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Ex-aluna do SENAR-PR encontra na floricultura uma alternativa de renda

Afastada de serviços pesados por problemas de saúde, Dirce Basso passou a cultivar orquídeas após passar por capacitação

Quando se apresentou às colegas do curso de “Jardinagem”, do SENAR-PR, em fevereiro deste ano, Dirce Basso, de 54 anos, fez uma brincadeira. “Eu devo ser adotada, porque minhas irmãs adoram flores e eu não tenho essa paixão”, disse, na ocasião. Ao longo das aulas, ela se tornou uma aluna proativa e interessada. Foi o que bastou: Dirce se apaixonou definitivamente pelo cultivo de flores, especificamente, de orquídeas. Hoje, ela mantém um pequeno orquidário com mais de 200 exemplares na propriedade rural da família, na comunidade São Luiz, em Capanema, no Sudoeste do Paraná.

“Eu me descobri no curso. Hoje, tenho paixão por todas as flores, não só por orquídeas. Todas têm sua beleza”, declara a floricultura. “Eu gostei tanto que meu marido disse que quando terminasse a colheita da soja, ia fazer um cantinho para eu cultivar minhas orquídeas. O orquidário está com quatro meses e estou muito feliz”, acrescenta.

Para construir o espaço, a família não gastou muito. Comprou apenas o plástico da cobertura da estufa. O restante da estrutura foi montado a partir de matérias-primas que já havia no sítio – principalmente madeira. Com 24 metros quadrados de área, o orquidário chama a atenção pelo capricho e, é claro, pela beleza das espécies cultivadas. Apesar do pouco tempo na atividade, Dirce já começou a comercializar as orquídeas, mas ainda de forma pontual. A ideia é ampliar o espaço e intensificar a comercialização, a ponto de se tornar uma alternativa fixa de renda extra.

Hoje, Dirce cultiva orquídeas de quatro variedades: cattleya, acianthera, canoiplesca e dendobrium. Ela cuida pessoalmente de todas as etapas: adubação, replantes, mudas, além dos cuidados, que começam logo cedo. “Orquídeas são sensíveis. Precisam de cuidados todos os dias, conversar com elas… Mas vale muito a pena”, diz. “Eu não fiz pensando em comercialização, mas algumas pessoas vieram conhecer o orquidário e quiseram comprar. Tem semana que eu vendo cinco ou seis. Tem semana que não vende. Então, vamos desenvolver essa parte devagar”, conta.

Terapia

Mãe de dois filhos – formados em engenharia agronômica –, Dirce mora com o marido em uma propriedade rural de cerca de 40 hectares, em que a família cultiva soja. Ela ajudava o marido na lida, que na época também tinha gado leiteiro. Em 2004, no entanto, Dirce sofreu um raro derrame (AVC) na medula espinhal. Para ajudar nas finanças da casa, ela passou a trabalhar como caixa de um supermercado. Três anos atrás, no entanto, o médico lhe deu um ultimato. “Ele me disse: ‘Se a senhora quiser continuar a viver, tem que parar de trabalhar, de fazer esforço’. Eu parei. Não posso fazer força”, conta.

Mulher ativa, Dirce custava a ficar parada. Por isso, assim que concluiu o curso do SENAR-PR, foi como se um novo horizonte tivesse se aberto diante de si. Como o trabalho com as flores não é pesado, não há contraindicações médicas. Ao mesmo tempo que desenvolve uma atividade produtiva, a floricultora sente como se estivesse passando por uma terapia.

“É um trabalho e uma terapia. Eu me desligo do mundo quando estou lidando com as plantas”, resume. “Esses cursos do SENAR-PR dão um incentivo enorme para as pessoas. Muitas pessoas que estavam aposentadas ou que não podiam trabalhar, depois desses cursos, encontram uma nova vocação, com alternativa de renda. Isso é fantástico”, define.

Há 13 anos prestando serviços ao SENAR-PR, a instrutora Nágila Lavorati Cremasco foi quem abriu o mundo das orquídeas a Dirce. Orgulhosa do desempenho da aluna, ela disse que não são raros casos como este, em que as participantes se apaixonam pela atividade e a transformam em uma nova fonte de renda.

“Como instrutora, eu me sinto realizada. Temos muitos casos assim. É aí que percebemos que nosso trabalho consegue contribuir com que as pessoas possam melhorar sua propriedade e aumentar o seu leque de empreendimento”, ressalta Nágila. “A Dirce foi uma aluna que aproveitou muito, sempre muito interessada”, revelou.

Agora, o orquidário de Dirce já serve de exemplo. Na edição mais recente do curso de “Jardinagem” realizado em Capanema, a instrutora levou a turma para fazer a aula prática no espaço criado pela ex-aluna. “Eles [Dirce e a família] moram em um lugar paradisíaco. E o lugarzinho que ela fez ficou exemplar. É possível fazer algo muito bom, funcional e bonito, sem investir tanto”, observa Nágila.

Realizado em três aulas, com carga-horária total de 24 horas, o curso “Jardinagem” é amplo. Aborda desde as técnicas de preparo e melhoria do solo e identificação de ferramentas adequadas para manutenção de jardins, até a execução de um projeto de implantação prática de um jardim. Para verificar a disponibilidade do curso em seu município, basta consultar o site www.sistemafaep.org.br/cursos.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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