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Exportações americanas salvam soja de forte queda no último pregão na CBOT

Confira a análise da assessora técnica do DTE/FAEP Ana Paula Kowalki em relação ao comportamento das três principais commodities no mercado exterior.

Confira a análise da assessora técnica do DTE/FAEP Ana Paula Kowalski em relação ao comportamento das três principais commodities, soja, milho e trigo, no mercado exterior.

Soja

As cotações da soja na Bolsa de Chicago tiveram pequena queda no acumulado da semana passada, pressionadas pelo fator fundamental de ampla oferta, especialmente diante das boas safras de Brasil e Argentina. Os dados de plantio da safra americana também contribuíram para este cenário de queda nos preços, com avanço de 53% para 67% até o dia 28 de maio e pouco atraso em comparação com a média dos últimos anos, de 68%. A semana teve tempo mais seco nas áreas de plantio e o mesmo deve se repetir nesta próxima, de acordo com o USDA.

Também pesou sobre as cotações a opção de alguns produtores por semear soja em áreas inicialmente reservadas ao milho. O que forçou esta decisão foi o atraso no plantio do cereal provocado pelas chuvas. Como a janela de plantio da soja se estende mais que a do milho, a opção mais segura a partir do final do mês de maio passa a ser a oleaginosa.

O mercado no Brasil segue com pouca liquidez, sem suporte de preços de Chicago e com a taxa de câmbio registrando sua primeira queda após duas semanas seguidas de alta. A queda da taxa de câmbio para R$ 3,255 (-0,3%) decorre do cenário interno positivo para a alta do real esta semana, sem surpresas do cenário político e queda de 1 ponto percentual da taxa Selic para 10,25% ao ano, anunciada pelo Copom na última quarta feira (31).

Também contribuiu para a valorização do real o resultado positivo do PIB divulgado na quinta feira, dia 1º, pelo IBGE. O PIB cresceu 1% no 1° trimestre do ano em comparação com o último trimestre de 2016. A agropecuária foi crucial para este desempenho com alta de 13,4%, enquanto o setor de serviços continuou estável e a indústria cresceu 0,9%. No entanto, comparado com igual período do ano passado, o PIB permanece negativo em -0,4% e no acumulado dos quatro últimos trimestres a queda é de -2,3%. A taxa de investimento do IBGE fixada em 15,6% (queda de 1,2 pontos percentuais em relação ao 1° trimestre de 2016) também é um fator de cautela quanto à recuperação da economia. A taxa de poupança, por outro lado, subiu para 15,7% (contra 13,9% do 1° trimestre de 2016).

O contrato julho/2017 em Chicago fechou cotado a US$ 9,21/bu com queda de 5,25 cents/bu, o equivalente a (-0,6%) em relação a sexta feira, dia 26 de maio. Indicador Cepea FOB Paranaguá com queda de 2% na semana e cotado a R$ 67,37/sc. Importante ressaltar que na última terça feira, dia 30 de maio, a cotação caiu ao pior nível em pouco mais de um ano após os fundos migrarem para posições vendidas.

Milho

O milho encerrou a semana passada praticamente estável, com leve queda de 0,4% em Chicago com a área plantada chegando a 91% em 28 de maio, contra 84% da semana anterior e 93% na média dos últimos anos. O melhor desempenho dentre as três commodities ocorreu devido a três fatores. O primeiro é a expectativa de menor área plantada em relação à previsão inicial. O segundo foi o relatório de condição das lavouras, que classificou 65% da área como boa e excelente quando a média das últimas safras é 72% e a expectativa do mercado era 68%. Em condições medianas estão 28% das lavouras e 7% em condições ruins a muito ruins. E, por fim, o terceiro fator foram as notícias vindas da China de menor disponibilidade de milho no mercado interno e liberação de estoques públicos para regular a oferta, o que indicaria uma maior demanda importadora do país.

O contrato de julho/2017 em Chicago fechou cotado a US$ 3,72/bu com queda de 1,50 cents/bu (-0,4%) na última semana. O preço FOB Porto de Paranaguá caiu para R$ 28,50/sc para entrega em setembro.

Trigo

Logo após o feriado do dia 29 de maio, Chicago fechou com queda de 2% para o primeiro vencimento, não por fatores fundamentalistas (de oferta e demanda) novos, mas por movimentos técnicos de realização de lucros dos investidores após semanas de altas acumuladas nas cotações. Nos dias seguintes predominaram a estabilidade dos preços, com exportações americanas abaixo do esperado na semana de 19 a 25 de maio e perda de licitação de compra do Egito (fatores de queda). Já como fator de alta, tivemos declínio de qualidade das lavouras americanas de trigo de inverno, com 50% em boas ou excelentes condições contra 52% da semana anterior e 63% de 2016. O plantio do trigo de primavera evoluiu bem durante a semana passada para 96%. Porém, as lavouras estão piores em relação ao ano passado com 62% em boas e excelentes condições contra 79% em 2016.

A preocupação com o clima durante a próxima semana e seu reflexo na qualidade permanece, ainda que restrita às áreas do Texas (responsável por 9% do plantio de trigo de inverno dos Estados Unidos) que ainda devem apresentar chuvas acima do normal ao longo da semana.

Na Bolsa de Chicago o contrato de julho/2017 do trigo soft fechou a semana cotado a US$ 4,29/bu com queda de 8,75 cents/bu (-2%).

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP/SENAR-PR na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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