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Governo zera imposto de importação do trigo

Medida pode atrapalhar produtores paranaenses, que investiram mais na cultura este ano

O triticultor paranaense estava animado com a safra 2013/14 no Estado – que promete ser a maior de todos os tempos – com expectativa de colheita de 3,98 milhões de toneladas a partir de agosto. Porém, mais uma vez, o Ministério da Fazenda veio com uma ducha de água fria e zerou a Tarifa Externa Comum (TEC) para importação de trigo de fora do Mercosul, fomentando a compra do produto vindo dos Estados Unidos. Com a justificativa de frear a inflação, o governo federal liberou a compra de 1 milhão de toneladas do produto com isenção da tarifa de 10%, o que, de acordo com entidades paranaenses ligadas ao agronegócio, aponta uma falta de interesse com o produto nacional.

A produção brasileira deve ficar na casa de 7 milhões de toneladas, sendo que a indústria precisa de algo em torno de 12 milhões de toneladas para suprir sua demanda. Porém, segundo especialistas, o trigo oriundo dos países da América do Sul – como Argentina, Uruguai e Paraguai – é mais do que suficiente para atender as necessidades do País. Mais do que isso: o Rio Grande do Sul possui estoques de trigo da safra passada.

De acordo com a economista da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep) Tânia Moreira, esse movimento do governo federal não é algo comum de acontecer. Ela relembra que no ano passado, devido à quebra de safra, a TEC ficou zerada até o mês de novembro, sendo a última vez que ela havia entrado em vigor. “Nós avaliamos esse movimento do governo como uma falta de interesse junto ao produtor nacional de trigo, que este ano investiu na cultura. Mais uma vez, fica claro que não há uma política efetiva para a commodity”, decreta ela.

Os preços do trigo, de acordo com os números do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab), gira entre R$ 41 e R$ 42 nos últimos meses. Com o início da colheita, é natural que aconteça uma pressão baixista sobre eles. Porém, com a TEC zerada e a chegada do trigo norte-americano, ocorrerá uma pressão ainda maior sobre as cotações e, claro, impactar diretamente na liquidez e na renda do triticultor.

“Nós teríamos uma pressão natural devido à concentração da safra, mas agora a situação é ainda pior. O que todos esperam é a mesma agilidade do governo quando chegar o momento de comercializar esta safra através dos leilões”, complementa a economista da Faep.

Para o técnico do Deral especializado na cultura, Hugo Godinho, a ação do governo “é inoportuna”, pensando nos bons números da safra brasileira e sul-americana deste ano. “A atitude foi tomada no tempo errado. Se fosse para realizar a medida, deveria ser anteriormente, para que o produtor pudesse tomar uma nova decisão de plantio. Nós já temos uma pressão baixista e esse fator irá contribuir ainda mais para retração dos preços”, complementa o técnico da entidade.

Mudar a regra “no meio do jogo”, definitivamente, pode atrapalhar a situação do triticultor quando a safra estiver colhida, completa o especialista. “Muitos produtores plantam apenas para não deixar a área livre e apostam no preço mínimo de comercialização. Porém, outros investiram na cultura e podem acabar tendo prejuízos com essa ação”, avalia Godinho.

Fonte: Folha de Londrina – 25/06/2013

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