Que tal viajar para o futuro? O instrutor Sergio Krepki, do SENAR-PR, pode lhe ensinar como. Para isso é necessário papel, caneta e uma boa dose de esperança. No longínquo ano de 2010, uma turma de alunos do Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) do Sistema FAEP/SENAR-PR, realizada nos municípios de Rio Azul e Irati, na região Sudeste do Paraná, realizou uma atividade inusitada. Inspirados por Krepki, eles escreveram cartas para serem lidas no futuro, dez anos depois. Os relatos foram lacrados em uma arca, que serviu como “cápsula do tempo”, permanecendo fechada por mais de uma década.
A princípio, a arca deveria ter sido aberta em 2020. Por conta da pandemia do novo coronavírus, a data teve de ser adiada por dois anos. A abertura aconteceu no dia 5 de setembro, em uma cerimônia na Câmara Municipal de Rio Azul, que reuniu lideranças políticas do município, representantes do Sistema FAEP/SENAR-PR, parceiros locais do JAA e, o mais importante, os ex-alunos.
O presidente do Sindicato Rural de Rio Azul, Airton Moretto, destacou a importância do SENAR-PR no desenvolvimento do município. “Estipulamos uma meta de realizar 100 cursos por ano em Rio Azul e temos conseguido bater”, afirmou.
Para a diretora técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR, Débora Grimm, o JAA pode ser a porta de entrada para um verdadeiro universo do conhecimento. “Nós temos mais de 250 títulos de cursos em nosso catálogo. É muito bacana ver que os ex-alunos do programa são mais uma geração no campo”, destacou.
Na cerimônia, o prefeito de Rio Azul, Leandro Jasinski, destacou o papel do SENAR-PR na modernização da agropecuária no município e a importância de preparar as novas gerações para o trabalho no campo. Também participaram do evento a técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR Regiane Hornung; o supervisor da regional do SENAR-PR de Irati, Eduardo Mercado; a analista de produção agrícola da British American Tobacco (BAT), antiga Souza Cruz, Aline Reitzer; e o ex-prefeito de Rio Azul na época em que foi realizada a atividade do JAA, Paulinho Andrade.
Lembranças
Hoje com 28 anos de idade, o ex-aluno do JAA Sebastião de Paula lembrou da carta que escreveu em 2010, sendo que muita coisa prevista no papel se realizou. No seu caso, o relato tratou das expectativas em relação ao futuro do meio ambiente. “Acho que bateu bastante coisa. Na época, eu achava que o planeta estaria melhor, mais bem cuidado, e vejo que hoje está todo mundo empenhado na conservação de solos, de APPs [Áreas de Proteção Permanente]”, avaliou o ex-aluno, hoje funcionário público do setor de obras do município de Rio Azul.
Seu antigo colega de turma, Edevaldo Pelepeka lembrou que 2010 era um ano eleitoral e sua carta tratou das expectativas em relação à política brasileira. “Muita coisa mudou de lá para cá, inclusive as oportunidades de mudar a política, tanto para o que há de bom, quanto para o que há de ruim”, refletiu. Hoje com 31 anos, Pelepeka atua na área agrícola e destaca a importância do programa do SENAR-PR na sua trajetória. “O JAA dá suporte para a pessoa continuar no campo. Hoje planto fumo e soja e uso algumas planilhas que aprendi na época do JAA”, recordou.
Segundo o instrutor do SENAR-PR Sérgio Krepki, responsável pela iniciativa da cápsula do tempo, a ideia surgiu da vontade de reencontrar os alunos anos depois. “Quando falavam ‘2020’ parecia tão longe. Mas eu queria ter um termômetro para saber quem daquela turma ficou no campo, quem foi para outra atividade”, recordou. Estima-se que 70% dos 20 alunos da turma de 2010 ainda permanecem no meio rural.
“Essa turma era especial, muito interessada. Na época não houve desistência. Para os alunos que não puderam comparecer a essa cerimônia, eu vou entregar a carta pessoalmente”, prometeu o orientador agrícola e mobilizador da BAT, Miguel Chubanski, importante parceiro do SENAR-PR na região. Chubanski foi o responsável por localizar parte dos ex-alunos do JAA.
JAA
Lançado em 2005 pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, o Jovem Agricultor Aprendiz surgiu da necessidade de levar treinamentos de aprendizagem profissional aos jovens ligados ao meio rural. Voltado a adolescentes entre 14 e 18 anos, o programa visa fixar esses jovens em suas regiões, dando condições de aprender mais sobre a importância da agricultura e da pecuária, além de despertar o interesse para participar da administração da propriedade familiar, ao mesmo tempo incentivando a continuidade nos estudos, demonstrando que somando conhecimentos poderão ter boas oportunidades no campo.
O programa está estruturado em duas fases. O módulo “Preparando para gestão” possui 144 horas, distribuídas em encontros semanais de quatro horas, e envolve conhecimentos básicos nas áreas de agricultura e pecuária, além de temas transversais necessários em qualquer empreitada profissional, como comunicação, liderança, trabalho em equipe e cidadania. A segunda fase, com 104 horas de duração, engloba módulos específicos para continuidade da formação dos jovens: bovinocultura leiteira, fruticultura, mecanização agrícola, olericultura e piscicultura.
Comentar