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Copel paga “ajuda” por abertura de comportas de usina durante cheia de 2014

Chuvas provocaram estragos nos municípios próximos à Usina de Salto Caxias, que precisou abrir as comportas para dar vazão ao excesso de água acumulado no reservatório

Um ano depois das fortes chuvas que castigaram o Paraná, agricultores atingidos pela abertura das comportas da Usina Hidrelétrica Governador José Richa (Salto Caxias) começam a receber da Copel uma ajuda em dinheiro devido a estragos causados pelo temporal. A companhia diz que não se trata de indenização, mas sim de um “programa de ajuda humanitária” aos produtores já que ela entende não ser a usina responsável pelos estragos.

Nesta quinta-feira (25), representantes da Copel, das famílias atingidas, da Defensoria Pública e do governo do Paraná se reuniram em Cascavel, no Oeste do Paraná, para acertar os detalhes do início do pagamento para os agricultores atingidos. A Copel pagou, ainda em 2014, R$ 2,75 milhões em indenizações para 60 famílias ribeirinhas ao rio Iguaçu e que foram atingidas diretamente pela abertura das comportas, mas outros 310 produtores listados pelas prefeituras alegam que também tiveram problemas.

A companhia de energia informa que, apesar de não ser responsável pelo ocorrido, se dispôs a prestar ajuda humanitária às famílias em situação de vulnerabilidade social pré-cadastradas pela Defesa Civil e pelas prefeituras de Capanema, Capitão Leônidas Marques, Realeza, Nova Prata do Iguaçu, Boa Vista da Aparecida e Santa Lúcia. Das 310 famílias cadastradas, a Copel reconhece que 297 estão em situação de vulnerabilidade, mas se comprometeu estudar o caso das outras 13.

Nesta sexta-feira (26), a Copel inicia um cronograma de pagamento para 107 famílias que comprovaram perdas por meio de documentos. As outras 190 que a companhia reconhece ainda não conseguiram provar que tiveram prejuízos com as chuvas e precisam apresentar documentos que comprovem os estragos. Inicialmente, 28 agricultores de Nova Prata do Iguaçu e um de Santa Lúcia receberão os cheques nesta sexta. Depois será a vez dos moradores de Boa Vista da Aparecida, Realeza, Capitão Leônidas Marques e Capanema. O cronograma de pagamento segue até o dia 23 de julho. Os valores pagos para as famílias são diferentes, mas nesta primeira fase de pagamentos serão investidos R$ 1,3 milhão. A companhia não informa os valores individuais. No total, a Copel diz que o programa de ajuda humanitária vai distribuir R$ 4,6 milhões.

Hamilton Serighelli, secretário especial de Assuntos Fundiários, disse que ainda no ano passado o governo do Paraná se comprometeu em encontrar uma solução. A parte mais difícil, segundo ele, foi a questão jurídica. “Vencemos um impasse jurídico, vencemos o impasse que tinha na questão burocrática e agora fizemos um cronograma para iniciar o pagamento”, observa. Sidinei Martini, representante dos agricultores, aprovou o acordo, mas ressaltou que os produtores vão lutar para que as 13 famílias não reconhecidas também recebam a ajuda.

Os agricultores afirmam que a Copel prometeu o pagamento várias vezes e não cumpriu. Cansados, eles iniciaram a semana realizando protestos em Capitão Leônidas Marques onde chegaram a acampar em frente ao escritório da companhia e bloquearam a rodovia a BR-163. A Copel informou que no dia 16 de junho tentou realizar a primeira etapa de pagamentos, porém foi impedida pelas lideranças que reivindicaram essa nova reunião.

Fonte: Gazeta do Povo

André Amorim

Jornalista desde 2002 com passagem por blog, jornal impresso, revistas, e assessoria política e institucional. Desde 2013 acompanhando de perto o agronegócio paranaense, mais recentemente como host habitual do podcast Boletim no Rádio.

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