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Estiagem e calor vão afetar produção de café da safra 2016/17

Os cafezais apresentam baixo índice de desenvolvimento para a colheita do próximo ano, reflexo do clima desfavorável

A safra brasileira de café do ciclo 2015/16 nem começou a ser colhida e o setor já volta suas preocupações para a próxima temporada, a 2016/17. A razão é que, pelo segundo ano consecutivo, o clima – quente e seco – castiga as lavouras brasileiras. Segundo o Conselho Nacional do Café (CNC), os cafezais apresentam baixo índice de desenvolvimento para a colheita do próximo ano, reflexo do clima desfavorável.

Conforme a entidade, há relatos de que o número de internódios – gemas de crescimento do caule dos cafeeiros para a formação dos grãos da colheita 2016/17 – está em cinco a seis. Se o desenvolvimento fosse o esperado, seriam entre oito e dez. Normalmente, a previsão é que, ao fim de março, existam 15 internódios num cafeeiro, “mas isso será impossível no atual cenário, o que, certamente, impactará negativamente na safra do ano que vem”, diz o CNC, em relatório semanal.

Ainda é muito cedo para fazer previsões sobre a safra 2016/17, que será colhida a partir de maio do ano que vem, mas o presidente-executivo do CNC, Silas Brasileiro, disse ao Valor que o estoque de passagem será muito “estreito” em 2016, caso se confirme que a próxima safra ficará no mesmo patamar que a 2015/16, estimada preliminarmente entre 40 milhões e 43 milhões de sacas no país.

Mês que vem, o CNC deve divulgar um levantamento sobre a safra deste ano. A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou em seu primeiro levantamento para a safra 2015/16 um volume de 44,11 milhões a 46,61 milhões de sacas, ante 45,3 milhões do ciclo anterior.

Se as chuvas previstas para os próximos dias forem regulares e em bons volumes, a situação das lavouras da safra 2015/16 poderá ser amenizada. Entretanto deverá haver, mesmo assim, quebra na produção, diz José Donizeti Alves, professor do Departamento de Biologia da Universidade Federal de Lavras (Ufla). Ele estima uma safra de café arábica este ano no país cerca de 20% menor – entre 25 milhões e 28 milhões de sacas, ante as 32,3 milhões colhidas em 2014, conforme os dados da Conab.

Um dos motivos para a menor produção na atual safra é que, no ano passado, a seca também afetou, além da formação dos grãos, o crescimento dos ramos do cafeeiro – que ocorre no período de janeiro a março -, explica Alves. “Mesmo se tivéssemos chuvas e temperaturas mais amenas, já teríamos queda [em função do menor crescimento dos ramos] de cerca de 4 a 5 milhões de sacas”.

As chuvas abaixo da média histórica – cerca de 50% menos – no período das floradas (setembro a novembro), principalmente em Minas Gerais e em São Paulo, também afetaram os cafezais, afirma o professor da Ufla. Com o menor volume de chuvas, ocorreram várias pequenas floradas de forma tardia, o que também encurtou o tempo para a frutificação da planta. Assim, não haverá tempo suficiente para que os grãos cresçam mais este ano e fiquem graúdos.

Uma outra razão para a quebra na produção cafeeira são as podas feitas no segundo semestre de 2014. Em decorrência da seca, muitos produtores optaram por podar algumas plantas que iriam produzir pouco. Assim, elas não produzirão este ano, observa Alves. Ele estima que cerca de 15% a 18% das lavouras de arábica em Minas Gerais foram podadas.

Além da seca, o forte calor está deixando as folhas murchas e queimadas. O calor também leva as folhas a caírem dos cafeeiros.

O cafeicultor Marcelo Veneroso, de Santo Antônio de Amparo, no Sul de Minas, estima que sua colheita este ano ficará em torno de 4 mil sacas, ante 5 mil em 2014. Com foco em cafés especiais, ele diz que, com o clima adverso, é difícil calcular quanto da colheita poderá comprometer em vendas futuras. Além disso, ele avalia que, apesar de preços mais altos, o problema é ter custos maiores e volume menor para comercializar.

Fonte: Valor Econômico – 26/01/2015

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