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Em busca da competitividade

Com produtividade baixa, custo de produção alto e clima desfavorável, triticultor brasileiro luta para manter a atividade

O produtor de trigo é um guerreiro nato. Sua luta começa já na compra dos insumos, inflacionados pelo dólar. Quando chove muito, luta contra a giberela; quando faz calor, o inimigo é o brusone. Depois de colher a produção a batalha fica mais complicada, pois deve competir com o trigo importado de países mais competitivos. Luta armado apenas com o espírito trabalhador, pois o governo federal não apresenta políticas sólidas de apoio ao setor. Talvez se não fosse pela necessidade técnica de promover a rotação de culturas, o trigo já teria desaparecido das paisagens paranaenses. Produzir trigo no Brasil é como tentar produzir bananas na Ucrânia, uma atividade trabalhosa e arriscada.

Segundo o engenheiro agrônomo Hugo Godinho, especialista em trigo do Departamento de Economia Rural (Deral) da secretaria estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab), para se manter na atividade, o produtor deve colher acima de 2,8 toneladas por hectare. “Ocorre que nem todas as regiões do Estado conseguem essa média”, observa. “O produtor nunca espera que o trigo sustente o custo da propriedade. Ele ganha com a lavoura de verão, que cobre o seu custo operacional”, explica.

O cereal começa a ser semeado agora no Paraná e segue até julho, de acordo com o zoneamento agroclimático de cada região.  A estimativa do Deral é que neste ano o trigo ocupe 1.198.205 hectares, área 11% menor do que a destinada ao cereal em 2015. Naquele ano a produção no Estado foi de 3.270.538 toneladas. Para este ano a estimativa é de 3.600.164, uma salto da ordem de 10%. Com isso, o rendimento por hectare passa de 2.445 quilos, na safra passada, para 3.005 quilos nesta safra, uma alta estimada em 23%.

A redução da área plantada de trigo também é influenciada por questões climáticas. Como o El Niño atrasou a colheita da safra verão, muitos produtores têm que optar se plantarão o milho segunda safra ou se vão direto para a cultura de inverno. Como o milho está extremamente valorizado no mercado, muita gente deixará o trigo de lado para apostar nessa cultura.

“O milho é muito mais fácil de produzir e tem menos riscos”, avalia o presidente do Sindicato Rural de Araruna, Estefano Bartchechen. Neste ano ele decidiu reduzir para menos da metade a área destinada ao cereal. Em 2015 ele cultivou 240 hectares de trigo, neste ano serão apenas 108 ha. Sua decisão é influenciada pelo resultado ruim da última safra, que resultou em uma média de 45 sacas por hectare. No ano anterior sua produtividade havia sido de 59 sacas por ha. “Choveu muito, aí não produziu”, avalia.

Plantando trigo há 42 anos, Estefano afirma que “leva sorte” com a cultura, por isso continua apostando nela. “Nos últimos anos está dando para pagar as contas e sobra um pouquinho”, afirma. A produção do ano passado ele ainda não vendeu, esperando o preço melhorar. Para este ano, seu custo se reduziu bastante, pois está utilizando sementes salvas. “Aí anima um pouco mais, senão fica inviável”, pondera. De acordo com o Deral, as sementes respondem por 6,53% da composição do custo total da cultura. Fertilizantes e agroquímicos são os que pesam mais, 20,8% e 14,44%, respectivamente. Para a safra deste ano, Estefano afirma que vai gastar R$ 80 mil nestes produtos. “É o que pesa mais, mas tem que fazer, sem adubação boa não produz bem”, avalia.

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