Desde 2018, o Sistema FAEP/SENAR-PR vem desenvolvendo uma série de estratégias para a formação de novas lideranças e estreitamento dos elos do sistema associativo. Esse é o fio-condutor do Programa de Sustentabilidade Sindical (PSS), que teve como etapa prática inicial o Encontro Regional de Líderes Rurais, uma sequência de nove eventos realizados em diversas regiões do Estado em maio deste ano. Durante os encontros, o curso “Liderança Rural” foi apresentado e, posteriormente, começou a ser disponibilizado aos produtores rurais, com a proposta de desenvolver habilidades de liderança para a formação de protagonistas do campo.
Essa capacitação é o ponto de partida para a nova ação do PSS, a capacitação intitulada “Agro Pro – Produtor Protagonista” tem o objetivo de mobilizar os participantes para enfrentamento de desafios coletivos e orientá-los sobre o sistema de representatividade rural e sua importância para o setor. Quatro turmas-piloto já foram realizadas em outubro, em Nova Londrina e Campo Mourão, na região Noroeste, em Castro, nos Campos Gerais, e em Terra Roxa, no Oeste. No total, serão realizados seis encontros neste formato até o fim deste ano. A partir de 2020, estará disponível nos sindicatos rurais.
Nestes encontros, além do conhecimento, tecnologia e oportunidades de negócio, o produtor poderá conhecer métodos para se articular com o setor por meio de uma instituição forte e consolidada para representá-lo politicamente na defesa de seus interesses.
Segundo o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, esses encontros se consolidam como mais uma ação do Programa de Sustentabilidade Sindical para formação de novas lideranças rurais. “O produtor rural precisa compreender a importância que possui para que o setor continue se desenvolvendo com vigor, em prol das necessidades comuns a todos os braços da cadeia. O fortalecimento do sistema sindical é a base e, por isso, precisamos de pessoas qualificadas, que olhem para o futuro, com iniciativa e capacidade de inovar”, ressalta Meneguette.
“Os produtores já vêm de uma formação pelo curso de ‘Liderança Rural’, em que puderam desenvolver o autoconhecimento e identificar oportunidades a partir da realidade de seus sindicatos rurais. O próximo passo é se aprofundar no exercício de liderança e trabalhar conceitos como representatividade, poder, articulação, mobilização e força política”, destaca o coordenador do Departamento Sindical da FAEP, João Lázaro Pires.
Dinâmica
O encontro “Agro Pro – Produtor Protagonista”, que reúne participantes egressos do curso de “Liderança Rural”, tem duração total de quatro horas, divididas em três etapas de acordo com diferentes temas. A primeira parte traz como método de ensino a gamificação, que consiste no uso de mecânicas e dinâmicas de jogos para o engajamento e aprendizagem. No jogo, os participantes são inseridos no contexto do setor rural, que permite analisar as problemáticas do produtor para buscar soluções e atender demandas.
Na segunda etapa, sob o tema “Interação”, por meio da metodologia dinâmica do Word Café é realizada uma dinâmica de grupos, quando esses apresentam questões relacionadas ao sistema sindical para o debate entre os participantes, tais como importância, atuação, fortalecimento e sustentabilidade.
No último momento, é apresentado o plano de sustentabilidade do sindicato rural local. Nesta etapa, a diretoria e/ou colaboradores abordam as atividades realizadas, tiram dúvidas e, dessa forma, abrem caminho para o envolvimento de novos atores na entidade. Os participantes também são convidados a, posteriormente, colaborar com o plano, sugerindo melhorias e ajustes.
Exercício de liderança
O pecuarista Oscar da Silva participou da turma-piloto de Nova Londrina, quando identificou a possibilidade de ser mais ativo dentro do setor. “A gente vê a importância de os produtores estarem juntos e fazerem parte, mesmo. Não adianta ter um sindicato sem gente. O que nos representa precisa ter força. É um trabalho que precisa de organização, de gente unida”, aponta Silva, associado do sindicato rural local.
A atividade prática, em formato de jogo, chamou a atenção do produtor. “A atividade mostra que não adianta chegar na ponta sozinho. Nós temos que nos ajudar e caminhar juntos”, observa. Silva também destaca o último momento do encontro, em que os representantes do sindicato conversam com a turma. “Tem que ter essa aproximação para sugerir mudanças e, assim, aumentar o número de associados no sindicato”, complementa.
A produtora Elizabeth Rolim, da turma de Castro, também incentiva o envolvimento dos produtores no setor rural. “Os produtores têm que se unir. Não adianta querer soluções e não ter iniciativa. E, o braço para isso é o sindicato”, afirma. Na avaliação de Elizabeth, o evento trouxe mais conhecimentos técnicos sobre questões pertinentes aos produtores e esclareceu dúvidas.
“Eu era muito leiga sobre o sindicato rural. Agora eu vejo a importância. Conheci o papel do sindicato, como funciona como ferramenta para representação política. A gente tem que participar de forma mais consciente”, conta Elizabeth.
Gamificação como estratégia de mobilização
Desenvolvido por uma empresa de São Paulo, a I9Ação, o jogo utilizado durante os encontros busca o engajamento de pessoas. O fundador da I9Ação, Fernando Seacero, salienta que, ao utilizar um jogo como metodologia, há maior estímulo do sistema sensorial humano para a imersão no processo e construção de memórias a longo prazo.
Segundo Seacero, o objetivo do jogo do “Agro Pro – Produtor Protagonista” é engajar os participantes no funcionamento dos elos do sistema sindical por meio dos elementos abordados durante a dinâmica. “Nós criamos uma plataforma capaz de fazer com que as pessoas não apenas entendam, mas se encantem com o processo do sistema sindical e as possibilidades que pode oferecer”, afirma.
Durante o jogo, os participantes precisam atuar de modo cooperativo e trabalhar em conjunto para resolver os problemas que aparecem, evitando que as regiões do tabuleiro, divididas de acordo com as atividades agropecuárias, fiquem em estado de alerta. A cada rodada, surgem novos desafios e as equipes precisam se organizar para atender às demandas com soluções por meio de atividades interativas. Os temas abordados são: conquistas, representatividade, bandeiras defendidas, sustentabilidade financeira, estrutura do sistema sindical, economia, serviços prestados e outros.
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