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Crédito pode ser instrumento eficaz para preservação

Crédito pode ser instrumento eficaz para preservação

Uma pastagem recuperada colabora muito com a redução da emissão de gases de efeito-estufa. E isso não exige grandes investimentos ou tecnologia

Foto 026O crédito agrícola no Brasil pode contribuir muito mais para conservação do meio ambiente e redução dos gases de efeito-estufa. A possibilidade, entretanto, ainda dá sinais que se resume a isso: a uma possibilidade. Segundo os resultados do programa federal de financiamento ABC (Agricultura de Baixo Carbono), o acesso a esses recursos ainda é parcial. Levantamento feito pela pesquisadora do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da FGV Susian Martins mostra que o desembolso do programa foi de 20% do total disponibilizado na primeira edição (safra 2010/11), 48% na segunda e de 83% na terceira. Na quarta edição, a da safra 2013/14, os números indicam que o aproveitamento será, novamente, parcial. Até março, o valor emprestado havia sido de R$ 2,2 bilhões, menos da metade dos R$ 4,5 bilhões oferecidos pelo governo federal.

Segundo Susian, 80% dos desembolsos têm sido destinados para a recuperação de pastagens para o gado e para projetos de integração entre lavoura, pecuária e floresta (LPF). O dado deve ser comemorado em razão dos ganhos que um bom manejo proporciona, segundo Susian. “Uma pastagem recuperada colabora muito com a redução da emissão de gases de efeito-estufa. E isso não exige grandes investimentos ou tecnologia”, diz.

Um animal em uma pastagem degradada emite em torno de 32 kg de CO2 equivalente para cada quilo de carne. Além disso, o pasto ruim não gera alimento para muitos bois. Em média, dois hectares de pasto ruim suportam a alimentação de apenas um animal. Em um pasto em boas condições de manejo um animal emite dez vezes menos gás de efeito-estufa. E dois hectares de uma boa pastagem suportam, em média, a engorda de seis a oito cabeças de gado. “Ou seja, um pasto com um bom manejo concentra mais animais, permite a redução do tempo de engorda e de abate”, afirma.

A pesquisadora acredita que o fato de os recursos do programa ainda não serem usados integralmente se deve a diferentes fatores. “A recuperação de um pasto é simples, mas exige capacitação técnica e, especialmente, mudança cultural de quem está no campo. A transição para um sistema LPF também requer uma transição cultural”, afirma. Além do produtor, o agente financeiro que aprova o financiamento também precisa se habituar a uma nova forma de trabalhar. “Ele tem de avaliar e aprovar projetos. É diferente de outras linhas de financiamento [como para a compra de um trator, por exemplo]”, afirma a pesquisadora que participa do Observatório ABC, criado há exatamente um ano para acompanhar o a implementação do ABC. O observatório é coordenado pelo Centro de Estudo de Agronegócios da Fundação Getulio Vargas (GVAgro) e desenvolvido em parceria com a GVces. O plano setorial existe desde 2010 e tem como objetivo discutir a adoção das tecnologias de produção sustentáveis.

O bom aproveitamento de linhas de financiamento que estão disponíveis é também uma maneira de fomentar o pagamento dos serviços ambientais (PSA), na avaliação de Rodrigo Mauro Freire, coordenador de Florestas e Clima do Programa Amazônia da ONG The Nature Conservancy (TNC). Para o biólogo, as iniciativas existentes hoje no Brasil para recompensar os proprietários e produtores rurais que conservam o ambiente e, portanto, prestam os chamados serviços ambientais não são abrangentes, nem têm chances de ganhar escala. Segundo ele, são ações específicas, voluntárias e bilaterais. “Não podemos esperar o surgimento de recursos extras destinados para PSA. No nosso entendimento, é preciso aproveitar programas como o Pronaf Floresta, Pronaf Mulher, Pronaf Eco”, diz Freire, referindo-se a linhas de crédito do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) do governo federal.

Freire pondera que as linhas do Pronaf trazem um ganho efetivo para os serviços ambientais: a sua massificação. “[Usar o Pronaf] é diferente do PSA clássico, porque não há alguém pagando pelo serviço. Mas o resultado é o mesmo.”

Fonte: Valor Online – 12/05/2014

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