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Expansão da agricultura brasileira desafia agronômos

Profissionais terão atuação cada vez mais abrangente, prevê setor

Mais do que o aumento de área e produtividade, o próximo ciclo de expansão da agricultura brasileira amplia a demanda por mão de obra qualificada no campo. Num momento em que novas tecnologias de produção e manejo criam uma nova onda de transformação nas fazendas, crescem as exigências sobre profissionais como os agrônomos, que passam a se reinventar para garantir uma atuação alinhada as últimas novidades do setor.

Os debates ganham força em um momento de efervescência no setor. Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (Confea) — entidade que regula o setor — mostram que existem mais de 84 mil agrônomos em atividade no Brasil. Deste total, 56 mil ingressaram na atividade desde 2001 — aumento de 200% –, confirmando um ciclo recente de renovação.

O crescimento é superior ao ciclo de expansão da produção nacional. Entre 2001/02 e 2014/15 a área total cultivada com grãos foi 43%, para 57,5 milhões de hectares. Já a produção disparou 113,2%, chegando ao recorde de 206,3 milhões de toneladas, conforme a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). O reflexo também aparece na presença geográfica dos agrônomos já que, juntos, Norte, Nordeste e Centro-Oeste ampliaram em 171% a área plantada no mesmo período. Com isso, a metade de cima do Brasil já concentra um terço de todos os profissionais do país, no lastro das novas fronteiras. “Existem profissionais que graduam no Sul e vão atuar no Norte e Nordeste, por exemplo, onde há um forte crescimento”, aponta o consultor e conselheiro do Confea, Mário Amorim.

Amorim também avalia que a popularização da carreira está ligada a diversificação nos ramos de atuação. “Hoje o agrônomo não trabalha apenas no lado de dentro da fazenda. Da produção até o consumo existem agrônomos em todo o processo, muitas vezes em temas não relacionados a agricultura.” Entre os principais campos de atuação estão a economia, o direito e a engenharia, destaca.

O quadro força o setor a reavaliar sua forma de atuação. “A agronomia foi a primeira atividade vinculada ao Confea que foi regulamentada. Mas desde então o segmento ficou muito dinâmico, e isso exige atenção”, pontua o coordenador da Câmara de Agronomia do Confea, Kleber Santos. Isso inclui o uso de novas tecnologias, como os drones, e métodos, como a agricultura de precisão. “Além disso, é preciso entender as diferentes visões da agricultura, do aspecto social da produção familiar até os fatores que envolvem a produção em escala”, salienta.

A necessidade de renovação é reconhecida por quem atua na linha de frente. “A cada safra surge um novo desafio, uma nova doença, um novo inseto. É preciso estar atualizado. O agrônomo é um profissional que não desliga nunca”, conta o agrônomo Roderik Wouter Van Der Meer, que atua em Carambeí, nos Campos Gerais.

A profissão de engenheiro agrônomo foi regulamentada pelo Decreto 23.196/1933 e pela Lei 5194/1966 que criou o Sistema Confea/CREA.

Formação acadêmica segue em renovação

As novidades que mudam o rumo da agronomia também exigem renovação na formação acadêmica. “Atualmente o agrônomo é um profissional valorizado. Para isso precisa ter uma formação ampla para acompanhar a velocidade das mudanças”, aponta o Norberto Ortigara, secretário da Agricultura do Paraná.

O setor monitora com atenção a área acadêmica, sobretudo em aspectos como a carga horária dos cursos e os temas ensinados aos estudantes. “A formação é uma prioridade, temos que buscar mais qualidade do que quantidade. A qualificação tem que ser holística, eclética, pois a atuação dentro agronomia é assim”, aponta o coordenador da Câmara de Agronomia do Confea, Kleber Santos.

Essa necessidade contempla até mesmo ambientes tradicionais. Completando um século neste ano, o curso de Agronomia da Universidade Federal do Paraná (UFPR) já formou mais de 4,3 mil agrônomos desde a primeira turma formada, em 1915. Neste ano a graduação passou por uma reformulação na grade de ensino, incluindo matérias que trata sobre temas como biotecnologia, georreferenciamento, manejo de alimentos e energia. Além disso, a formação passou a permitir que o estudante faça estágio obrigatório em outras regiões do Brasil ou no exterior, sem prejuízo aos estudos.

 
Fonte: Gazeta do Povo

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