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Cresce capacidade para processar óleo vegetal no País

Mesmo fechando o ano com saldo positivo, especialista da Abiove explica que essa alta é pequena diante da grande safra de soja colhida no ano passado

A capacidade instalada de processamento da indústria de óleo vegetal brasileira em 2014 registrou um ligeiro aumento de 1,4% em relação a 2013, segundo um recente levantamento realizado pela Associação Brasileira de Óleos Vegetais (Abiove). No ano passado, a capacidade de processamento das indústrias foi de 180.384 toneladas por dia, contra uma média de 177.980 toneladas/dia referente ao ano anterior. Do potencial total de processamento, 167.784 toneladas/dia referem-se à capacidade ativa e 18.600 toneladas/dia foram declaradas como temporariamente paradas.

O Paraná apresentou em 2014 a segunda maior capacidade instalada de processamento do setor com 35.745 toneladas por dia, o que representa 20% do total nacional. O Estado só perdeu para Mato Grosso, cujo potencial contabilizado no ano passado foi de 40.410 toneladas diariamente. Em relação a 2013, o potencial de produção das indústrias paranaenses se manteve estável.

Daniel Furlan Amaral, gerente de economia da Abiove, afirma que, mesmo com resultado positivo, o crescimento ficou abaixo em relação ao potencial de produção de matéria-prima. Ele explica que a produção de soja, oleaginosa que responde por 90% da matéria-prima na produção de óleos vegetais, chegou a 86,3 milhões de toneladas, contra 81,6 milhões de toneladas produzidas em 2013.

O gerente da Abiove explica que, com essa elevação na produção da oleaginosa, a capacidade de processamento poderia ter sido bem melhor. Isso só não aconteceu, afirma ele, porque as indústrias brasileiras de produção de óleo vegetal estão desestimuladas. Amaral aponta que a alta carga tributária que incide sobre o setor retira a sua competitividade. Os altos impostos, completa ele, prejudica principalmente as exportações.

“No exterior há uma infraestrutura bem melhor do que a nossa. Além do mais, a carga tributária em outros grandes países produtores é menor se comparada à do Brasil. Por isso, a nossa capacidade instalada não cresce muito. Aliás, temos um alto índice de ociosidade de nossas indústrias”, salienta o gerente. O Programa de Integração Social (PIS), a Contribuição para Financiamento da Seguridade Social (Confins) e a contribuição ao Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural (Funrural) são os impostos que mais pesam para as indústrias de óleo vegetal. Este último tributo, exemplifica Amaral, tem uma taxa de 2,3% sobre o total da matéria-prima adquirida pela indústria.

Para este ano, o gerente de economia da Abiove estima que a capacidade de processamento das indústrias de óleo vegetal deve aumentar devido ao incremento de 2% na mistura de biodiesel no diesel mineral, que agora passou a ter 7% de biodiesel em sua composição. Além disso, ele estima que as exportações e o consumo doméstico devem aumentar neste ano.

Efeito cascata
Quanto maior o consumo de soja e seus derivados, melhor será para a indústria. Amaral explica que cada tonelada de soja produz, em média, 780 quilos de farelo e 190 quilos – ou litros – de óleo. Com o gradativo aumento no consumo mundial de farelo, utilizado principalmente na alimentação de bovinos, suínos e aves, melhor será para a indústria de óleo vegetal, que terá uma maior quantidade de produto disponível.

Amaral aponta que a crescente economia na Ásia tem elevado tanto a demanda por farelo, quanto por óleo. Segundo ele, os asiáticos têm mudado um pouco a sua dieta, consumindo mais proteína animal. Isso, garante o especialista da Abiove, tem ampliado o consumo de ambos os produtos.

Matéria-prima
O óleo derivado da soja é o segundo mais produzido no mundo, só perdendo para o de Palma que possui uma concentração de óleo superior se comparado à soja. Cada hectare do grão produz, em média, 570 quilos de óleo, enquanto que em um hectare de Palma são extraídos 4.500 litros de óleo. A produção de Palma se concentra em países localizados próximos à linha do Equador, cujas condições de clima e solo são propícias para o cultivo da oleaginosa. Indonésia e Malásia detém 90% da produção mundial do óleo. Brasil, Colômbia e Equador produzem os 10% restantes.

Fonte: Folha de Londrina

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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