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Corte generalizado nas previsões para a produção de soja no Brasil

soja-(13)As adversidades climáticas que afetaram a colheita brasileira sobretudo na região Sul levaram o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) a reduzir suas estimativas para a produção do grão no país e no mundo nesta safra 2013/14 – já definida no Hemisfério Norte e em fase adiantada de colheita abaixo do Equador.

Conforme levantamento divulgado ontem pelo órgão americano, que tem status de ministério, a produção no Brasil deverá ficar em 88,5 milhões de toneladas, ante as 90 milhões previstas em fevereiro. Apesar do ajuste, o volume ainda será 7,9% superior ao de 2012/13 (82 milhões de toneladas, nas contas do USDA) e representará um novo recorde.

Com a correção, o USDA “devolveu” aos EUA a liderança da produção global em 2013/14, já que a estimativa para a colheita americana foi mantida em 89,51 milhões de toneladas, 8,4% superior à apurada em 2012/13. Em terceiro lugar nesse ranking, a Argentina deverá produzir 54 milhões de toneladas, 9,5% mais que no ciclo anterior.

Mas o Brasil, segundo o USDA, tende a encabeçar as exportações mundiais do grão. A projeção do órgão para os embarques do país foi mantida em 45 milhões de toneladas, volume 7,4% superior ao da safra passada, enquanto a estimativa para os embarques americanos subiu para 41,64 milhões de toneladas, alta de 16% na comparação.

Porém, mesmo essa liderança, que deu o tom em 2012/13, está ameaçada. Conforme o Valor apurou, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), uma das referências para as estimativas do USDA, tende a efetuar um ajuste para baixo mais expressivo em sua estimativa para a produção de soja no Brasil.

Até o fim de fevereiro, informações preliminares apontavam para um corte de até 2 milhões de toneladas na projeção da autarquia, para 88 milhões, mas essa redução poderá chegar a 4 milhões de toneladas.

Mesmo com a recente redução das chuvas em Mato Grosso e com o aumento da umidade em áreas secas do Paraná e do Rio Grande do Sul, as consequências parecem ser mais graves, tanto que já há projeções privadas mais pessimistas. Ontem, o banco Pine divulgou que já trabalha com 86,5 milhões de toneladas e a consultoria Céleres baixou em 6% sua estimativa, para 84,9 milhões.

De qualquer forma, o ajuste já efetuado pelo USDA no quadro de oferta brasileiro levou o órgão americano a corrigir para baixo a projeção para a produção mundial de soja em grão em 2013/14. O USDA passou a prever esse volume total em 285,43 milhões de toneladas, ante as 287,69 milhões projetadas em fevereiro. Ainda assim, o aumento em relação ao ciclo 2012/13 chega a 6,7%.

Também por conta da correção brasileira, os estoques finais globais foram redimensionados pelo órgão para 70,64 milhões de toneladas, ante as 73,01 milhões estimadas em fevereiro e as 57,79 milhões de 2011/12. Apesar das incertezas sobre a economia da China, o USDA manteve a previsão para as importações do grão do país em 2013/14 em 69 milhões de toneladas.

Ontem, contudo, especulações de que os chineses teriam cancelado compras de soja brasileira, basicamente devido aos elevados preços atuais, ajudaram a derrubar os preços do grão na bolsa de Chicago.

No quadro de oferta e demanda de milho, o USDA fez uma ligeira elevação nas estimativas para produção e estoques finais globais de milho da temporada 2013/14.

No caso da produção, a projeção passou de 966,63 milhões para 967,52 milhões de toneladas, ante 863,42 milhões em 2012/13, quando a colheita americana sofreu duro baque por causa de uma seca severa. Com isso, a previsão para os estoques ao fim do atual ciclo passou de 157,30 milhões para 158,47 milhões de toneladas, também superior às 134,67 milhões da safra passada.

A perspectiva de que haja um pequeno crescimento da oferta de milho na China e em países da União Europeia contribuiu para que o órgão revisasse para cima a projeção para a produção global.

No tabuleiro do trigo, o USDA não trouxe surpresas. O órgão praticamente manteve sua projeção para os estoques finais globais em 2013/14, mas elevou a estimativa para a produção global.

Fonte: Valor Econômico

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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