Utilizar corretamente as tecnologias de aplicação de defensivos agrícolas sempre esteve entre as prioridades do Sistema FAEP/SENAR-PR, tanto que o primeiro curso, criado em 1993, aborda esse tema. De lá para cá, a oferta de treinamentos nessa área foi ampliada e modernizada, de modo a acompanhar as evoluções do mercado.
No rastro deste cenário, o Sistema FAEP/SENAR-PR promoveu, no início de novembro, o primeiro treinamento efetivo do curso “Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos – simuladores de pulverização”, para 11 colaboradores da Usina Santa Terezinha, alocados nas cidades de Iguatemi, Terra Rica e Paranacity. O diferencial desta capacitação, recente no catálogo de cursos da entidade, é a utilização de um novo espaço no Centro de Treinamento Agropecuário (CTA) em Ibiporã, guarnecido com equipamentos de última geração. A sala de tecnologia de aplicação é resultado da parceria entre o Sistema FAEP/SENAR-PR e a multinacional alemã Bayer, responsável por aparelhar o espaço.
Dentre os equipamentos utilizados nesse treinamento estão um simulador de agitação de calda, que demonstra a importância da mistura correta no preparo da calda de pulverização. Também há um simulador de limpeza, por meio do qual os participantes conseguem verificar os pontos de obstrução nos quais os resíduos costumam permanecer, algo impossível de se visualizar a olho nu. Outro equipamento é um túnel de vento no qual é possível reproduzir uma situação de aplicação com vento, simulando a deriva do agroquímico. Também há uma mesa de distribuição, que demonstra a importância da altura correta da barra de pulverização.
“Trata-se de uma metodologia nova, na qual o aluno consegue visualizar a tecnologia sendo implantada de forma correta. Dessa forma, conseguimos sensibilizar os produtores e trabalhadores da importância do uso correto dessas tecnologias [de defensivos agrícolas]”, explica Flaviane Medeiros, técnica do Departamento Técnico (Detec) do Sistema FAEP/SENAR-PR. Antes do curso-piloto, um treinamento envolveu os instrutores do SENAR-PR da área de agroquímicos, para que pudessem conhecer o uso dos equipamentos.
Segundo Willian Santos, prestador de serviços da Bayer que ministrou o curso piloto no CTA de Ibiporã, a proposta é repassar informações de como funciona todo processo de pulverização, que muitas vezes passa despercebido pelo aplicador. “O agricultor não tem essa visão que a gente traz no treinamento. Não percebe a importância da agitação da calda, dos tipos de formulação, o que pode e não pode”, explica. “Outro ponto foi a limpeza. Na lavoura, o produtor não consegue enxergar do mesmo jeito que a gente mostra com os equipamentos do curso”, acrescenta.
Na avaliação do profissional, quando falta conhecimento sobre o assunto, a consequência pode vir no bolso. “Entra também a questão do custo. Às vezes, o agricultor tem a recomendação de aplicar uma dose de 100 litros por hectare, mas o equipamento está desregulado e, acaba consumindo 120 litros”, exemplifica.
Ao longo de dois dias, o curso com os colaboradores da Usina Santa Terezinha abordou conceitos teóricos da aplicação de agroquímicos, boas práticas de pulverização, sequência correta de misturas, interpretação do catálogo de pontas dos fabricantes, entre outros temas.
Na opinião do colaborador na área de tratos culturais da sede da empresa em Paranacity André Luis Garcia, o treinamento ajudou a levar para a prática aquilo que se sabia na teoria. “A estrutura é muito bacana. Todo aquele aparato que ilustra o que é dito na teoria, facilita bastante o aprendizado”, afirma o participante, que já está aplicando no dia a dia da sua atividade os conceitos aprendidos em sala de aula.
SENAR-PR entrega microscópios para o IDR-Paraná
O Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-Paraná) ganhou um reforço para realizar o monitoramento de pragas e doenças nas lavouras estaduais. No dia 4 de novembro, o Sistema FAEP/SENAR-PR entregou três microscópios para o órgão paranaense, por meio de termo de cooperação. Esses novos aparelhos permitem substituir os profissionais leituristas, ampliando os coletores, fortalecendo a rede Alerta Ferrugem e disponibilizando informação rápida, precisa e de qualidade para a tomada de decisão do produtor rural.
Com os aparelhos, os técnicos do IDR-Paraná vão poder acelerar o processo de leitura de lâminas de microscópio coletadas semanalmente. Isso permite ampliar os coletores de esporos nas lavouras, municípios e regiões, trabalho que começou em 2021. Com o uso de inteligência artificial, a identificação esporos será mais rápida em comparação ao processo atual, que demanda de uma pessoa capacitada para fazer esta identificação.
“O monitoramento dos esporos da ferrugem-asiática da soja com o uso de coletores de esporos tem possibilitado a racionalização do uso de fungicidas, sem que ocorra a aplicação antecipada ou tardia. Isso permite reduzir em 40% as aplicações de fungicidas sem comprometer a produtividade das lavouras”, destaca Edivan José Possamai, coordenador estadual do Programa Grãos Sustentáveis – Extensão Rural do IDR-Paraná.
“Sabemos do importante trabalho realizado pelo IDR-Paraná. Esses microscópios vão acelerar o trabalho de identificação de doenças, o que contribui diretamente para o resultado dos nossos produtores rurais”, destaca Débora Grimm, diretora técnica do Sistema FAEP/SENAR-PR. A entidade é parceira do IDR-Paraná em diversas ações, principalmente, no Projeto Grãos Sustentáveis.
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