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FAEP pede novos estudos para o ZARC do trigo

Zoneamento atual está induzindo produtores a plantar em períodos impróprios

Na avaliação da Comissão Técnica de Cereais, Fibras e Oleaginosas da FAEP, o zoneamento agrícola de trigo está induzindo produtores a plantar em períodos impróprios. Diante disso, a FAEP solicitou, via ofício, a realização de novos estudos para melhorar a metodologia da pesquisa que estabelece o Zoneamento Agrícola de Risco Climático (ZARC) do cereal ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

O trigo possui um padrão oficial de classificação mais rigoroso que outras culturas devido aos requisitos de qualidade exigidos pela indústria moageira para a produção das farinhas. Esses aspectos qualitativos estão diretamente relacionados ao manejo a campo e às condições climáticas regionais, além de outros fatores.

A chuva excessiva na colheita, combinada com períodos prolongados de alta umidade relativa do ar, favorece a germinação do grão na espiga, que afeta um dos parâmetros de classificação do trigo, o número de queda. Também há restrições relacionadas à segurança alimentar, que estabelecem limites máximos tolerados de micotoxinas no grão, que pode ter como fator correlacionado a ocorrência de chuvas excessivas ao longo do ciclo da cultura. “O estudo precisa expressar com maior precisão os riscos de geada e de chuva excessiva, visando mitigar os riscos de produção’, afirma o presidente da FAEP, Ágide Meneguette.

O próprio MAPA divulgou, recentemente, um relatório de indenizações pagas pelas Companhias Seguradoras no âmbito do Programa de Subvenção ao Prêmio de Seguro Rural (PSR) entre 2006 e 2015, mostrando a geada como o fenômeno que mais gerou sinistros na cultura, correspondendo a 56% dos valores indenizados no período e as chuvas excessivas com 30%.

O índice de sinistralidade ficou em 86,7% no período avaliado, bem acima dos valores calculados para o conjunto de produtos atendidos pelo PSR (57,5%). No mesmo sentido, 325 municípios, ou 63% dos 514 municípios onde houve contratação de seguro de trigo, foram classificados como de alto risco, ou seja, têm alta frequência e intensidade de problemas climáticos.

Além disso, o Relatório Circunstanciado de 2012 a 2015 do Programa de Garantia da Atividade Agropecuária (Proagro) apresenta resultados preocupantes na cultura do trigo quando compara as receitas versus as despesas por produto, mostrando que a alíquota de equilíbrio do cereal deveria ser de 20,71%, devido principalmente às perdas por chuva excessiva.

O documento foi enviado ao ministro Blairo Borges Maggi, ao Secretário de Política Agrícola, Neri Geller, e ao Diretor do Departamento de Gestão de Riscos da SPA/MAPA, Vitor Augusto Ozaki.

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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