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Falta de armazéns

No amplo programa que promete executar para modernizar a infraestrutura logística do País, o governo parece ter relegado a segundo plano a necessidade de aumentar substancialmente a capacidade de estocagem de grãos. Isso não resolveria a situação caótica que se observa no escoamento da supersafra 2012/2013, mas poderia amenizar o congestionamento de estradas e portos, além de permitir a obtenção de melhores preços pelos produtores agrícolas.

Como assinalam os especialistas, os investimentos em ferrovias, rodovias e portos vão levar alguns anos para começar a surtir efeitos, enquanto a construção de silos e armazéns poderia amenizar sensivelmente os problemas a curto e a médio prazos, a um custo relativamente baixo.

Enquanto se preveem investimentos de R$ 133 bilhões em ferrovias, por exemplo, calcula-se que com R$ 15 bilhões se poderia zerar o déficit de 35 milhões a 40 milhões de toneladas na capacidade de estocagem de grãos. Segundo a Conab, existem hoje em operação no País 176 armazéns públicos e privados, com capacidade para estocar, no máximo, 145 milhões de toneladas de grãos, enquanto devem ser produzidos este ano de 180 milhões a 185 milhões de toneladas de grãos, 14 milhões a mais que na safra anterior.

Sem instalações adequadas para estocagem, alguns produtores levam sacos de grãos colhidos para a beira das estradas, onde são cobertos com lona e empilhados e ficam à espera de caminhões que possam transportá-los aos portos.

Esses veículos se tornam silos ambulantes, sendo grandes as perdas por vazamentos ou furos em sacos ou deterioração pela ação do tempo, o que resulta em preços mais baixos. Quando o produto não está de acordo com os padrões de qualidade exigidos, os compradores, especialmente as tradings, descontam a parte danificada do preço a pagar.

O Ministério da Agricultura e Abastecimento tem sido alertado para esse problema, mas prefere não se pronunciar, embora haja a expectativa de que venha a ser lançado um plano para financiar a construção de armazéns, silos e de equipamentos. "Este é um pleito antigo dos produtores", afirma Cid Sanches, gerente de Planejamento da Associação de Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso. Com mais armazenagem, diz ele, "a produção poderia ficar um tempo maior na mão dos agricultores ou das cooperativas".

Sob esse aspecto, o País está em uma posição muito inferior à de outros produtores e exportadores mundiais de grãos. No Brasil, apenas 15% da safra é armazenada pelo produtor, proporção que sobe para 35% na Argentina, 65% nos EUA e 85% no Canadá.

Isso torna o produtor nacional mais dependente de armazéns públicos. Em média, a capacidade de armazenagem do País é de 80% em condições normais, ficando bem abaixo do nível recomendado pela FAO, de 1,2 vez a produção anual, para poder suportar uma supersafra como a atual e funcionar como instrumento de controle da oferta. Além disso, a capacidade nacional de estocagem está mal distribuída. No Centro-Oeste, de onde se origina a maior parte da produção, a capacidade é, em média, de 67%. É ainda preciso levar em conta que muitos armazéns se localizam em pontos distantes das áreas de produção.

Nessas circunstâncias, o produtor nacional não tem meios para dosar as suas vendas e se vê obrigado a desovar a produção às pressas, o que cria um gargalo no transporte. Considere-se ainda que os portos mais importantes ficam nas Regiões Sudeste e Sul. Tudo isso afeta a produtividade e a competitividade. Não tendo como segurar a safra, a maioria dos produtores não pode vender na ocasião em que as cotações lhe são mais propícias.

Nem tudo depende de investimentos do governo em mais armazéns públicos. Produtores mais capitalizados têm investido em estruturas de armazenagem e equipamentos – um total de R$ 7 bilhões a R$ 8 bilhões nos últimos cinco anos, segundo a Abimaq. Tais investimentos poderiam ser bem maiores com condições de financiamento mais atraentes.

O Estado de S.Paulo

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