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Embrapa descobre inseticida natural contra lagarta-do-cartucho

Após três anos de pesquisas, a unidade Meio-Norte, com sede em Teresina, identificou na planta Piper tuberculatum, popularmente chamada de “pimenta-de-macaco”, propriedades que conferem a mesma eficiência de produtos químicos no combate à lagarta

A Embrapa anuncia amanhã a descoberta de um inseticida natural voltado ao combate à lagarta-do-cartuxo, principal praga das lavouras de milho e que compromete até 40% da produção do grão no país.

Após três anos de pesquisas, a unidade Meio-Norte, com sede em Teresina, identificou na planta Piper tuberculatum, popularmente chamada de “pimenta-de-macaco”, propriedades que conferem a  mesma eficiência de produtos químicos no combate à lagarta.

No estudo, concluído este ano pelo pesquisador Paulo Henrique Soares, ficou comprovado que além de repelente, o óleo essencial extraído desta planta funciona também como biocida, matando a lagarta logo nas primeiras aplicações. É uma vantagem sobretudo para o agricultor familiar e produtor orgânico.

“Com uma concentração de 10%, aplicada em campo e em paralelo a aplicações químicas, o óleo essencial conseguiu matar 100% das lagartas”, diz o pesquisador. “Com o uso de um destilador, o óleo de pimenta-de-macaco pode ser produzido na propriedade rural e atender à produção local”.

Os ensaios em campo foram conduzidos na base física da Embrapa Meio-Norte durante um ano. No experimento, os pesquisadores usaram uma área de 2.500 metros quadrados com plantação do milho CMS 47. As plantas foram infestadas artificialmente com as lagartas desenvolvidas em laboratório e, 24 horas depois, receberam as aplicações com o óleo essencial e um tratamento com um inseticida químico recomendado para o controle da lagarta.

A pimenta-de-macaco é uma planta nativa do Nordeste brasileiro, e ocorre com mais frequência em áreas da precipitações altas. Nos testes realizados pela Embrapa ela foi coletada em sub-bosques do Piauí — nascidas espontaneamente debaixo das árvores em virtude da defecação de aves. Por esse motivo, plantios comerciais da planta ainda exigirão estudos complementares, para averiguação do melhor manejo da planta, formas de adubação e irrigação, assim como a identificação de quanto óleo é gerado por hectare plantado.

Mas seu uso por agricultores orgânicos já está apto. Segundo Soares, uma resolução normativa do Ministério da Agricultura permite a esses  produtores que façam  bioinceticidas em suas propriedades.

A descoberta de novos herbicidas naturais é ponto importante para o crescimento da produção orgânica e agroecológica no Brasil. As pesquisas brasileiras têm avançado principalmente em relação às hortaliças. Entre os óleos essenciais mais comuns aqui está o extraído da folha de canela (Cinnamomum zeylanicum), da folha de louro (Laurus nobilis), da folha de goiaba  (Psidium guajava) e de sementes de nim  (Azadirachta indica).

Nos últimos anos, tem crescido também o interesse de grandes empresas de sementes e defensivos agrícolas por esta linha de estudos.

Fonte: Valor Econômico – 04/12/2014

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