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Entrevista: Exemplo que vem do Chile

O consultor do Centro Pan Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), Alejandro Rivera fala sobre a importância do reconhecimento sanitário internacional

Entre os dias 12 e 16 de agosto, o consultor do Centro Pan Americano de Febre Aftosa (Panaftosa), Alejandro Rivera, esteve no Paraná para acompanhar a operação simulada de contenção de um foco de febre aftosa. A simulação envolveu 160 pessoas dos serviços veterinários oficiais de diversos Estados brasileiros e de países como Bolívia, Paraguai, Uruguai, Argentina e Chile. Na ocasião, Rivera contou como seu país, o Chile, obteve o status de área livre da doença sem vacinação, o mesmo que o Paraná busca atualmente, seus desdobramentos e benefícios.

BI – Como o Chile estruturou o seu serviço de defesa sanitária para obter o status de área livre de febre aftosa sem vacinação?

ARS – O Chile conquistou em 1981. É uma situação muito diferente da qual estamos agora. Foi feito com um programa técnico muito consistente, que inclusive sobreviveu a diferentes governos de diferentes espectros políticos, mas continuou sem problema. Aí, quando a evidência foi de ausência de doença, retiramos a vacina e conseguimos a condição de área livre sem vacinação, que naquele tempo era a única condição que era reconhecida. Depois disso mudamos as orientações para os serviços veterinários para prevenção, reforçamos o trabalho nas fronteiras e melhoramos a vigilância. Ainda houve dois surtos de febre aftosa depois daquela declaração, mas o país foi capaz de eliminá-los e recuperar o status [sanitário].

Hoje quais os principais produtos agropecuários exportados pelo Chile? Foi possível agregar valor por conta do novo status?

Sem dúvida. O novo status foi primeiramente aproveitado pelos produtores de suínos, que viram a vantagem de ficar livres e hoje é a indústria pecuária mais forte do país. Para um país pequeno como o Chile, o setor exporta quase 800 milhões de dólares por ano, consegue chegar aos melhores mercados, como Coreia e Japão. Ainda que o Chile não seja um país pecuarista, também tem exportações de leite, carne e outros produtos. Ele abriu mercados e está aproveitando o melhor deles.

Como se deu a participação do setor privado nas políticas sanitárias adotadas pelo Chile?

O setor privado é muito importante, principalmente no processo de controle e no processo de erradicação. Na fase de controle, ele ajuda por meio da vacinação. Depois, na erradicação, que é mais complexa, porque o pecuarista tem que mudar sua atitude, tirar a vacina e, em caso de detecção da doença, comunicar. Depois disso o pecuarista tem a possibilidade de ascender aos melhores mercados. É um processo virtuoso. Estou certo que na América do Sul, particularmente o Brasil, tem oportunidades enormes para o desenvolvimento da pecuária. E se o setor privado fala a mesma língua do serviço veterinário, as coisas têm tudo para acontecer.

Como o senhor avalia o fato de o Paraná sair na frente dos demais Estados do bloco buscando o status de área livre de febre aftosa sem vacinação? Acho que foi uma boa decisão.

A primeira situação que precisa considerar é se tem risco ou não. E, no Paraná, sem dúvida essa situação já foi resolvida. Não há mais risco, inclusive nas fronteiras, pois o serviço veterinário é muito bem desenvolvido. Neste simulado verificamos que a capacidade de responder a uma emergência que venha a acontecer também é muito boa. Está muito bem preparado. A decisão, sem dúvida, foi correta.

Felippe Aníbal

Jornalista profissional desde 2005, atuando com maior ênfase em reportagem para as mais diversas mídias. Desde 2018, integra a equipe de comunicação do Sistema FAEP, onde contribui com a produção do Boletim Informativo, peças de rádio, vídeo e o produtos para redes sociais, entre outros.

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