A cada três anos, a agricultura do Paraná sofre fortes efeitos climáticos – estiagens prolongadas ou excesso de chuvas -, provocando prejuízos financeiros elevados e colocando em risco a sustentabilidade econômico-financeira do agronegócio. Portanto, os agricultores devem desenvolver uma cultura de investimentos em seguros privados sobre as lavouras para reduzir o risco. Ao mesmo tempo, a política agrícola do governo federal precisa investir mais em recursos destinados no seguro agrícola para que o agronegócio continue contribuindo de forma expressiva para a balança comercial, controle da inflação e garantia de abastecimento alimentar interna, evitando fortes pressões sociais.
O alerta foi feito nesta quinta-feira (17), em Maringá, pelo Secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, Noberto Ortigara, ao falar à imprensa e na abertura de seminário sobre seguro agrícola que faz parte da programação da 40ª Expoingá. Representantes da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), do Banco do Brasil, entidades rurais e de seguradoras expuseram os principais entraves e apontaram alternativas. Ao final, um consenso: se de um lado, os produtores não podem ficar sem a proteção do seguro privado, por outro lado, optar por ele é muito caro. Existe, portanto, necessidade de mais recursos governamentais para o setor.
Alerta
Norberto Ortigara alertou: os produtores rurais paranaenses estão sob ameaça constante de "coices do clima" que deverão ser mais acentuados de agora em diante. As lavouras alternam períodos prolongados sem chuvas com excesso de precipitações em fases inadequadas, o que resulta em baixas produções ou frustrações de safras. "Precisamos de soluções duradouras para tão grande risco que é o de produzir a céu aberto e de uma política de seguros que assegure margem mínima de rentabilidade sobre o dinheiro e o trabalho investidos", disse o Secretário da Agricultura do Paraná.
Além da necessidade do uso racional da água, é preciso que os produtores também invistam em tecnologias modernas de produção que reduzam os efeitos de adversidades climáticas. Não adianta, por exemplo, optar pelo plantio direto "meia-boca" e que, por causa disso, seja incapaz de reter maior umidade no solo. Afinal, o que está em jogo é a conservação do patrimônio familiar que tem como base solos produtivos que sofram menos os efeitos de problemas climáticos. "A base, porém, é a agricultor contar com um seguro agrícola que lhe proteja, mas também que não seja tão caro, tal como na atualidade," ponderou.
Neste contexto, a política agrícola precisa fortalecer os institutos de seguro para que o custo diminua. (O Governo do Paraná vem ampliando as parcerias em seguro agrícola, garantindo 15% da premiação em caso de frustração da produção de trigo. O benefício será estendido às lavouras de milho safrinha e café).
Com uma política securitária que reduza os riscos, Ortigara acredita que será melhor o desemprego do agronegócio, que participa com 77 bilhões de dólares em divisas para o paísl. Para o Secretário da Agricultura e do Abastecimento do Paraná, "ste valor é "fichinha" diante do potencial de produção agrícola do país. O que não pode é o agricultor continuar numa atividade cujo risco – principalmente climático – é cada vez maior, o que torna vulnerável o indispensável equilíbrio financeiro. Porém, é preciso conciliar seguro adequado com boas práticas de produção".
Corrigir distorções
Pedro Loyola, economista da Federação da Agricultura do Paraná (Faep), denunciou – em sua exposição – que o seguro rural "infelizmente" não faz parte, neste momento, da prioridade da política agrícola governamental. Existe a agravante do alto custo. Num financiamento para lavouras de ciclo médio de quatro meses – soja e milho, por exemplo -, o seguro privado consome 6,2 por cento sobre o valor coberto. "É caro demais e, por causa disso, precisa haver subvenção governamental. Em consequência dessa distorção, ano passado somente oito por cento da área plantada no país ficaram cobertas pelo seguro privado.
A Faep e o Governo do Estado vão insistir junto aos ministérios da área econômica para que o governo subvencione entre 40 e 50% das necessidades e não apenas oito por cento, conforme ocorre atualmente. Segundo Loyola, a agricultura da região sul, principalmente a paranaense, é a que mais precisa ser amparada por causa das anomalias climáticas que se tornam cada vez mais intensas e com intervalos menores entre uma e outra. Onde existe risco maior e onde a contribuição é mais expressiva dentro do contexto econômico nacional, é preciso que o governo federal tenha sensibilidade para perceber a gravidade da situação e implante política de efetivo amparo. Para o economista da Faep, esta conscientização também precisa existir nos governos estaduais e municipais por causa da interdependência sócio-econômica.
Fonte: Luiz Carlos Rizzo, de Maringá
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