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Momento instável coloca suinocultura na encruzilhada

Após recuperação da crise do início da década, atividade enfrenta cenário com alto custo de produção e baixa remuneração pelo animal terminado

O produtor envolvido com a suinocultura está acostumado a viver o efeito “montanha russa”. A curva da atividade intercala períodos de baixas, com crises acentuadas, e altas, com aparente recuperação do quadro. Mesmo assim, nos últimos cinco anos, houve crescimento nacional do rebanho, da produção, do abate, do consumo interno e da importação.

Depois dos percalços do início da década, quando os embargos russo e argentino elevaram a oferta do produto no Brasil, deixando o mercado interno sobrecarregado, a suinocultura retomou a uma aparente estabilidade. Desde fevereiro, porém, um cenário de custos altos e baixa remuneração tem tirado o sorriso dos produtores. Segundo dados da Embrapa, o preço por suíno vivo cresceu 7% no início de 2016 em relação ao mesmo período de 2012. O custo de produção, no entanto, aumentou 16,5% no mesmo período, considerando os valores deflacionados praticados no Estado (veja na página 12 o levantamento dos custos de produção da suinocultura, elaborado pelo corpo técnico da FAEP).

“A suinocultura está passando por grandes desafios. No momento, estamos atravessando uma crise muito grande. É a pior relação de troca de quilo de suíno vivo versus quilo de milho dos últimos anos”, sentencia Nordon Rodrigo Steptjuk, médico- -veterinário da FAEP. Em maio de 2016, conforme informações da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), foram 4,14 quilos de milho, utilizado na alimentação dos animais, por quilo de suino vivo. É a mais baixa relação de troca dos últimos cinco anos.

“O momento é trágico, com uma situação complicada. Temos consciência que, em alguns meses, os produtores estão pagando para produzir”, diz o presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Jacir José Dariva.

O produtor Reny Gerardi de Lima, com propriedades em Pato Branco, na região Sudoeste do Estado, onde realiza terminação, e Mariópolis, também no Sudoeste, onde tem matrizes, conhece bem os desafios da atividade. Envolvido com a suinocultura há 37 anos, Lima não aconselha o ingresso no ramo. E, para os que já estão, a sugestão é a profissionalização para reduzir ao má- ximo os riscos. “Pior impossível. O mercado internacional não é firme. A Rússia entra comprando depois sai. O mercado interno não tem consumo por causa dos 11 milhões de desempregados. A atividade está em risco”, lamenta Lima.

Apesar da grave crise nos últimos meses, a suinocultura tem a esperança de dias melhores daqui para a frente. Historicamente, os preços praticados no segundo semestre costumam ser maiores que os do primeiro. Os motivos são o inverno e as festas de final de ano, que colocam a atividade num ciclo positivo. Campanhas de estímulo também tentam alavancar o consumo da proteína. “Mas isso não é uma certeza. O preço da carne precisa subir bastante, pois a tendência é que as cotações dos grãos também aumentem”, pondera Dariva, lembrando que o Dia do Suinocultor é comemorado no dia 24 de julho.

Leia a matéria completa sobre o momento da suinocultura no Paraná e os custos de produção da atividade no Boletim Informativo da FAEP.

Carlos Filho

Jornalista do Sistema FAEP/SENAR-PR. Desde 2010 trabalha na cobertura do setor agropecuário (do Paraná, Brasil e mundial). Atualmente integra a equipe de Comunicação do Sistema FAEP na produção da revista Boletim Informativo, programas de rádio, vídeos, atualização das redes sociais e demais demandas do setor.

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