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Embrapa cria soja ‘preta’ para ganhar o paladar brasileiro

Se tudo correr como planejado, em cinco anos a Embrapa Soja, a Empresa de Pesquisa de Minas Gerais (Epamig) e a Fundação Triângulo lançarão no mercado uma variedade de soja preta, parecida com o feijão da mesma cor após cozida, mas com uma promessa que pode torná-la ainda mais popular que a estrela da feijoada: a de retardar o envelhecimento.

Assim como outros grãos e frutas de pigmentação escura, o grão conta com a antocianina, substância que combate a ação dos radicais livres no organismo humano.

O produto faz parte de uma pesquisa que já dura dez anos e pertence a um programa de quase três décadas de melhoramento da soja da Embrapa. Desde que chegou ao Brasil, em 1908, junto com os primeiros imigrantes japoneses, a oleaginosa não caiu no agrado do paladar do brasileiro, cujo consumo é tão pequeno que sequer é medido por estatísticas. Os japoneses, pelo contrário, consomem 8 gramas diários do grão.

Por essa razão, a soja preta é vista como a nova tentativa de conquistar o consumidor. "O apelo do produto é semelhante ao de outros alimentos funcionais que são benéficos ao organismo", diz a pesquisadora da Epamig, Ana Cristina Juhász. Segundo ela, os estudos conseguiram atenuar a ação da enzima lipoxigenase, responsável pelo gosto rançoso do grão que tanto afasta o comprador.

Na sua opinião, a vantagem dessa nova soja é a possibilidade de ser cozida junto ao feijão preto, produto mais tradicional no Rio de Janeiro e Sul do país. "Mas ela pode ser feita separadamente", acrescenta.

Seu colega de pesquisa da Embrapa Soja, Vanoli Fronza, afirma que duas variedades cultivadas de forma experimental no Triângulo Mineiro apresentaram rendimento e custo de produção parecidos com o de outras cultivares. "O produtor não vai encontrar diferenças agronômicas", diz. Na reta final, uma variedade será escolhida e avaliada em relação a sua aceitação de mercado. A expectativa é que o preço final, de R$ 4 por quilo, seja igual ao do feijão preto.

Fronza pondera que o produtor precisará se preocupar com a aparência dos grãos. "Os que estiverem fora do padrão de cor e tamanho devem ser descartados". Ele alerta que esses grãos refugados dificilmente serão aceitos pela indústria de óleo, pois sua coloração altera o produto final. "Mas a indústria de ração pode se interessar pelo descarte".

A soja preta incorpora outras opções de oleaginosas no mercado, como a de cor marrom que foi lançada em 2011 e, por enquanto, disponível no Rio de Janeiro e no Triângulo Mineiro. Neste caso, a proposta da pesquisa é parecida – a de suavizar o sabor para aproximar o consumidor do grão que também pode ser preparado com o feijão carioca. "A mistura deles resulta em uma alimentação enriquecida de proteína e cálcio", diz Fronza. Até agora são 500 hectares cultivados com a variedade por meio de parceria com empresas que investiram no desenvolvimento da cultivar, como o Grupo Boa Fé – Ma Shou Tao, em Uberlândia (MG), que atua na área de grãos, pecuária e sementes.

Os pesquisadores Ana Cristina e Fronza reconhecem que a pouca publicidade desses produtos é uma das principais razões para que não deslanchem no mercado, apesar de todo o apelo que carregam como alimentos saudáveis. Para eles, conquistar o público jovem (refeições nas escolas públicas faz parte de uma das estratégias da Embrapa) seria uma forma de quebrar preconceitos e formar um novo consumidor.

Fonte: Valor Econômico – 18/01/2013

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