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Em Paris, uma reunião vital para a OMC

Mais de 20 ministros de Comércio de países com maior peso no fluxo global se reunirão em Paris, esta semana, em meio à expectativa de que deem nova orientação para seus negociadores em Genebra tentarem preparar um acordo, mesmo simbólico, para a conferência da Organização Mundial do Comércio (OMC) em Bali (Indonésia) no fim do ano.

Vários ministros que estarão em Paris querem ter encontros bilaterais com o diretor-eleito para a OMC, Roberto Azevêdo, jogando as esperanças nele como facilitador de um acordo em dezembro para evitar que a entidade caia mais na irrelevância. Mas na fase atual de negociações, de forte importância política, a possibilidade de um pacote antecipado de liberalização, mesmo modesto, parece pequena. Na semana passada, os EUA advertiram que uma proposta para países desenvolvidos cortarem imediatamente 50% dos subsídios às exportações agrícolas, apresentada pelo G-20 liderado pelo Brasil, reduz as chances de um acordo em Bali.

Países industrializados consideraram que essa redução não é aceitável sem um acordo mais amplo em todo o setor agrícola. Os EUA se mostraram "desapontados e perplexos" e consideram que as chances de acordo em Bali se "tornaram piores" com a proposta. Curiosamente, os subsídios diretos à exportação de produtos industriais foram eliminados há mais de 40 anos, mas a resistência a fazer o mesmo em agricultura continua sendo enorme.

A reação americana mostra a dimensão das divergências entre os 159 países membros para tentar revigorar a combalida Rodada Doha de abertura agrícola, industrial e de serviços. Também a negociação de um acordo para facilitação de comércio se arrasta. Várias delegações dizem que houve progressos na semana passada, com a eliminação de 58 dos 650 colchetes que significavam divergências, mas admitem que está difícil ter um esboço de acordo antes das férias de verão, em agosto.

Países em desenvolvimento insistiram que um problema é que progressos na parte sobre tratamento especial e diferenciado continuam atrasados na discussão. Com relação à proposta do G-33 (inclui Indonésia, China, India e outros grandes importadores de alimentos) para a flexibilidade no uso de subsídios para fazer estoques visando segurança alimentar, o sentimento é que não haverá consenso nem mesmo antes de os negociadores partirem para Bali em dezembro, o que amplia o risco de um novo fiasco na OMC.

O pacote simbólico de Bali é afetado pelo mesmo fenômeno: o negociador de um lado tem medo que uma concessão seja embolsada de graça pelo outro lado, e no fim do dia ninguém se move.

Em entrevista ao Valor, o professor Jagdish Bhagwati, da Universidade de Columbia, foi incisivo: "O máximo que pode sair de Bali, se Azevêdo for bem sucedido, é um acordo light descafeinado. Cada país poderá então cantar vitória e voltar para a OMC para discutir novos temas do comércio mundial. Mas sempre sem dizer que enterraram Doha".

Valor Online

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