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Embargo chinês aos EUA pode favorecer o frango brasileiro

ABPA, diz que Brasil tem condições de atender a demanda por todo o frango que era exportado pelos EUA

Anunciado na semana passada, o embargo da China à carne de frango dos Estados Unidos entrou no radar da indústria brasileira como uma oportunidade para ampliar as exportações ao país asiático. Conforme cálculos preliminares da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), o potencial criado com o fechamento do mercado chinês para o frango americano é de cerca de US$ 200 milhões por ano, mas o caminho para atingir essa marca não é tão simples assim.

A decisão do governo da China de proibir as importações de carne de frango dos EUA decorre da detecção de casos do vírus da gripe aviária (H5N1) em patos selvagens nos Estados de Washington, Califórnia e Oregon. Os casos, que ocorreram em dezembro, foram confirmados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) em relatório enviado à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE).

A doença, que pode levar humanos à morte, já havia se tornado uma epidemia na própria China. Apenas neste mês de janeiro, o vírus já matou duas pessoas em território chinês. Outras cepas da influenza aviária também atingem países como México, Canadá, Japão e União Europeia, entre outros. Maior produtor global de frango, o Brasil nunca registrou casos de gripe aviária, o que dá argumento ao país nas negociações comerciais.

Para o vice-presidente de aves da ABPA, Ricardo Santin, não cabe à indústria nacional “festejar” os problemas dos concorrentes. De todo modo, as contas foram feitas e a entidade já sabe o que o Ministério da Agricultura deve fazer para que os exportadores brasileiros, liderados por BRF e JBS, aproveitem o vácuo deixado pelos americanos no mercado chinês.

De acordo com Santin, o Brasil tem condições de substituir todo o frango que era exportado pelos Estados Unidos à China. Ao todo, os americanos venderam 176 mil toneladas de carne de frango aos chineses no acumulado de 2014 até novembro e receberam cerca de US$ 225 milhões por esse volume. “Não vamos festejar, mas estamos aptos. Queremos a substituição perfeita”, afirma Santin, referindo-se à possibilidade de ocupar todo espaço que pertencia aos Estados Unidos.

Na prática, porém, a indústria depende das negociações entre os governos brasileiro e chinês. A questão é que as 29 plantas brasileiras que hoje estão habilitadas para vender à China não têm mais capacidade disponível para vender pés de frango, produto que estava no topo da lista de compra dos chineses até o embargo americano. No ano passado (até novembro), os chineses importaram 67 mil toneladas do produto dos EUA, gastando US$ 87 milhões, de acordo com dados compilados pela ABPA.

À frente dos EUA, o Brasil já é o maior fornecedor de carne de frango da China e, em 2014, vendeu 227 mil toneladas, e obteve uma receita de US$ 518,79 milhões, de acordo com a ABPA. Com isso, os chineses já se tornaram sexto principal mercado em volume exportado e o quarto maior em receita para o Brasil.

“Se não houver mais habilitações, já vendemos tudo o que se produz de pé”, afirma Santin. Ele ressalva, no entanto, que nos outros produtos comprados pelos chineses – coxa, peito e asa, basicamente -, as plantas já habilitadas têm capacidade para ampliar as vendas. De acordo com os dados compilados pela ABPA, os frigoríficos americanos venderam 17 mil toneladas de coxa congelada, 32 mil toneladas de asa e 2 mil toneladas de fígado para a China no acumulado de do ano passado até novembro.

Sobre a possibilidade de novas liberações pelos chineses, Santin diz que há oito unidades prontas, mas que só poderão exportar quando forem publicadas na lista das plantas habilitadas. “A expectativa é que fosse feito [a publicação] logo neste começo de ano”, observa, citando a visita feita aos chineses no fim de 2014 pelo então ministro da Agricultura, Neri Geller.

Agora com Kátia Abreu no comando da ministério da Agricultura, o vice-presidente da ABPA confia que as negociações com a China vão prosseguir. Nessas negociações, afirma ele, devem estar incluídas – além das oito unidades que estão na última etapa para a efetiva liberação – outros 23 estabelecimentos exportadores de carne de frango. A habilitação dessas unidades, porém, está em fase anterior, à espera de uma missão sanitária da China.
Fonte: 23/01/2015 – Valor Econômico

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