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Em campo, 202 milhões de toneladas

Temporada começa com falta de chuvas no Paraná e em Mato Grosso, mas produtores estão prontos para, se necessário, fazer o replantio

O destempero climático deste início de plantio expõe os riscos, mas não altera o potencial das safras de soja e milho de verão, que levam o Brasil a uma safra de 202 milhões de toneladas de grãos (3,6 % além do recorde de 2014/15). A oleaginosa promete 94,55 milhões de t e o cereal outros 32,35 milhões de t. Principais apostas, as duas culturas devem compor 63% da safra nacional de grãos de 2014/15, aponta a primeira estimativa da Expedição Safra Gazeta do Povo, que iniciou roteiro de 60 mil quilômetros na última semana. As lavouras de arroz, trigo, feijão, algodão e outros produtos fecham a conta com mais de 75 milhões de toneladas.

Produtores, técnicos, lideranças e analistas avaliam que a região à espera de chuva (Norte do Paraná e Centro-Oeste do país) pode ter de replantar algumas áreas – com elevação de custos numa safra de margens menores – mas não há sinal de recuo das apostas. O setor mantém o plano de expansão, puxado pela oleaginosa, mesmo diante de uma colheita gigante de 106,8 milhões de toneladas nos Estados Unidos.

A necessidade de replantio ou a suspensão forçada da semeadura durante esta segunda quinzena de outubro ampliam a necessidade de o setor produtivo buscar eficiência e competitividade. Os produtores descrevem a safra com mais confiança no clima – diante de previsões meteorológicas que confirmam a chegada de chuvas substanciais a partir do final desta semana – do que no mercado.

Capital mobilizado

Mais capitalizado e em condições de adiar vendas, o produtor não está folgado, afirma o agricultor José Luiz Kolarovic, de Rolândia (Norte do Paraná). “O fôlego que a renda da soja trouxe nos últimos anos foi investido em máquinas, que vamos pagar em dez anos.” As próprias contas impõem a necessidade de avanço em produtividade. Ele dedica 100% dos 410 hectares à soja e assume a meta de ultrapassar os 3,47 mil quilos por hectare da safra passada.

“O risco climático é concreto e cria forte expectativa por chuva nas regiões que iniciaram o plantio. A meteorologia vai definir esse quadro”, afirma o consultor da FCStone Leandro Souza, que acompanhou a Expedição na última semana. A região do Paraná que espera chuva registrou quebra no ano passado e tem amplas condições de colher volume maior de soja, considera o economista do Departamento de Economia Rural (Deral) Marcelo Garrido, que também participa da sondagem inicial.

A previsão de que o país vai atingir 94,55 milhões de toneladas de soja considera que a expansão do plantio (3,8%) acontece com força mesmo em estados sem área livre como o Paraná (3,2%). No Centro-Sul e no Sudoeste paranaenses, onde o milho ainda tem mais espaço a perder, a oleaginosa cresce 6%, elevando a área estadual a 5,15 milhões de hectares, estima a Expedição Safra. O cereal cai 14,5% em relação ao verão passado, para 590 mil hectares.

A disposição dos produtores para replantio de soja surge da própria falta de alternativa. Mesmo que perca o prazo para plantar milho na sequência, a oleaginosa mantém distância como opção mais rentável. Tende a ganhar espaço inclusive nas áreas de feijão que também pedem água no Centro-Sul do Paraná. Essas áreas terão de mostrar reação para não serem substituídas, aponta o agrônomo Josnei Silva Pinto, do Deral.

Fonte: Gazeta do Povo – 21/10/2014

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