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Governo ‘risca do mapa’ projeto de ferrovia Norte-Sul

A polêmica envolvendo os trilhos do Paraná dá um nó na cabeça das autoridades. Até agora, ninguém sabe explicar o que levou o governo federal a, da noite para o dia, descartar a proposta da ferrovia Norte-Sul, que previa a passagem da linha férrea por Maringá, seguindo por Chapecó (SC) até Rio Grande (RS).

O projeto, suprimido pelo governo federal do Plano Nacional de Logística e Transportes (PNLT), era resultado de anos de estudos. Londrina e Apucarana também reivindicavam a ferrovia, definida para a região noroeste por conta da topografia plana. Mas tudo virou fumaça.

Locomotiva da América Latina Logística em passagem por túnel no Novo Centro, em Maringá; PAC das Concessões, apresentado há 2 semanas pelo governo federal, continha duas propostas de ferrovias que passariam pelo Estado de forma a quase contorná-lo

A descoberta veio como desdobramento de outra surpresa, há 2 semanas: durante a apresentação do PNLT, o "PAC das Concessões", no valor de R$ 133 bilhões, o Paraná ficou praticamente de fora. Foram apresentadas duas ferrovias que passariam pelo Estado quase contornando-o.

Para o oeste, o projeto era de uma ferrovia saindo de Maracaju (MS) e passando por Cascavel até Mafra (SC). Ao leste, a previsão era da linha vindo de São Paulo, passando por Ponta Grossa até Mafra.

A primeira reação do governo do Estado, após o lançamento do pacote, foi de protesto. "Além de não estarmos contemplados, o que nos parece é que estamos sendo prejudicados", disse o secretário de Estado de Infraestrutura e Logística, José Richa Filho, no último dia 16. "Para nossa surpresa, veio tudo diferente daquilo que estávamos ajustando há um longo tempo."

Diante das queixas, um novo projeto foi apresentado semana passada, prevendo traçado de Maracaju (MS) a Cascavel, além de um novo ramal entre Paranaguá e São Francisco do Sul (SC).

"Quem fez esse estudo nunca pisou no Paraná ou não sabe o que está fazendo", disse o assessor técnico da presidência da Federação da Agricultura do Estado do Paraná (Faep), Carlos Augusto Albuquerque. Entre as críticas, está a de que a ligação entre Paranaguá e Santa Catarina passa por uma área de preservação.

Durante um encontro entre representantes do governo e do setor produtivo com a ministra-chefe da Casa Civil, Gleisi Hoffmann, semana passada, uma nova surpresa.
AVALIANDO

"Quem fez esse estudo
nunca pisou no Paraná
ou não sabe o que está
fazendo"

Carlos Augusto
Albuquerque
Assessor técnico da
presidência da Faep

O projeto da ferrovia Norte-Sul, que cruzava Maringá e Campo Mourão rumo ao Rio Grande do Sul, havia sido suprimido dos planos do governo. Um documento com o traçado literalmente riscado do mapa pegou os representantes do Estado de surpresa.

"Ficamos estupefatos, ninguém esperava por isso. Em 10 dias, a terceira mudança nas ferrovias", disse o secretário de Representação do Paraná em Brasília, Amauri Escudero Martins. "Nós soubemos dessa supressão durante a reunião no Planalto. Isso não desagradou só o Paraná, como também Santa Catarina e Rio Grande do Sul", contou.

A surpresa é porque a apresentação de um novo projeto de ferrovia não era visto como o fim de outro plano. "Aguardamos uma solução", disse Escudero.

Fábio Linjardi /Rafael Silva

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