e outros derivados e a venda in natura das frutas. O cultivo dessas espécies necessita do frio para garantir uma produção de qualidade.
Segundo Leandro Guzzi, o inverno é o período de dormência dessas espécies, quando a planta está se preparando para a próxima safra. "Nesse período as plantas estão "descansando", guardando sua seiva para a próxima safra e o frio ajuda nisso, pois se esquentar a planta vai querer florescer fora da época e a produção será prejudicada. Assim o frio é bem vindo para nós. Esperamos uma excelente safra", disse ele.
Fonte: Fatos do Iguaçu
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