O 3º Encontro Regional de Líderes Rurais – Cultivando Conexões, promovido pelo Sistema FAEP/SENAR-PR, está chegando à reta final. O penúltimo evento, realizado nesta quarta-feira (5), em Carambeí, nos Campos Gerais, mais uma vez, se destacou pela presença feminina – dos 180 participantes, 56% eram mulheres. O encontro, que já passou pelas regiões Norte, Sudoeste, Oeste, Noroeste e Centro-Sul do Paraná, tem a proposta de fortalecer a representatividade do sistema sindical e incentivar a formação de novos líderes no campo. O encerramento da série acontece na quinta-feira (6), em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC).
Na abertura, o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette, relembrou as conquistas que o sistema sindical garantiu ao setor produtivo nos últimos anos. O dirigente citou a mobilização contrária a taxação do agronegócio para criar um fundo logístico, que uniu sindicatos rurais e agropecuaristas sob coordenação da FAEP, resultando na retirada do caráter de urgência do Projeto de Lei. Outros feitos celebrados foram a liberação do plantio de transgênicos, a mobilização para aprovação do Código Florestal, o fomento às energias renováveis no Paraná e a obtenção do status de área livre de febre aftosa sem vacinação.
“Liderança não se compra, se conquista. Esses eventos são para que possamos continuar o trabalho de representação. No Paraná temos sindicatos rurais que cuidam da abrangência do município, a FAEP representa o Estado e, na esfera federal, temos a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil[CNA]. Nós só conseguimos tudo isso com a participação efetiva dos produtores rurais”, afirmou Meneguette.
O diretor do Sindicato Rural de Carambeí Johannes Artur Van Der Meer também recordou de situações em que os produtores da região precisaram se mobilizar, como a questão da Escarpa Devoniana e a regulação do Parque Nacional dos Campos Gerais e da Floresta Nacional de Irati, frisando a importância da união da classe rural.
“Além do trabalho árduo de sol a sol, nós lutamos diariamente contra normas, regulamentações e decretos dos governos que, muitas vezes, podem nos prejudicar. Também lutamos contra barreiras impostas de países importadores dos nossos produtos. Em função de tudo isso, precisamos ter uma classe unida, com sindicatos fortes e a FAEP ainda mais forte, para que tenhamos representatividade para defender nossos interesses”, apontou.
Os líderes rurais, ainda, aproveitaram para colocar mais um item em pauta: a importância de cobrar agilidade do governo estadual para análise do Cadastro Ambiental Rural (CAR). No Plano Safra 2023/24 existe a possibilidade de redução em 0,5% na taxa de juros de custeio para produtores que já estejam com a inscrição no CAR analisada.
“Nós fizemos a nossa parte, mas o Estado não fez. Isso mostra que, se ficarmos de braços cruzados, as coisas não acontecem”, sentenciou Meneguette. “Muitos produtores investiram em melhorias na questão ambiental em suas propriedades, seja com as placas fotovoltaicas, biodigestores. Sem a análise do CAR, vamos ser prejudicados pela incompetência do governo estadual”, disse Van Der Meer.
O presidente do Núcleo dos Sindicatos Rurais dos Campos Gerais, Gustavo Ribas Netto, salientou a importância dos encontros para que os produtores possam “afiar o discurso”, conhecer pessoas e, assim, obter conhecimento. “Fica claro nesses encontros que precisamos ser cada vez mais ativos para atingir nossos objetivos. Temos a FAEP e os sindicatos rurais, que são a nossa porta de entrada, nossa linha de frente na mobilização. Precisamos reforçar essas entidades porque elas não existem sem as pessoas”, elencou.
O deputado estadual Moacyr Fadel destacou a construção do diálogo entre as classes política e produtiva como ação fundamental para alcançar resultados efetivos. “Não são apenas números que resolvem os problemas do agro, mas a participação dos produtores e das entidades”, destacou.
Mulheres
Durante o encontro, a coordenadora da Comissão Estadual de Mulheres da FAEP (CEMF) e vice-presidente da FAEP, Lisiane Czech, detalhou aos participantes as conexões para que a CEMF chegasse as 61 comissões locais espalhadas pelo Paraná, com mobilização de mais de 2 mil mulheres. A líder rural também celebrou o público feminino que vem mostrando protagonismo nos eventos.
“A comissão foi criada com o intuito de trazer a mulher para dentro do sistema sindical, capacitá-las e prepará-las para termos força perante nossos governantes. Estamos nesse caminho, para estar acima da curva, assim como a FAEP está. Afinal, ‘O Paraná precisa de nós’”, conclamou.
Nos nove primeiros eventos, 58% entre os mais de 2 mil participantes eram mulheres, comprovando a mobilização feminina no Paraná.
Programação
O 3º Encontro Regional de Líderes Rurais – Cultivando Conexões promoveu a troca de experiências entre os participantes e a reflexão sobre os papéis individuais e coletivos para o fortalecimento da agropecuária paranaense. A programação do evento contou com três blocos, trazendo temas como representatividade, capacitação e liderança. Em diversos momentos, os participantes foram envolvidos em dinâmicas com o objetivo de aprofundar o conhecimento sobre o sistema representativo e despertar o espírito de liderança rural.
O consultor do Sistema FAEP/SENAR-PR Claudinei Alves promoveu uma atividade para debater um problema real do setor: a tentativa do governo do Paraná de taxar o agronegócio. Nesta dinâmica, os participantes deveriam debater a legalidade da medida e como encontrar a melhor solução para o conflito por meio da representatividade. A intenção é demonstrar como o sistema sindical se comporta como braço político da classe produtiva.
“O poder emana do povo. Então, se esse poder é nosso, nós também temos o direito de nos manifestarmos, de saber se esse poder está sendo usado adequadamente e direcionado aos nossos interesses”, argumentou Alves.
Na sequência, os técnicos do Departamento Técnico (Detec) Alexandre Lobo Blanco e Helen Raksa, do Sistema FAEP/SENAR-PR, conduziram uma atividade para apresentar o papel do SENAR-PR e sua relação com os sindicatos e produtores rurais. Para demonstrar essa atuação de forma lúdica, os participantes tiveram que resolver o desafio de montar um quebra-cabeças. Neste bloco, os técnicos também mostraram aos participantes o aplicativo do Sistema FAEP e como suas funcionalidades podem auxiliar o produtor, principalmente por meio dos cursos do SENAR-PR.
No terceiro bloco, o coordenador do Departamento Técnico e Econômico (DTE), Jefrey Albers, e o gerente do Departamento de Planejamento e Controle, Henrique Salles Gonçalves, falaram sobre a estrutura do sistema sindical, que passa pelos âmbitos municipal, estadual e federal, trazendo detalhes sobre a atuação da FAEP e dos sindicatos para defender os interesses do setor. Neste momento, os participantes participaram de uma atividade em que deveriam sugerir três novas bandeiras para serem priorizadas pelo sistema sindical rural.
Neste último bloco, o presidente do Sindicato Rural de Ortigueira, Marcos Eidam, destacou a forma que compreendeu a atuação do sistema sindical. “Eu cresci com os meus pais participando do sindicato e me vi na obrigação de continuar esse trabalho. Essa vitória sobre a taxação do agro deixou a força do sindicato ainda mais clara”, citou.
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