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Falta de informação trava crescimento da agricultura de precisão

Técnica adotada no campo pode levar produtores a novos patamares de rentabilidade

Em 1929, um técnico agrícola do estado de Illinois, nos Estados Unidos, começou um trabalho de análise de solo, buscando controlar a acidez e aumentar a produtividade das terras da região. Quase 60 anos depois, em 1988, esse assunto voltou a ser debatido na cidade de Minneapolis, também nos EUA, surgindo então pela primeira vez o termo “agricultura de precisão”. Hoje, quando se trata de produtividade e utilização de maquinários por todo o mundo, a técnica está intrínseca, com suas possibilidades de captura de informações no campo que podem levar os produtores a outros patamares de rentabilidade.

No País, esse mercado ainda não foi mensurado oficialmente, mas é nítido o potencial que ainda tem para ser explorado. O crescimento da adoção da técnica trava, muito pela desinformação dos produtores e até das próprias empresas do segmento que desconhecem como essas tecnologias podem ser aplicadas. Ontem, cerca de 200 produtores, estudantes e profissionais do agronegócio conheceram um pouco mais sobre as tendências do tema em palestra realizada no Centro de Treinamentos Milton Alcover, no Parque de Exposições Ney Braga, em Londrina.

O palestrante e professor da área de mecânica e máquinas agrícolas da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), José Paulo Molin, salientou que a agricultura de precisão ainda é vista no País como uma ferramenta puramente mercadológica, e não de gestão. “Quem consegue utilizar essas ferramentas com eficiência está num patamar diferenciado, inclusive agregando valor à própria terra. Temos alguns cases com produtores desse nível aqui no Paraná”.

Para Molin, o Brasil ainda está no nível mais raso em relação à utilização das tecnologias, aplicando principalmente as técnicas de manejo para aumentar a fertilidade do solo, baseado em amostragens. “Há muitas outras ferramentas, como o Sistema de Navegação Global por Satélite (sendo que uma das marcas comerciais é o GPS), mapeamento de produtividade através de equipamentos como colheitadeiras e o Sistema de Informação Geográfica (SIG), uma central de inteligência, capaz de unir todas as informações captadas, compilá-las para que sejam utilizadas e revertidas em melhorias de produtividade e rentabilidade”, explicou o professor.

Aliás, uma dos principais gargalos para a evolução da agricultura de precisão é a falta de mão de obra especializada em captar e utilizar tais dados gerados. “O produtor ainda tem dificuldades de interpretar esses dados e utilizá-los. É preciso incorporar esse espírito e trabalhar com afinco para atingir os resultados”, complementou.

Produtor de grãos em Londrina, Conrado Araújo, participou da palestra com o intuito de se atualizar. Ele disse que possui um pulverizador e uma adubadeira que conta com recursos da agricultura de precisão, mas ele acredita que ainda há muito o que fazer para que as tecnologias tragam resultados significativos para sua lavoura. “Hoje, consigo realizar a análise de solo e gerar mapas georreferenciais. Ainda não temos acesso a todos os elementos para tornar a tecnologia completa. Falta principalmente sensores para o monitoramento da colheita, que considero importante para o aumento de produtividade. Acho que os produtores devem investir nas tecnologias que surgem, mas com certa prudência”, analisou ele.

Já o produtor de grãos de Bandeirantes, Guilherme Akutazawa, começou recentemente a utilizar uma das tecnologias, um sistema de amostragem de solo. “A principal meta é baixar meus custos. Comecei agora com a implantação do trabalho e pretendo continuar a partir de agora”.

Fonte: Folha de Londrina – 29/09/2014

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